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PAL14

Porches, excerto 14

LocationPorches (Lagoa, Faro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Abelino
SurveyBA
Survey year1987
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INF Mas um homem, que mora além daquele lado daquele serro, que me tem contado isto [vocalização] algumas vezes. E depois, um dia, ele estava-me contando isso e, depois, chegou a mulher e ele perguntou à mulher. A mulher confirmou [pausa] que, realmente, era verdade o que ele estava dizendo. Além, para São Bartolomeu, havia para um [vocalização] um lavrador, um proprietário, [vocalização] que tinha muito trigo [pausa] para ceifar. Ou andavam, iam Foram ceifar [pausa] o trigo naquele dia. E tinha naquela herdade tinha [pausa] uma casinha. [vocalização] E então, ele foi [pausa] e diz: "Ó moço, olhe, não se ceifa. Isto está o tempo de chuva, águas brandas. [vocalização] E, então, depois vamos atar o trigo, isto tudo molhado, depois isso amolece. Ah, não se ceifa"! Diz-lho [vocalização] Disseram eles assim: "Ó senhor Fulano, o melhor é a gente ceifar. Pode vir para aí alguma água [pausa] forte que, depois, deite o trigo abaixo. [pausa] E, depois de o trigo estar em baixo, é muito ma- é mais mau de ceifar [pausa] e pode prejudicar mais". "Eh, não. Isto, nem Deus nem o Diabo [pausa] leva nada daqui"! Disse ele esta palavra. Que eu não gosto de dizer esta palavra que eu disse. Eu não gosto de falar nesse nome. E de maneira, começa a chover, ele abrigou-se aqui no vão da porta. Veio o vento, levou o telhado. E ele ficou abri- aqui no vão da porta, entre as paredes, a- abrigado. Acabou de chover [pausa] e foi ele [pausa] ver o trigo. E A ver o trigo, que ele fazia assim. E ele não queria saber nem de igrejas, nem disto, nem [pausa] de coisa nenhuma. Não queria saber de nada. Andava [pausa] a ver o trigo e fazia A ver A ver o trigo dele rasinho, tudo traçado, no chão e a seara dos vizinhos toda boa. "Ora esta"! Ele abanava a cabeça, de ver os vizinhos tudo tudo bem e a dele tudo raso com a terra. Foi para ca-. Não disse nada. Foi para casa, mandou [pausa] a [vocalização] família [pausa] se ir vestir. "Mas para quê, homem"? "Vistam-se , vistam-se ". [vocalização] Puseram-se a cavalo na carrinha, a [vocalização] cavalo da carrinha, sem saber para onde iam. E, depois, chegaram ao povo [pausa] de São Bartolomeu, volta a carrinha por o lado da igreja. E foram para a igreja. E a família, a mãe, o [vocalização] mari- ti a mulher e os filhos [vocalização] admirados [pausa] daquele trabalho. Ele não dizia nada. Se ele é vivo, ainda hoje diz que vai à igreja. Mas não deve de ser vivo.


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