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GIA26

Gião, excerto 26

LocationGião (Vila do Conde, Porto)
SubjectA agricultura
Informant(s) Cosme Cunegundes
SurveyALEPG
Survey year1993
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF1 A reforma agrária agora que pouco tempo leva devia, para mim a parte essencial, o melhor da reforma agrária , era abandonar aqueles montes Eu conheço bocados de terreno como isto, aonde vai um desgraçado dum lavrador semear um bocado de centeio e ter aquilo assim como este terreirito , onde mal para dar a volta. E nós temos aqui terras em baixo que é uma maravilha percebeu? , que estão a eucaliptos e silvas e fetos que

INF2 Pois, pois.

INF1 E isso qualquer terra .

INF2 Ora pronto!

INF1 O eucalipto não.

INF2 Sim?

INF1 Porque o eucalipto quer terra boa.

INF2 Eles também agora estão estão a dizer para plantar outra coisa.

INF1 O eucalipto, o, o [vocalização] O eucalipto consiste aqui na nossa zona é uma praga, percebeu? Foi o eucalipto que deu cabo do mato, que cabo das bouças.

INQ1 Exacto. Pois é.

INF1 Todas as bouças, por causa dos eucaliptos, começaram a não ter mato e a ter fetos e silvas. Porque o eucalipto suga a terra toda.

INQ2 Exacto.

INQ1 Um eucalipto adulto bebe setenta litros de água por dia.

INF1 Pois é. Isso sei eu.

INQ2 Imagine. Seca completamente as terras.

INQ1 Setenta litros.

INF1 E outra coisa que a senhora não sabe. É que o eucalipto é a árvore [pausa] de maior desinfecção que temos. Quase todos os produtos desinfectantes para as sanitas, e isto e aquilo, é tudo extraído do eucalipto. Não bicho nenhum que coma

INQ1 E o papel. O jornal é tudo

INF2 Sim.

INF1 Não bicho nenhum que coma eucalipto.

INQ1 Tal é a qualidade!

INF1 E me disse um engenheiro percebeu? que até vejamos, porque no no chão dos eucaliptos, daquela água que sai , diz ele, aquilo é uma autêntica monda química. Por baixo nem nem deixa vir

INF2 Não sai nada. [pausa] Não, não.

INF1 Não deixa germinar nada.

INQ1 Mata tudo.

INF1 Percebeu? , ,

INQ1 Olhe, nós queríamos saber

INF1 E E a gente precisava era isso: é pôr essas terras fracas

INF2 A trabalhar.

INF1 Essas terras fracas, porem-lhe porem-lhe aquilo que é próprio das terras fracas.

INF2 Pois.

INF1 As terras boas, aproveitá-las.


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