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GIA19

Gião, excerto 19

LocalidadeGião (Vila do Conde, Porto)
AssuntoAs alfaias agrícolas
Informante(s) Cosme Cunegundes

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INF1 Depois dessa [vocalização] dessa função de da vessada, ia-se gradar a terra. Era uma função muito trabalhosa!

INF2 Muito dura!

INF1 Muito dura! Era muito duro aquele serviço! E era muito duro porque era feito, [pausa] com grades de pau com dentes.

INF2 Uns dentes de ferro.

INF1 Ia à frente uma grade com dentes. Eu ainda tenho uma em casa do caseiro. Ainda vi dias uma encostada à porta que lhe dei quando comprei o tractor, ficou para e depois ele também deixou [pausa] e tal, e ele ofereceu-ma a a, a mim.

INF2 E a pessoa ia atrás. E a pessoa ia atrás por cima da terra, a segurar na

INF1 Ia à frente a chamar, nas leivas, à frente a chamar o gado, porque o gado o gado não tinha qualquer limite.

INF2 Iam outros atrás.

INF1 O gado ia para cima da terra, pois era preciso chamar porque senão não ia direito.

INQ Pois.

INF1 É que quando uma rês quando tem um rego habitua-se perfeitamente a andar no rego e não sair. [pausa] Até o ditado que diz: "Boi velho não erra o rego"! Quer dizer, não sai do rego. E chega fora e entra muito bem ao rego. [vocalização] Até, por exemplo, [vocalização] os animais de sachar o milho: nós tivemos aqui uma égua que andava sozinha. Chegava fora e virava no rego seguinte.

INQ Que engraçado!

INF1 E tinha até uma coisa muito curiosa essa égua: é que quando se acabava O problema maior que ela tinha é que quando se acabava, num campo, de sachar Porque ia-se às vezes nesses campos grandes, ia-se quatro, três vezes ou quatro, sachar. Tinha um problema grande: é que quando se acabava o campo, não se dizia nada à burra e ela estava sempre com a ideia para aquele campo e no dia seguinte era era um caso sério, porque ela tinha sempre a ideia de ir para aquele campo.

INQ Ia para aquele.

INF1 E eu, às vezes, era rapazote e é que ia a cavalo nela, porque ela era muito mansa era muito velha ! [pausa] e acontece que ela teimava comigo porque queria ir para o campo aonde tinha andado.

INQ Rhum!

INF1 Nós tínhamos um rio, acolá em baixo que a senhora deve-se lembrar , acolá em baixo no regato, e, às vezes, era também um castigo porque ela quando levava sede, é claro, chegava ali, estendia logo, e coisa, para ir. E eu, às vezes, virava-me e ia cair dentro do rio. Risos Às vezes ia cair dentro do rio. O rio tinha sempre Porque era um rio de terra, era um regato com um bocado de água ancorada e tanto e tal, mas que tinha uma pedra de lavadouro, onde se lavava Lava-, estava Estava quase sempre gente a lavar.

INF2 Era o rio da [nome próprio]. Era o rio. O rio da [nome próprio].

INF1 E eu ficava espetado naquele lodo, tinha de sair e vir para casa mudar de roupa, e tal, que aquilo tinha lodo, e tal.


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