R&D Unit funded by

LUZ12

Vale Chaim de Baixo, excerto 12

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Cirilo Ciro

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.


INQ1 Olhe e uns que assim parecidos com estes, mas vermelhinhos e que se põe na comida para ficar assim a comida?

INF1 Ai Ai, isso é isso é o tal a tal malagueta.

INQ2 É isso mesmo.

INF1 É mesmo malagueta.

INQ2 Fica a comida muito quê?

INF1 Muito queimosa. Ai mãe santíssima! Se eu lhe fosse contar uma parte duma parte que houve uma vez com uma caldeirada sobre essa coisada!

INQ2 Então?

INQ1 Então conte .

INF1 Ai mãe santíssima! Uma vez fui à Venda No-. Fomos à pesca, à barragem à barragem de Santa Clara.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 fomos. [pausa] Dois indivíduos, fui eu aqui mais o meu vizinho, e apanhámos uma grande remessa de achigãs. E depois a gente tinha muito aquele costume: vínhamos pelo um caminho, chegámos aqui à Venda Nova, deixámos ali na volta talvez duns [vocalização] duns três quilos de achigãs, arranjadinhas, de salinho. Fui: "Arranja aqui que é para a gente, daqui a nada, virmos aqui comer, fazer aqui a caldeirada".

INF2 Pois.

INQ2 Desculpe.

INF1 Pegámos nas outras, trouxemos para casa. [pausa] Pegámos nas outras, trouxemos para casa. Pois. Chegámos aqui, estivemos comendo, [pausa] digo: "Bom, vou-me até à Venda Nova, que tenho uma caldeirinha de achigãs que deixei a chocar". A minha patroa disse-me, disse logo A minha patroa disse-me: "Sim, vai, que faz-te bem! Sim. Vai. Vai que isso é bom para ti"! [vocalização] Mas eu, a gente, naquele tempo, quando era novo

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.

INF1 A gente pega na gente, fomos até . Mandámos arranjar a caldeirinha de achigãs, [pausa] estava o Clarêncio e este que trabalha aqui nesta no posto, no coiso, na, no banco no Banco Ultramarino.

INF2 No banco.

INF1 E a esse eu chamo-lhe o Clariano da Venda Nova. [pausa] E estavam por ali mais uns quantos [pausa] amigos, pois. Onde estava o o tio Clarimundo, estava o tio Claudemiro, que era das Murtinheiras e estava o ali o coiso, [pausa] o ali o, o Claudiano o Claudiano do Monte Novo, o Claudianinho

INF2 Era pouco judeu!

INF1 "Ah, vai uma caldeirada de achigãs"! Com aquelas três caldeiradas, com aqueles três quilos de achigãs, vai uma caldeirada!

INF2 Está bom!

INF1 Bom, a tia Conceição foi fazer a caldeirada: "Tio Cirilo" que era eu "Ó tia Conceição". "Há-de provar aqui isto a ver se isto está bom". Digo: "Olhe, por acaso tem um bocadinho de queimo mas poucochinho, pode-lhe pôr mais um bocado". "Sim senhor. Então está bem". Ela para ele não se enganar, truz! , pôs um bocado; o tio Claudino safa-se, [pausa] mete outro, o Clarêncio mete outro.

INF2 Ah pois! Pronto!

INF1 Ai mãe santíssima! Bom, está bem! "Tio Cirilo, prove agora, que eu pus mais um bocadinho, prove a ver se isto agora está bom". Digo: "Ai mãe santíssima! Então o que é que vomecê fez? Porque é que vomecê fez isto? Então vomecê estragou isto tudo, homem! Então isto está tudo queimoso, então quem é que comido isto"? Bom, mas aquilo, a gente não fez assim muito caso com a queima, fui fazendo. Tirámos aquilo ali para cima da mesa, chegámos para ali todos para comer. [pausa] Ó mãe santíssima! Eles então diziam: "Sim senhor. Uma caldeirazinha tão boa mas estragaram isto com o queimo"!

INQ2 Pois.

INF1 E o Clarêncio dizia assim: "Ai! Ai tia Conceição! Está tão boa, tão boa, tão boa, tão boa, mas isto não escapa aqui nada! Bebe-se uma pinguinha atrás da comida que isto vai tudo bem"! Olhe, não lhe conto nada! Foi umas bebedeiras, mas fomos daquelas É daquelas bebedeiras que a malta Era daquelas bebedeiras alegres!

INQ2 Pois.

INF1 Pois. Não, a malta não dava para guerrearem uns com os outros

INF2 Pois, essas é que é boas. Isso é tudo malta alegre.

INQ2 Pois.

INF1 Não se dava para Dava para se divertir, a cantar os seus fados, os seus fadinhos!

INQ1 Ai, que bom!

INF1 A dizer as suas as su- O Claudemiro das Murtinheiras dizia as suas boas quadras .

INF2 Ai isso é uma lenda!

INQ2 Que engraçado!

INF1 Aquilo foi uma noite, uma noite bem passada!

INQ2 Pois.

INF1 Ali às tantas da ma- noite, entrámos para dentro dum casão que havia, com umas mantas, com uma coisa qualquer, olhe, passámos o resto da noite. Risos No outro dia de manhã, levantámos, viemos embora para baixo; depois em baixo, vínhamos frescos!

INQ2 Tudo à custa da malagueta!

INQ1 Da malagueta!

INF1 Eu não tinha visto! Nunca mais comi obra daquela!

INF2

INF1 Uma coisa Uma coisa bastante boa!

INF2

INF1 É verdade.

INF2 Oh , judiaram com aquilo!

INF1 Tinha, tinha, tinha Tinham cachamorros aqueles aqueles moços, quando pensassem que [vocalização] Quando pensassem em pôr qualquer coisinha de assim de judiar com com qualquer comida, de malagueta. Mas no fim, naquele tempo, a gente [vocalização], pronto, éramos novos e nada fazia mal à gente.

INQ2 Claro.

INF1 E aquilo até comi e no fim aquilo esteve tudo certo.

INQ1 Pois.

INQ2 Claro.


Download XMLDownload textWaveform viewSentence view