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MIG20

Ponta Garça, excerto 20

LocalidadePonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Ananias Amoedo Amós

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INQ1 Olhe ontem a gente esqueceu-se de perguntar o seu nome.

INF1 Ananias.

INQ1 Ananias?

INF1 Ananias.

INQ1 E a sua idade?

INF1 [vocalização] Sessenta e um.

INQ1 E disse que estava quarenta e quatro anos?

INF1 Quarenta e quatro.

INQ1 Mas nasceu nos Arrifes então?

INF1 Nasci nos Arrifes.

INQ1 Portanto, veio com vinte Dezassete.

INF1 Vinte? Ca Catorze anos estive por ali. Ai, Jesus!

INQ1 E o senhor?

INF2 Aristóbulo.

INQ1 E a sua idade?

INF2 Oitenta anos que eu fiz.

INQ1 E sempre daqui?

INF2 Sim, eu nasci aqui mais acima e criei-me sempre aqui. [vocalização] Sempre aqui trabalhando e [vocalização] e nesta terra. saí daqui para ir para o Canadá, mas foi por de visita. E fui ver isto para e antes [vocalização] para as ilhas: para o Corvo! Nas ilhas! Que eu estive oito dias! Gostei de ver aquilo também por .

INQ1 É bonito?

INF2 É bonito.

INQ2 E o Amós também não está

INQ1 Ah, desculpe, fale Senhor Amós.

INF3 Ah, o meu nome?! Amós, [pausa] de cinquenta e dois anos. Também nasci . Nasci

INQ2 E nunca saiu de ?

INQ1 Andou aqui

INF3 Nunca saí de . Nunca saí.

INQ1 Ontem quando falámos das coisas do vinho, lembra-se? O senhor chamou a isto

INF3 A gente tratam uma selha.

INQ1 Uma selha?

INQ2 Tanto fazem grande como pequena?

INF3 Selha ou a dorna. Sim senhora. Tanto faz grande como pequena. A gente [vocalização] habituaram-se: "Ah! Traz-me aquela selha"! "Traz a selha maior"! "Traz a selha mais pequena"! Olhe, alguns também que tratam dorna.

INQ1 E as uvas vinham dentro disso em cima do carro ou vinham dentro doutra coisa?

INF3 É em cestos.

INQ1 Dentro de cestos?

INF3 Ele é em cestos. É tudo acartado em cestos. Isto servia isto Se a senhora puder

INQ2 Sim senhor.

INQ1 É isso A gente se vai sentar, é para perguntar: é que agora aqui, à entrada, deste lado, duas coisas bem maiores do que estas.

INF3 . [vocalização] a dorna maior. [vocalização] a selha maior. A selha maior, a selha mais pequena e ainda selhas mais pequeninas de que esta, não é?

INF2 E havia um balseiro.

INF3 . Ele selhas

INQ2 Mas

INQ1 Mas antes chamava-se balseiro como o seu irmão diz?

INF3 Balseiro é um Também serve quando é pouca uva.

INF2

INQ1 Não, não. Eu digo estes dois.

INQ2 Também serve quando é pouca?

INF3 Quando pouca uva, a gente deitam numa, por exemplo, desses um balseiro grande, seja uma selha pequena, que fazem o mesmo trabalho, não é?

INQ2 Pois.

INF3 Agora se muita uva para deitar den- dentro, pois a gente temos outros balseiros que tratam os balseiros , maiores!

INQ2 O balseiro que altura é que tem, mais ou menos?

INF3 Ah, é mais ou menos

INQ2 É que nunca vi um balseiro.

INQ1 Ó Gabriela, é chegares ali fora, se quiseres.

INF3 Nunca viu? A senhora se quiser ver tenho ali na minha na minha garagem, um ba-.

INQ2 Tem? Ah, então ainda bem que eu queria tirar uma fotografia.

INF1 Ah, ele tem aqui um balseiro. Está Ai, eu acho que ele no tempo tinha um balseiro

INQ2 Ai, João

INF2

INQ1 Não, foi para isso

INF1 Era mais ou menos.

INQ1 O senhor Aristóbulo explica. É aqui estes dois.

INF2 Isto é uma selha

INQ1 Como aquela que ali está.

INQ2 Ah,

INF2 Como aquela que está ali! Contanto que esta é mais grande que aquela. E aquela outra, a gente trata um balseiro que é onde [pausa] As uvas, a gente esmaga naquelas pequeninas e bota ali dentro para fazer a fermentação aquilo se trata um balseiro.

INQ2 Portanto, o balseiro é muito mais alto e mais estreito que a selha.

INF2 Ah, é mais alto. Mais, mais Mais alto.

INQ1 Diga-me uma coisa: isso era feito de propósito ou aproveitavam do, duma vasilha qualquer que não prestava?

INF2 Não. Isto é, isto é Os [vocalização] mestres é que faziam isto. Isto é [pausa] serrado em aduela a gente trata aduelas

INQ1 Rhum-rhum.

INF2 e os carpinteiros, [pausa] o que tem jeito de se fazer este vasilhame faz. [pausa] Isto arcos para aguentar isto!

INQ1 Sim senhor.

INF2 Em ferro.

INQ1 Rhum-rhum. Portanto era feito de propósito.

INQ2 E isso quantos litros é que leva? Essa selha maior, quantos?

INF2 Ah, essa selha depois de cheia leva Isto é uma selha muito grande. Isto leva [pausa] talvez uns dezassete almudes de vinho.

INQ2 Pois.

INF2 Em vinho! Em uvas leva menos o que é depois depois de ter o vinho.

INQ2 Pois claro. E o E o bacelo?

INF2 Aque- Aquele leva quase vinte ou mais de vinte. É conf- É conforme os tamanhos. até mais grande!

INQ1 Mas o balseiro era para pôr o vinho para ferver?

INF2 Era. Para ferver.

INQ1 Nunca se esmagava dentro?

INF2 Não senhor. Esmagar é nestas selhas.

INQ2 Podemos tirar uma fotografia daquilo?

INF1 Não, Aristóbulo. Esmaga-se na máquina ou esmaga-se.

INF2 E também se esmaga naquela pequenina. Conforme a uva a uva

INQ2 Ah, sim, sim.

INQ1 Não, não. Eu digo no balseiro. O balseiro normalmente era para pôr o vinho

INF2 O balseiro era para botar o vinho ali dentro [pausa]

INQ1 Para ferver.

INF2 para ferver. E depois então esgota-se.

INQ1 E antes de meter para dentro do coiso?

INF2 Está ali um buraco que a gente esgotava para as selhas.

INQ1 Sim, senhor.

INF3 Às vezes vêm aqui parar aqui uns uns homens que percebem melhor disso, dizem que a fermentação do balseiro é muito melhor do que na selha, [pausa] por ser um [vocalização] uma vasilha alta e até a configuração dela: é mais estreita de boca e mais larga no fundo.

INQ2 Ai, é mais estreita de boca do que do fundo?

INF3 É. Um balseiro para ser para ser bom, tem que

INQ2 Mas este aqui não é, pois não?

INF3 É ao É ao contrário.

INF1 Aquele ali não. Põe-se ao contrário, que o balseiro [vocalização] Aquele balseiro é estreito em baixo, no fundo, e largo na boca.

INF3 Aquele, mas E aquele outro ao contrário que está ali? Aquele outro que está ali?

INF2 Aquele não.

INF1 Oh! Aquele é a selha.

INF3 mais um ali que é ao contrário. A fermentação, diferenças na fermentação

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Rhum-rhum.

INF3 quando é mais estreita em cima e mais larga em baixo.

INQ2 Ai , a fermentação é diferente?

INF3 A fermentação é diferente. E na selha também é diferente!

INQ2 Rhum-rhum.

INF3 Qual é a diferença que ? Os profissionados é que Os muito liga- Os muito ligados à [vocalização] a isso é que sabem qual é a diferença que .

INF1 Isto é que era um ralador antigo!

INQ2 Ah, isso

INF1 É que se ralava a uva nisso, assim em cima dessa selha! A gente deitavam isso em cima disso Isso é uma coisa muito antiga que está ainda que não usam isso. [vocalização] E aquilo era: aquele ralozinho que está ali, a gente vazavam o cesto de uva ali dentro e com as mãos, [pausa] tratado com dois homens, um dum lado e outro doutro [vocalização]

INQ2 Com as mãos? com as mãos?

INF1 Com as mãos! com as mãos, sim senhor, é que pisavam a uva e depois a uva caía de- aqui dentro. Quando isso estava cheio, a gente deitava dentro do balseiro. Acabavam de encher o balseiro, se havia mais uvas era para dentro do balseiro, outra vez, da mesma maneira. Era assim que se ralava a uva.

INQ2 Mas portanto, quando ia para o balseiro ia sem os, sem as cascas e sem aquelas coisas, ou não? As cascas também vai?

INF3 Não senhor, aquilo vai tudo Vai tudo misturado. Tudo!

INQ2 Portanto, depois o que ficava aqui dentro do esmagador também ia para dentro do balseiro?

INF3 Tudo ali para dentro! Aquele Aquele grosso, aquele o bago, a casca, [vocalização] as pevides vai tudo fazer a fermentação ali para dentro.

INQ2 Ah, pois!

INF3 E depois era Depois é que vai para o balseiro. Ali faz a fermentação, não é? Ao fim de oito dias [vocalização], a gente esgotam o vinho. Aquilo está tudo puro, em baixo, o vinho sai [pausa] para fora. É o vinho que a gente deitam nas car- nas pipas.

INQ2 Mas tiram como, de ?

INF1 É com um bat-. É um furo!

INQ2 Ai um furo no balseiro!

INF1 É um furo que o balseiro tem [pausa] e a gente esgotam ali por aquele furo, não é, que ele está O vinho sai puro dali! E a gente dali deitam da- [pausa] das pipas, dentro nas pipas. E depois o que fica aqui dentro, que é aquele basto, é que vai para a prensa ou para o lagar, [pausa] a apertar para, para fazer para tirar mais vinho.

INQ2 Para sair o resto.

INF1 Que ainda tira ma- Ainda se tira mais vinho.

INQ2 E esse vinho é diferente do outro, ou não? Esse que é tratado?

INF1 É mais fra- É mais fraco! A gente no tempo misturavam aquilo com o vinho do esgoto, não é? Mas hoje em dia, essas adegas grandes [vocalização] deitam muitos tratos, não é, misturam aquilo tudo. Mas para se fazer vinho em casa é o [vocalização] o que sai do balseiro, deitar à parte! O [vocalização] O da prensa, à parte também!

INQ2 Pois.

INF1 Fica um vinho mais [vocalização]

INQ2 Mais fraco.

INF1 mais fraco. Aquilo é um vinho que [vocalização] foi ali ao aperto. Aquilo é o resto de tudo que está ali. É um vinhinho mais fraco, mais claro, não é? Um vinho mais fraco.

INQ2 Nunca havia o hábito aqui de misturar água nesse nesse ?

INF1 Não senhora, aqui nós é aquilo. Pode Pode haver gente que misture, mas aqui não senhora.

INQ2 Pois. Mas aqui não?

INF1 Aqui a gente não Vinho é vinho, água é água!

INF3 Pode haver O nosso vinho A nossa uva aqui não para misturar água no . É um vinho É muito fraco.

INF1 Pois é, é mais fraco.

INF3 É fraco. [vocalização] Isso aqui não mais do que oito, nove graus. O vinho bom, aqui, é oito, nove graus. Não passa disso.

INQ2 E a qualidade de uva qual é?

INF3 É a uva de cheiro.

INQ2 Uva de cheiro.

INF3 [vocalização] É [vocalização], é porque Não, ilhas que chamam uva-isabel.

INQ2 Rhã-rhã. Pois, pois, pois.

INF3 Ou a cas- Ou a casta americana.

INQ2 A casta americana.

INF3 É. Que até o governo está proibindo. Está proib-

INQ2 Agora?

INF3 Sim. Está proibindo essa casta.

INQ2 Então e o? Mas nos Açores, também?

INF3 nos Açores.


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