CBV59

Cabeço de Vide, excerto 59

LocalidadeCabeço de Vide (Fronteira, Portalegre)
AssuntoA criação de gado
Informante(s) André

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INF [vocalização] Eu, uma vez, discuti com um Discuti não. eu é que é que disse coisas a um [vocalização] a um veterinário. . [pausa] Que eu estava a tratar de uma data de bezerros que tínhamos comprado bezerros leiteiros [pausa] e um adoeceu. E eu fui a correr chamar o veterinário. [pausa] Fui a Alter. Cheguei a Cabeço de Vide, encontrei aqui um homem. [pausa] Eu digo assim: "Então onde é que você vai"? "Vou a Alter". Digo eu assim: "Eh ! Eu fui a Alter e disse à irmã do do veterinário: "Veja se o veterinário e diga-lhe a ele que sem falta que ao monte da de Mateus, que está um bezerro doente". O homem foi . O homem foi e disse-lhe. [pausa] Ninguém coiso. No outro dia tornei a ir. Também não estava. Tornei a recomendar. [pausa] Bem, aquilo demorou quatro dias. No fim de quatro dias, o bezerro morreu. Você sabe que eu que chorei?

INQ1 Rhum-rhum! Foi?

INQ2 Rhum-rhum!

INF Eu estava no monte, estava sozinho. [pausa] Ia assim com a colher cheia de sopas, [pausa] para meter para a boca, [pausa] o bezerro [vocalização] berrou. Eu pus a colher dentro da coisa e [vocalização] e corri . Foi quando morreu.

INQ2 Hum É, os animais criam amizade, também

INQ1 Pois. E a gente tem amizade a eles.

INF Depois [pausa] Isto foi num sábado à noite. Eu estava sozinho no monte. No outro dia de manhã, montei-me na mota, [pausa]eu marchei caminho de Vaiamonte e fui chamar os homens porque no domingo não iam trabalhar para irem para desfolarem o bezerro e abrirem a cova para se enterrar. [vocalização] Os homens foram logo . Chegaram , [pausa] desfolaram o bezerro, abriram-no: "Então onde é que quer que" "Abram aqui [vocalização], aqui arrumado ao ribeiro. [pausa] Isto aqui tem muito chão, fazem aqui uma cova depressa para para enterrar aqui o bicho". Acaba-se de enterrar o bicho, os homens foram-se embora [pausa]

INQ1 Aparece o

INF e vejo vir um gajo direito à arribana, aonde estavam os os vitelos. Mas eu não conhecia bem o gajo. [pausa] Digo: "Eh ! É capaz de ser o veterinário". [pausa] Quando o gajo ia chegando perto da porta e eu faço aqui assim: "Ó amigo, o que é que você vai para fazer"? [vocalização] Mas eu estava a falar assim que estava desconfiado que era ele.

INQ1 Pois.

INF E diz ele aqui assim ele matou-se mesmo pelas mãos dele , e ele diz-me assim para mim: "Ó homem, tanto recado por causa de vir , por causa de ver o bezerro! [vocalização] Venho ver o bezerro". "Então, você é que é o veterinário"? [pausa] Foi assim mesmo que eu tratei o homem. [pausa] "Sou eu o veterinário, sou". [pausa] "Então, o [vocalização] você fazia muito empenho em ver o bezerro"? "Pois então tanto recado"! "Mas mesmo assim, muitos, não lhe chegaram. [pausa] Tantos que eu para mandei e nesse caso você recebeu os recados todos. Mas mesmo assim não chegaram. Agora se você faz muito empenho em ver o bezerro, eu vou a Vaiamonte chamar os homens para abrirem-lhe o bezerro, que é para você o ver, que está além enterrado, além ao do ribeiro. [pausa] O bezerro morreu por sua falta"!

INQ2 Rhum-rhum.

INF "Então você sabe o que tinha o bezerro"? "Pois sei. [pausa] O que eu não o sabia era tratar. [pausa] O bezerro morreu com uma pneumonia".

INQ1 Ah!

INF O animal gemia como a uma pessoa.

INQ2 Pois.

INQ1 Pois. Coitadinho.

INQ2 Devia querer respirar e não, não podia.

INF Olhe, [pausa] eu piquei aquela trapalhada tanto, o homem nunca mais arrumou.

INQ1 Pois.

INF Foi outro veterinário para [vocalização], mas ele

INQ2 Ele não.

INF E se ele devia favores ao patrão!


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