INF Os alambiques antigos, o, o o lume, o lume… Os alambiques antigos, [vocalização] que ainda hoje há, e lá fora também ainda usam alguns, o vinho, por exemplo, andava debaixo das borras . E era ali o ca- o que chamavam o capacete, havia um tubo [pausa] que saía, um tanque de água onde havia uma serpentina para, para, para para a condensação do [vocalização] vapor da aguardente, [pausa] e saía.
INQ Pois, pois.
INF Mas esse alambique esse alambique tinha que ser queimado e restilado ou destilado como lhe chamavam. Este não. Este automaticamente a aguardente sai pronta. Automaticamente sai pronta. Visto que a primeira coisa é dois arrefecimentos e é o vapor de água que vai aquecer é que vai aquecer a borra, ou o vinho que está… Ou o bagaço! Enquanto que no vinho ou borra, eu não posso pôr aqui mais do que um terço de [vocalização] de capacidade, até esta curva. De bagaço, [pausa] posso enchê-lo. Porque o vinho ou a borra aumenta de volume; parece que não, às tantas, saía lá de fora a [vocalização] borra ou o vinho. É. Isto é simplesmente o [vocalização] vapor da água que vai por aqui – não é? –, [vocalização] entra assim aqui; esta torneira é que regula o vapor ao fundo, ao fundo aqui da caixa; [pausa] há um cano que leva o vapor ao tubo – o va- o vapor ao tubo –, de maneira que [pausa] quando quando chega à temperatura, que é uma alta temperatura, começa a evaporar como o álcool – não é? –, sobe ali; sobe naquela, na para aquela lentilha, ali há um pequeno arrefecimento, depois torna a subir e vai sair ali a aguardente. Ali, ali é que não é serpentina mas sim tubagem. Tem ali vinte e cinco tubos, e como estão vinte ci- vinte cinco pingos constantemente a pingar, fazem uma bica de aguardente.
INQ Pois, pois, pois.
INF Porque é como lhe digo: ele aqui entra a água fria… Eu abro a torneira, está a entrar aqui água fria, e automaticamente está sempre quente [pausa] daqui para cima. É porque há a condensação e sai aguardente ali.
INQ Pois.
INF É um alambique que eu fui comprar ao Porto, em em 1963, à Rua dos Caldeireiros. Há mais…
INQ Mas antes disso fazia, fazia por aquele processo antigo, antes de comprar este alambique, fazia…
INF Não, não tinha.
INQ Não tinha?
INF Não tinha. Não tinha. Havia aqui na altura dois alambiques antigos mas acabaram por por fechar porque estas máquinas dão mais…
INQ Mais produção, não é?
INF Exacto. Mas, mas havia… E não há tanto tanto desperdício. Não há tanto desperdício. Quer dizer, é para mais aproveitamento das aguardentes.
INQ Pois. O que é que fazem ao bagaço depois de ser utilizado aqui assim para fazer a aguardente? O que é que fazem àquilo, aos restos?
INF O resto é um, [vocalização] é um, é nem para estrume serve. É muito fraco. É muito pobre.
INQ Não serve para nada?
INF Não, não serve para nada. É muito pobre. É um estrume muito pobre, muito fraco! É um estrume até que tem muita acidez, não é próprio para para deitar nas terras, até que pode pode prejudicá-las visto ter muita acidez. É um É engraçado, há uma coisa que se dá muito bem com com aquele estrume, é a cebola. Será porque a cebola é também uma coisa ácida e, e, e, e, e, e?
INQ Pois.
INF É curioso, porque a gente deita na terra aquele o [vocalização] bagaço,
INQ Nas cebolas. Pois.
INF mistura-o na terra, plantamos as cebolas, ou o cebolinho, e [vocalização] a cebola gosta muito daquilo. Será? Não sei.
INQ Pois, há alguma, há com certeza alguma razão para, para se dar bem…
INF Cientificamente, não sei dizer. De resto, há muitas plantas que não gostam mesmo. Até que [vocalização] Até que prejudica as plantas.
INQ Pois, pois, pois.