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STJ64

Couço, excerto 64

LocationCouço (Coruche, Santarém)
SubjectOfícios, profissões e outras actividades
Informant(s) Danilo
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ Numa casa agrícola, aquela pessoa que contratava o pessoal para ir, para ir trabalhar para ? Numa casa, numa casa grande? Tinha vários?

INF Bem sei. Era a manteeira. Chamava-se a manteeira. Fazia o Assentava o comer. Era a manteeira. Era a manteeira. Chama-se

INQ Mas isso era, era uma senhora, não é?

INF Era uma senhora que fazia o comer. Era uma mulher contratada pelo lavrador que fazia e que era a manteeira.

INQ E que outras pessoas é que o lavrador tinha a trabalhar para ele, para orientarem os trabalhos da quinta?

INF Era o capataz. [vocalização] Era o abegão. Chama-se o [vocalização]

INQ O abegão fazia o quê?

INF O abegão é o que mandava a lavoura toda. Ia à lavoura, falava ao pessoal, ia ao capataz ver os capatazes, os manageiros. Chamava-se

INQ Os manageiros faziam o quê?

INF Os manageiros regulavam Os manageiros orientavam davam as horas ao pessoal e orientavam o serviço. Quando ia um que que não sabia, o manageiro, o capataz punha a parelha e ia ensiná-lo como é que se trabalhava, [pausa] por exemplo, a ceifar, a cavar, a armar a horta, essas coisas. [vocalização] O abegão ia ensinar os trabalhadores. O abegão era um homem que sabia de todos os serviços: sabia semear [pausa] Sabia semear Semeava-se com um com um saco, chamava-se o sementeiro.

INQ Rhum-rhum.

INF Chamava-se o sementeiro. Ia o abegão e era o semeador, ia orientar, ia mandar embelgar. Era belgas com cinco passos para se semear. E então o abegão ia orientar, e o boieiro é que ia a abrir os regos, umas belgas com cinco passos, que era para semear, que era para alcançar E depois ia o semeador. O abegão orientava isso tudo. Via se o semeador semeava bem, se semeava mal; se ele via que ele que semeava, ensinava, dizia: "Ó fulano, afrouxa mais ou vai mais porque este bocado de terra come mais semente, aquele come menos", e era isso tudo. O abegão é que é que era o homem, tinha de ser o homem que sabia de tudo da lavoura. Sabia como a terra havia de ser lavrada. Havia de Por exemplo, uma uma terra, andava-se a lavrar, uma terra dava para um lado e tinha [vocalização] a metade da outra terra dava para outro lado. A belga dava, por exemplo, para dois lados. O abegão en- ensinava [vocalização] o homem dos bois; o boeiro ia, abria o rego para outro. E depois semeavam. Quando andavam a semear, a terra estava embelgada e cada um semeava pela sua belga. Quando semeavam todos juntos, chamava-se semear à picola à picola. Semear Mas semeava, geralmente, pouco. Nessas Nessas grandes lavouras, ninguém eles não semeavam à picola. Havia lavouras ali em Montargil que [vocalização] semeavam à picola. Mas aqui não. Aqui no Sorraia era: cada junta de bois por três, quatro belgas. E iam E iam para outro lugar, outras belgas. O abegão andava sempre para orientar; e o boieiro pa- [vocalização] ensinava os outros que que eram mais fracos. E o abegão andava sempre toda a. Acompanhava toda a sementeira. Era um homem que sabia, tinha de saber tudo, era um homem Tanto que nessas lavouras, era um homem que estava habilitado e que percebia de tudo. Era um homem que percebia de tudo.


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