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UNS38

Unhais da Serra, excerto 38

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoAs árvores de fruto e os frutos
Informante(s) Dimas Dília

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INQ1 Na qualidade de figos, não nenhum que se chame figo-de-São-João ou figo-lampo, não por aqui?

INF1 .

INF2 .

INF1 a lampo que pelo São João das figueiras do Algarve.

INQ2 Chama-lhe como? Figo?

INF1 Figo-lampão. Que vem por o fim de Junho.

INQ1 Mas quando diz figueiras do Algarve, são f-, é figos que vêm do Algarve ou são figos de umas figueiras que ?

INF1 Dão-lhe o nome.

INF2 É o nome É o nome da figueira.

INF1 Dão-lhe o nome.

INQ1 Mas que ?

INF1 . [pausa] Essas figueiras do figo-lampão dão a primeira camada fins de Junho. [pausa] Dão a primeira camada. [vocalização] Este ano até quase que nem se viu.

INQ2 Pois este ano foi muito mau para figos.

INF1 Foi.

INQ2 para baixo também.

INF1 Para tudo.

INF2 Você sabe que são são seis horas?

INF1 Esse figo-lampão

INF2 São seis horas.

INF1 Esse figo-lampão anos que muito.

INF2 Ele sabe.

INF1 E depois de colherem o lampão, é que é interessante , esse figo ele essa figueira do figo-lampão aquela camada do figo grande.

INQ2 Rhum!

INF1 E depois o vindimo se lhe puserem o bravo.

INF2

INQ2 Se lhe puserem o bravo?

INF1 Sim.

INQ2 E o que é pôr o bravo?

INF1 Um figo bravo.

INQ2 Ah!

INF1 fi-

INQ1 Espécie dum enxerto?

INF1 Não, não.

INQ1 Então não percebi.

INF1 A figueira do figo-lampão [vocalização] uma camada.

INQ2 Em Junho, no fim de Junho.

INF1 em Junho, Julho.

INQ2 Sim.

INF1 o mais de Julho. uma camada deles grandes [pausa] e fica quase sem nada. E fica com os pequenitos, com um figo pequenito.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Para dar o vindimo.

INQ2 Pois.

INF1 Mas é preciso que lhe ponham [pausa] uma camada de de figo bravo

INQ2 Mas põe-se uma camada como? Como é que se põe?

INF1 figueiras bravas

INQ2 Sim.

INF1 Olhe aqui no aqui ao do pontão

INQ2 Vai-se a uma figueira brava e tira-se os figos.

INF1 Mas é preciso que o figo esteja completo. [pausa] Dessa figueira brava : o figo que está completo da figueira brava, que esteja amarelo, não se come não se come , mas a figueira brava tem um figo que quando está maduro é quando está completo.

INQ2 Rhum.

INF1 E por dentro, dentro da graínha do figo,

INQ2 Rhum.

INF1 cria-se um bichinho, [pausa] um bichinho muito miudinho, muito miudinho, uma espécie dum mosquito. [pausa] E quando está maduro, esse figo bravo, está assim um bocadinho mole e no bico no bico do figo, quando está maduro, [vocalização] o bico começa a abrir um bocadinho,

INQ2 Rhum.

INF1 e sai de aquele mosquito.

INQ2 Rhum.

INF1 Antes de o mosquito sair, [pausa] a gente vai a uma figueira brava, colhe ali uma mancheia deles, e depois com uma agulha [pausa] mete-se-lhe uma linha com dez ou quinze figos.

INQ2 Rhum.

INF1 E faz-se um cordão. E depois com esse cordão vai-se dependurar na figueira que deu os figos-lampãos.

INQ2 Ah, que engraçado!

INF1 Esse mosquito, quando depois se chega à altura que o figo está maduro,

INQ2 Sai.

INF1 sai daqui sai daqui e vai voar e vai-se filar ao figo pequenino da figueira que deu o figo-lampão. Vai-se filar a esse figo. Onde o fi- Onde o mosquito vai morder, esse figo amadura. [pausa] E depois o mosquito corre a figueira toda. Onde ele pica, o figo amadura. Se não lhe puserem nenhum figo, desses da figueira brava, não amadura nem um. Cai tudo ao chão.

INQ2 Que engraçado! Nunca tinha ouvido contar isso.

INF1 o eu fiz!

INQ2 Mas isso cha- Isso é que se chama os figos-vindimos, esses depois que na-, que vêm mais tarde

INF1 Bem

INQ2 Que amaduram mais tarde, é que se chamam os vindimos?

INF1 Pois, é o vindimo. a qualidade de figo-vindimo das figueiras que não dão lampão.

INQ2 Pois, isso é outra coisa.

INF1 Isso é as que dão o figo-lampão, o grande.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Rhum.

INF1 Quando se lhe colhe [vocalização] o figo-lampão, fica o figo-vindimo pequenino, mas se não lhe puserem o figo bravo, nem o primeiro amadura!

INQ2 Que engraçado.

INF1 Então eu eu o fiz!

INQ2 Pois.

INQ1 Pois.

INF2 Veja então este aqui.

INQ2 É giro.

INF1 Eu o fiz [pausa] porque um senhor que tem uma quinta

INF2 Quem percebe muito de fruta sou eu.

INF1 Quem tem uma quinta além daquele lado

INQ2 A senhora sabe?

INF2 Gosto muito de fruta!

INF1 Tem uma quinta além daquele lado e deu-me uma figueira grande para colher. [vocalização] Bem, deu-ma porque eu dei-lhe a recompensa a trabalhar . [vocalização] Ele deu-me, por exemplo, uma chouriça e eu dei-lhe um porco. [pausa] Eu dei-lhe muito mais. Que era [vocalização] Que era o pai dum padre. "Ó senhor Dimas, colha aqui esta figueira", e tal. Porque eu trabalhava . [pausa] Mas quando ele dava alguma coisa, tinha a recompensa. [pausa] colhi aqueles figos-lampãos E eu sabia onde havia uma figueira brava, grande, [pausa] que era no Ourondinho, onde está o Dinis. Nunca ouviu falar [vocalização] nos Dinis?

INQ2 Não.

INQ1 Não, da família dos Dinis, sim, mas

INQ2 Sim, da família dos Dinis

INF1 Aqui não Uma quinta que aqui no Ourondinho, havia uma fig- Ai,mas isto vai , vão mais de vinte anos. [pausa] E eu sabia que havia uma e eu fui . Levei até uma bolsa, uma bolsa de pano, porque sabia que estava essa figueira, porque eu também trabalhei algum tempo. [pausa] Fui , colhi uma bolsa meia de figos, [pausa] meti para dentro da bolsa, meti-lhe o baraço e veio a bolsa fechada. [pausa] E cheguei ali à figueira que me deram, onde colhi os figos-lampãos, fiz um rosário com uma agulha a enfiar no dos figos. Fiz um rosário com uns dez, ou quinze, ou vinte e dependurei na figueira. Ah, isso foi ali uma fartura de figo enorme. E se não se lhe puser, nem o primeiro amadura!

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Eu depois observei: o mosquito saía do figo bravo até fazia um bocadinho de farinha , saía um bocadinho do figo bravo, avoava é tudo o destino, ou o cheiro, ou não sei! , [vocalização] ia-se logo filar ao bico do outro figo pequenino.

INQ2 Pois.

INF1 Onde quer que mordia, amadurava tudo. [pausa] Houve uma fartura de figos enorme! E aqui no ribeiro também uma dessas. [pausa] Ali, onde a gente aqui desce, [pausa] ali uma dessas.

INQ2 Sim, sim, sim.


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