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GIA13

Gião, excerto 13

LocalidadeGião (Vila do Conde, Porto)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Cunegundes

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INQ1 Depois de ele ser morto

INF Ele estavam ali à mão a aparar o sangue É, ele estava ali uma criada ou um, quase sempre era uma mulher.

INQ2 E dantes era uma mulher a aparar o sangue?

INF Era, era. Porque depois a gente queria o sangue para para cozer e queria o sangue para as chouriças. O sangue das chouriças tinha de levar vinho com, na vasilha, vinho com alhos, e uma caninha, que era para para Aparava aquele bocadinho que era para coiso, para estar sempre a bater para ele não filhar.

INQ2 Para ele não ta- Para ele não?

INF Para ele não filhar, o sangue. Para ele ficar em líquido. Líquido. E o outro não. A gente, depois o outro deixava correr e ele ficava logo preso, não é?

INQ1 Rhum-rhum.

INF Porque depois era para cozer, esse sangue era para cozer, para se fazer a [vocalização] para se fazer a [vocalização] comida ou o verde, como a gente lhe chamava. Nós chamávamos o verde. Agora é que faz-se o sangue, sangue, não é? Mas a gente chamava-lhe o verde do porco.

INQ2 Ai!

INF Verde, era o verde! "Faz-se o verde".

INQ2 E que era como esse verde?

INF Era depois cozido. A gente depois entalia-o num, num numa [vocalização] panela grande ou num tacho grande. [vocalização] Fervia ali todo partido aos bocados. Ele depois partia-se assim aos quadrados e punha-se na panela. E [vocalização] E depois havia o hábito Isso era nos pr- nos primitivos, que eu era pequena, mais nova, isso é que a gente achava graça! Agora ultimamente a gente não fazia isso, porque era uma crendice. Mas era, era Punham na panela e começavam: "Vem , vem , vem , vem , vem , vem , vem , vem , vem "! Que era como se chamava aos porcos. Sim, os porcos, para chamar por eles, a gente dizia: "Vem , vem , vem , vem "! Era isto o o chamamento dos porcos. E depois elas diziam que se se chamasse por eles o fig-, o o sangue ficava mais abertinho.

INQ2 Engraçado!

INQ1 Na panela.

INF Na panela. E [vocalização], e depois desse, de O sangue depois de estar assim cozido, tirava-se para um, para uma para uma vasilha qualquer, deitava-se muitos loureiros,

INQ1 Rhum-rhum.

INF loureiros, ramas de loureiro. E ele ficava ali assim a escorrer muito escorridinho, depois guardava-se.

INQ1 Pois.

INF E dali fazia-se. Fazia-se papas. Depois deitava-se-lhe aquele sangue, que a gente chamava o verde, e [vocalização] fazia-se também como se faz agora: mesmo o sangue assim de porco com um estrugido e a gente tem aquele sarrabulho, não é?

INQ1 Ah, pois, pois, pois.

INF A gente [vocalização] ainda agora gosta-se muito de fazer isso assim. De fazer, até assim para acompanhar, aquele coisinho assim estrugido, aquele verdezinho. A gente chamava-lhe o verde, agora chama-se sangue, porque é o sangue de porco.

INQ1 Rhum-rhum.

INF E era assim que se fazia.


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