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MTV06

Montalvo, excerto 6

LocalidadeMontalvo (Constância, Santarém)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Guilherme Guliver

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INQ1 Conte .

INF1 Um senhor ali de C- que é ali de Alcaravela ele até foi para a América, um engenheiro. Era o senhor engenheiro Haroldo. Eu andava com um rancho de a limpar oliveiras e andávamos a cortar [pausa] oliveiras. E diz ele assim para [vocalização] Ele Ele não me diziam nada. Eu fui sempre muito intrometido e venho por acima. Estava ele Estava o feitor e estava o patrão e estava ele. E depois [vocalização] disse para o meu patrão: "Ó senhor Halpagão, dava-me licença que fizesse aqui uma procura ao senhor engenheiro"? "Ora essa"! É claro, ele chegou-se logo ao de mim. Claro, os engenheiros, é assim. É como as meninas são. [pausa] Exactamente, que é p-, naturalmente, para o que andam a estudar. É para isso. Gostam de saber e gostam A puxar, a puxar. [vocalização] Eu notei. É exactamente. [pausa] É como são as meninas. É. São meio a puxar para isso. De maneira que chego ao dele e depois: "O senhor fazia favor [vocalização] dizia-me aqui uma árvore qualquer" Os homens vinham em baixo, a cortar e a arranjar, e tal. "E dizia-me aqui uma árvore qualquer para eu dizer qual é que era a poda que ela precisa. E depois o senhor via [pausa] se estou a falar bem ou se estou a falar mal, que é para me eu orientar, senão não me sei orientar. [pausa] Para me eu orientar". Ele chega- chegou ao de nós: "Olhe, fazia favor via esta". E eu vou-lhe ensinar uma prosa porque se as senhoras Tenho a certeza que as s- que as meninas que andam a estudar para isso. E é para que amanhã ou outro dia, não venha algum que lhe queira tapar os olhos e vossemecês abrem-nos.

INQ2 Ora bem.

INF Com duas palavras.

INQ2 Ora bem.

INF Vocês depois dizem duas palavras que eu vou a acabar a minha conversa, e depois eles abrem os olhos. E é claro, os o senhor engenheiro chegou ao , naquele tempo ainda era rapazes novos, e tal ele disse: "Olhe, corte por ali; corte por além; corte por além, e tal, acho que fica bem". E depois, é claro, eu disse-lhe E depois digo-lhe eu assim: "O sobreiro" Ou, o sobreiro!? A oliveira tinha duas duas posições. Tinha um arco colocado por baixo com as pernadas, mas tinha uma pernada no meio chama-lhe a gente um plantão assim no meio, que fazia outro ar. Está a perceber? Mas a oliveira estava cansada, estava ruim. Estava cheia de musgos, estava toda cansada e tudo. E digo eu assim para ele Assim, digo eu para ele: " Ah, pois. Está bem. O senhor engenheiro diz muito bem. Mas venha aqui deste lado". Ele voltou-se para o outro lado, e tudo. "Então agora aquela pernada que está acolá"? "Então fica armada em cima e fica armada em baixo". "A oliveira não goza, não se lhe tira madeira. Não renova! Não se tira madeira, ela não não goza". "Pois é". Ele depois no fim: "Pois é. esses problemas. esses problemas que aparecem".

INF2

INF1 Se alguma vez suceder alguma coisa, t tem que se cortar aquele aquele plantão.

INF2 Em baixo e em cima.

INF1 Para fora, tira-se; atrasa-se mais qualquer das outras e ela renovou e limpou. E eu vinha para diante, ele não me disse mais nada, vinha a andar por por o arneiro adiante, e tudo. E era até terra de campo. Era terra terra boa! Que elas melhoravam em em poucos anos. Claro que a gente vai ao de uma árvore mas tem que olhar para o chão e tem que olhar para cima. Tem que ver se o chão tem tem alimento, se tem sustan-, sus- sustento. É claro, se a gente vai cortar, mas se não têm alimento, até propriamente secam. Porque não têm força! Não têm força e com uma data de golpes! Os golpes é [vocalização]: pelo menos para passar o Inverno, dar golpes assim, por exemplo, numa árvore, é o m- é o diabo! E depois o [vocalização] gelo cai de cima em cima, e queima, e areja a a pernada como.

INQ1 Pois.

INF1 Nos sobreiros, eu andei andei, andei na casa de na casa Sommer. Andei na casa Sommer também a governar, até acolá quase ao de Espanha, um sítio chamado a Coutada dos barcos Arcos, por cima de, de de Assumar, nessa nessa direcção.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 em cima. Por causa que coiso e E a gente até trazíamos uma uma calda que se deitava que eu não me recordo agora o nome disto para para tapar os no- os golpes grandes para o gelo não queimar. Bom, viemos embora para baixo. Então vou vou acabar de contar o papel da da oliveira. Mas eu não estava bem, então ele não me disse mais nada, nem coisa nenhuma, nem se estava bem, e eu volto para cima outra vez e digo assim: "Ó senhor engenheiro, eu peço-lhe desculpa, mas tenha paciência, eu não estou bem, eu tenho que dizer o que sinto. Não vou bem, doutor. É porque ninguém tenha na ideia que é um bom agricultor, porque não é"! E as meninas estão estão capazes de estar a parecer mal também?!

INQ2 Não senhora.

INQ1 Não senhora.

INF1 Está-lhe a parecer mal. Não é. "A gente não, ninguém é A gente ninguém é bom agricultor". Di- Diz ele para mim: "Ó senhor Guilherme, não me diga uma coisa dessas, porque eu tenho tirado boas provas, tenho feito bom serviço, e tudo, e tenho ficado sempre bem, e o senhor agora está dizendo que não não nenhum agricultor "?! " Tenha paciência! Não . Não nenhum agricultor". É claro, ele ficou assim modo surpreendido a olhar para mim, começou a olhar assim: "Pois, pois claro" Chega-se ao do meu patrão, vai ele assim: "Ó senhor doutor, tenha paciência. Eu vou aqui falar com o senhor Guilherme". Puxou-me assim à banda, disse ele: "Agora há-de-me aqui explicar e dizer porque é que o senhor disse que não nenhum agricultor. Então a gente paga a nossa prova, a gente tira-se bem, temos o nosso , temos todos então e não e não somos? Não pode ser!" "Tenha paciência! Tenho que lhe dizer. Olhe, o senhor [vocalização] engenheiro, ve- veja uma coisa. Está aqui esta tapada de oliveiras; o senhor, amanhã Eu sou encarregado deste pessoal. Amanhã você: você para tal banda limpar aquelas oliveiras. Mas olhe que elas precisam de ser cortadas. Precisam de ser cortadas. E é claro, eu vou. Mas chego , não vou cortar todas".

INQ2 Pois não.

INF1 É tarde.

INQ2 Não, não. Estava a ver se estava bem.

INF1 Está a apanhar?

INQ2 Se estava a apanhar bem.

INF1 Eu sei. Digo [vocalização] "Esse senhor chega e manda-me cortar. Eu chego , não vou fazer o que o senhor manda. O senhor é o engenheiro, é que mandou, mandou-me cortar as oliveiras mas eu não as vou cortar todas. Porque eu chego ao de uma oliveira e vejo: estás cansada, és cortada, [pausa] para renovares, para te fazeres boa, para depois dar produto outra vez para o para o lavrador. Chego ao daquela, não precisa de ser cortada". Precisa de ser espontada, quer dizer, ficar a meia rama. Quer dizer, tirar aqueles vergueiros que estão dentro que chama-lhe a gente uns ladrões ,

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 aqueles vergueiros, tirar aqueles vergueiros todos que estão dentro e, é claro, armá-la, e procurar aquela rama, principal, a rama em volta, naquelas rebaixadas, naquelas coisas todas e aproveitar aquilo tudo, [pausa] a essa que não é cortada. À outra, que foi cortada dois ou três anos por exemplo, dois anos, que é o que, mais ou menos, se regula,

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 é cortada dentro de dois anos, mas precisa de ser Aqueles arrebentões todos que estão na, na, nas nas primeiras pernadas ou na ou nas segundas, ou nas terci- nas terceiras sim, conforme é [vocalização] é a colocação da árvore tem que tem que ser aquilo desbastado. Quer dizer, tem que se deixar os arrebentos próprios que sejam para para se procurar uma pernada amanhã ou outro dia.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 É assim. Claro, tem que se perguntar e desbastar. Não convém aquele vergueiros dentro. Aquilo é uns ladrões a roubar a oliveira. E tem que se desbastar. Portanto, oliveiras para podar e não podador de oliveiras. Percebem a diferença? oliveiras para podar mas não podador. Elas é que sabem aquilo que precisam e é isso que a gente tem que fazer. Propriamente o lavrador precisa de azeitonas todos os anos. Não é agora este ano e daqui a cinco anos não dão mais.

INQ2 Pois.

INF1 Não! Assim não interessa!


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