INQ1 Olhe, e este assim?
INF Esse não conheço eu.
INQ2 Com um rabo comprido?
INQ1 Eu acho…
INF Isso, isso…
INQ1 Olhe, é uns que agora até há muitos, que aparece, a gente, às vezes, vê-os na escada…
INF [vocalização] O saca-rabo. O saca-rabo ou isso. Mas o saca-rabo não tem um rabo assim des- assim tão grosso.
INQ1 É um?… Não?
INF Não.
INQ1 Então veja lá aqui.
INF Isso aqui é que me parece mais um saca-rabo do que o outro.
INQ1 Pois.
INF Porque Porque eles não… [pausa] Têm o rabo muito grosso aqui.
INQ1 Rhã-rhã!
INF É outras qualidades.
INQ2 Pois.
INQ1 Mas é um saca-rabo?
INF Pode ser um saca-rabo; pode ser um, um um ginete.
INQ1 Sim senhor.
INF O ginete também… Há um ginete também…
INQ1 Veja lá este aqui.
INF É isto, pouco mais ou menos, olhe.
INQ1 Olhe, eu acho que o gineto… Agarra dali.
INF É o gineto.
INQ1 Veja lá.
INF Olhe, isto é gine- – isto, que eu já cá criei um. Quer ouvir? Eu tenho uma história muito bem que me passa com um bichinho destes. É disto que está aqui.
INQ1 Isto é que é o ginete?
INQ2 Isto é que é o ginete.
INF Olhe, chama-lhe a gente um…
INQ1 A, D, duzentos e vinte.
INF Pois, chamam-lhe um, um um ginete.
INQ1 Sim.
INF Um gato-bravo. Era o que a gente chamava dantes era um gato-bravo. Pronto! Mudaram o nome…
INQ1 E é a mesma coisa, um gato-bravo ou um gineto é a mesma coisa?
INF Um gineto é a mesma coisa. Eu criei [pausa] um bicho daqueles… Andava a tirar cortiça e foge-me uma, o a gata lá de dentro dum toco. Galgam-lhe por cima, eh, gente, logo, malta nova, mesmo para dar cabo dele com a machada [vocalização], corremos por aqui, por aqui… Até que há um um sujeito, um outro camarada, e manda a machada e mata o bichinho.
INQ1 Pois.
INF Matou o bichinho e depois [pausa] ficámos todos contentes porque tínhamos matado um gato. Começo eu a olhar para a gata e digo eu assim: "Eh pá! A gata esteve a dar, estava a dar de mamar. Então não vês os tetos dela? Não vês aquilo aqui sujo de leite e tudo"? Estava a dar de mamar. Era num chaparro que a gente tinha estado a tirar; fui lá acima e estavam lá dois dentro do toco. Trouxe-os. Trouxe eu um e o feitor da herdade – que foi ali nos Arneiros – levou o outro. O dele na, na morreu, mas o meu criei-o. Criei-o até… Pronto, era um bicho do mais mansinho que eu ainda vi. Olhe, acompanhava-me aí por dentro da vila, atrás de mim, tudo, tudo, tudo aí por fora, sempre… Num Havia aí uma vez num um teatro – estava um teatro além ao pé donde é a Casa do Povo, estava lá – e quiseram-mo comprar; naquela altura já me davam duzentos mil réis por ele, era – e eu ganhava aí sessenta ou setenta mil réis por semana!
INQ1 Rhum-rhum!
INF Mas eles já me davam duzentos ou duzentos e cinquenta e eu não vendi o bichinho. Não vendi. Criei-o até à última. E morreu de velho. Ficou em casa.
INQ1 Que engraçado!
INF Pois então! E depois, de vez em quando… E dava graça isto, hem! [vocalização] – Eu acolhi muitas coisas. – Havia mulheres aí com gatas, iam levar as gatas lá para a minha casa, para o gato as cobrir – era um gato macho –, [pausa] para cobrir as gatas, quinze dias. E ficou aí criação dessa bicheza. É verdade!
INQ1 Mas isso já foi há muitos anos?
INF Os gatos eram muito bonitos, muito bonitos! Umas cores muito bonitas!
INQ1 Pois.
INQ2 É destes?
INF Estas cores… Não é bem estas cores.
INQ1 Não é. É a outra. A outra é que está bem.
INF É isto que está aqui. Isto é que era a cor dele, era esta. Mas, mais que isto.
INQ1 E o focinho era assim também afinadinho?
INF Muito pequenito! Muito pequenitozito!! Eh! Era um gato mais bonito! Um tipo gostava muito daquilo, mesmo coiso.
INQ1 Pois.
INF Pronto, e criou-se.
INQ1 Portanto, gineto ou gato bravo é o mesmo?
INF O gato-bravo é um gineto.
INQ1 Pronto. A, D, um, duzentos e vinte. Olhe, e este assim?
INF O saca-rabo já é outro. Isso é ouriços.