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COV09

Covo, excerto 9

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

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INF O meu sobrinho é um moci- é um mocito que tem onze anos.

INQ1 Coitado.

INF Est-, esteve Olhe que está um ano no hospital, no Porto, no Santo António. E agora [vocalização] a doutora, que é a doutora Belisa, mandou-o para a Inglaterra.

INQ1 Rhum-rhum.

INF E ele foi mais a mãe. O pai anda na França; o irmão anda na França ; é a minha irmã é que está . E nós, ajudá-los? Pff, o que é que a gente lhe há-de fazer?

INQ1 Coitadinho!

INQ2 Coitado!

INF E o mocinho, olhe, agora, veio agora, foi na sexta-feira com dois buracos um de cada banda da espinha, nas costas. Tiraram-lhe a medula!

INQ2 Ah!

INQ1 Para análise, não?

INF Não, não. Tiraram-lhe a medula porque ele sofria daquilo. E aquilo é que lhe dava ca- Olhe, largou o cabelinho da cabeça duas vezes!

INQ2 Coitadinho!

INF Ficou tal e qual, que nem

INQ2 Pois.

INQ1 Pois, pois.

INF E agora, [vocalização] tiraram-lhe a medula, porque ela tele- a doutora Belisa telefonou para a Alemanha, não havia, telefonou para a França, não havia, telefonou para a para a América, não havia, telefonou para a Rússia e não e havia, [pausa] para acudir ao mocito! , mas depois, na Inglaterra, telefonou para a Inglaterra, não não havia, mas depois apareceu logo três pessoas a dar-lhe a medula.

INQ1 Ah!

INQ2 Ah!

INF E depois o doutor que é o doutor [pausa] é o doutor da Inglaterra, é o doutor Artaldo Não! É o doutor Artaxerxes! , o doutor Artaxerxes foi, telefonou para a para o Porto, para a doutora Belisa, que tinha três.

INQ2 Ah! Pois.

INF Que mandasse a criança para . E então foram.

INQ2 foram para ? estão?

INQ1 Foram.

INF Foram. Foram e foram e vieram.

INQ1 Ah! E então?

INF Foram e agora Agora tiraram-lhe a medula dele. Agora estão à espera; vai amanhã para o Porto é a minha sobrinha com o mo- com o mocito, para essa Belisa ver que ele está quinze dias sem tratamento , para ver o, o se é preciso tratamento e para ela telefonar para o para a Inglaterra, quando é que vão, [pausa] outra vez.

INQ1 Pois, pois.

INF Sabe quanto é que se gasta na operação?

INQ1 Calculo!

INQ2 Ah, imagino!

INF Trinta e cinco mil contos. Trinta e cinco mil contos!

INQ2 Meu Deus!

INQ1 E a, e a Providência alguma coisa, ou não?

INF Arre porra! Nem me diga isso! [vocalização] Nós

INQ1 Não nada?

INF Então não ?! Então, olhe que ela nem nem a pensão paga! Nem a viagem paga!

INQ1 Que sorte! Mas olhe que às vezes não pagam.

INF Mas Mas o pai pagou

INQ2 Às vezes não pagam.

INF Logo Agora logo de entrada, deram-lhe três mil contos.

INQ1 Agarra aqui.

INF Veja . Deram-lhe três mil contos.

INQ1 Ah! .

INQ2 .

INF Foi, foi. E agora, coitadinhos, estamos a ver.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.

INF Trinta e cinco mil contos que a que a, que a operação

INQ2 E que idade tem o rapazinho?

INF Onze.

INQ2 Onze anos. Coitadinho!

INQ1 Coitado.

INF Ai, mas é muito fino! Olhe que ele andava na escola, e agora, assim doentinho, e vir os outros da escola o meu neto e os outros e ele vai ver o que as professoras dêem e o que elas ensinaram e ele fá-lo.

INQ2 Lhe ensinaram.

INQ1 E ele faz tudo, consegue fazer como se estivesse.

INF Ele faz tudo. E [vocalização] está E está tal e qual. Ele sabe tanto Eu acho que ele sabe mais que os que se andam .

INQ1 Pois.

INQ2 É esperto, o miúdo!

INF É mui- muito fino, aquele miúdo; é muito esperto! É.

INQ2 Pois.

INF Pois é assim. Mas o pai, coitado, anda na França. A mãe, o [vocalização] O irmão também anda! E [vocalização] arranjou-se Nós também lhe emprestámos algum. E pronto!

INQ1 Coitado!

INF É família!

INQ2 É família!


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