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PVC22

Porto de Vacas, excerto 22

LocalidadePorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
AssuntoO lenhador e o forno de carvão
Informante(s) Cátia Carminda

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INQ1 E agora como é que eu vou saber o que é a magoriça? É que eu pensava que a magoriça para a, para os meus lados, a magoriça é o, aquilo que chamam o mato ribeirinho, o mato da ribeira

INF1 Não, nós ao

INQ1 É aquele de flor branca?

INF1 O ribeirinho é a flor branca e aquele não. Tem a f-

INQ1 É a flor cor-de-rosa?

INF1 É a flor verme- assim avermelhada.

INQ1 Avermelhada.

INF1 Avermelhada.

INQ1 Mas qual é a diferença da torga?

INF1 E tem assim, tem assim um pa Tem assim pauzinhos; a torga é a que chamam o mato torgueiro.

INQ1 E é diferente da magoriça?

INF1 Pois, esse, a mag-, é esse diferente.

INQ1 E como é que eu vou saber se é magoriça?

INF1 Mas [pausa] esse é daq-, da, da donde tiram as torgas. às vezes, as, a

INQ1 Pois, pois, pois.

INF1 Torga. A torga que, que é o que é

INQ1 Serve para fazer carvão?

INF1 Que era para fazer carvão. Em primeiro, quando não havia assim tanto gás, vendia-se muito, [vocalização] andavam muito, faziam muito carvão, que era para mor de [vocalização] [vocalização] Ele até vinham de longe os carvoeiros, [vocalização] com com burros, machos, [vocalização] a levar o carvão, que era para para se aquecerem em sítios não é? que não havia Em primeiro não havia gás, não havia tanto tantas coisas para para se aquecerem Aquilo é para se aquecerem.

INF2 O lume com o carvão?

INQ1 Mas aqui não havia ninguém que fizesse carvão?

INF1 Faziam-no.

INQ1 Também ? Pessoas de ?

INF1 também. também. [vocalização] 'Acaria-se' muito mato de torga. .

INQ1 Para fazer carvão mesmo?

INF1 Mesmo para fazer carvão.

INQ1 Mas a senhora nunca fez?

INF1 Eu, não senhora. Eu não o fazia.

INQ1 Nem o seu marido? Nunca viu? Não, o marido também não fazia

INF1 Não. Nem o meu marido também não. Também Nós tínhamos lenha de pinheiros assim le-

INQ1 Pois.

INF1 A gente tem lenha de pinheiro. Mas para sítios para terras que não tinham que não tinham lenha, levavam ou acartavam o carvão para se aquecerem com ele.

INQ1 Pois.

INQ2 Mas sabia, sabe como é que se fazia o carvão?

INF1 O carvão faziam-no [vocalização] Sim, eu não o fazia, mas via-o em sítios onde o faziam. Arrancavam as torgas e faziam ali assim uma poça grande na terra uma poça muito grande , e depois queimavam ali as torgas, e depois ao fim de se elas apagarem

INF2 Botavam-lhe água para as ap- apagar.

INF1 [vocalização] Botavam-nas assim espalhadas e depois [vocalização] acartavam-nas, às sacas, nos nos burros e machos e cavalos.

INQ1 E tapavam com terra?

INF1 Tapavam-no sim. Quan- Quando acabavam, tapavam que era para mor de se apagarem e para não para o carvão não ficar assim derretido, para não ficar assim desfeito.

INQ1 Pois, para não fazer cinza.

INF1 E ele havia A gente via por esses matos fora, mesmo em sítios que havia muita torga, via-se muito aquelas aquelas poças.

INQ1 Rhum-rhum.

INF2 A fumegar, [pausa] aquelas poças.

INF1 Aquelas poças. Aqui essas naquelas serras ali de vossemecês não sabem , [vocalização] ali de Bogas, em primeiro, nós tínhamos fazendas ali de à beira do rio, e víamos passar os carvoeiros, por mor de ir buscar o carvão, assim para o lume. Andavam uns homens a fazê-lo e vendiam-no àqueles que vinham buscar o carvão com os machos.

INQ1 E os car-, o carvoeiro andava com quê? Com machos e mulas e?

INF1 Era com machos e mulas a acartar.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 E cantavam muito quando vinham a cavalo, pelas aquelas serras abaixo. Cantavam muito! Ainda não havia assim [vocalização] as estradas assim boas, para para irem; ainda não havia os carros; não passavam os carros naquela estradas; era com machos e e com com, com

INQ1 Mas com quê? Com machos e cangalhas ou?

INF1 [vocalização] Pois, [vocalização] para acartar as fa-

INQ1 Ou era com carroças?

INF1 Não, era com

INQ1 Era mesmo?

INF1 Era Era mesmo com, com assim com com cangalhas na, na a carregar assim as sacas, [vocalização] de cima dos machos.

INQ1 Pois.

INF1 E eles aquando vinham sem nada, que vinham andando, [pausa] fartavam-se de cantar.

INF2

INF1 A gente dizíamos: "Olha, vêm os carvoeiros"!

INQ1 Que engraçado!

INF1 Ele ouvíamos assim a cantar Até eu cantava muito! Havia aqui uma uma festa, aqui para cima, que cha-, que chamavam que era a Senhora da Póvoa; e a santinha era a Senhora da Póvoa e eles cantavam muito! Deixavam assim um rabo para trás, cantavam muito a Nossa Senhora da Póvoa aqui!

INQ1 Como é que é? Ainda se lembra como é que era a mú-, a letra?

INF1 Eu, eu não. Eu não. Eu ouvia-os a cantar, mas eu não o sabia.

INQ1 Ah!

INF1 Não. Não, não cantava.


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