INQ1 Olhe, e aquelas que andam nas couves?
INF1 Lagartas. As borboletas é que punham. É que o seu o seu fazer cocó é nas couves [vocalização] para fazerem lagartas. Põem, enchem tudo de lagartas.
INF2 Ah! Ele por o senhor estar a falar nas borboletas, eu vou-lhe contar outro. Havia [pausa] um cantador, [pausa] era um Egídio e morava aqui para o lado da cidade.
INF1 Era ali na cidade que ele morava.
INF2 E agora já veio aí cantar cantorias…
INF1 Mas era ali no Lajedo!
INF2 Mas e- era de noite. As cantorias eram de noite.
INF1 Eram de noite.
INF2 E depois era de noite, a borboleta aplantava à lanterna. E depois ele virou-se para a para a lanterna, diz: "A borboleta morre na luz, o soldado na batalha, Cristo na cruz e a gente onde calha". É uma cantiga de peso.
INQ1 É verdade.
INF2 Cristo morreu na cruz!
INQ1 Pois.
INF2 E a gente onde é que vai morrer?! O senhor sabe se morre aqui neste cantinho, se morre na cidade, se morre na sua… Não sabe.
INQ1 Pois.
INF1 É como calha. A gente morre por onde calha.
INF2 Porque é uma cantiga, mas é uma cantiga de peso.
INQ1 Sim senhora.
INF2 O tal co- O gajo cantava bem! Cantava bem o gajo, era ele. Nunca me esqueceu esta.
INQ1 Olhe, e, a senhora diga-me lá aquele, aquela coisa que disse há bocado à sua neta da, da casa quanto…
INF1 Ah! Casa quanta vejas Casa quanta mores e terra quanta vejas!
INQ1 E o que é que isso quer dizer?
INF1 Quer dizer que [vocalização] a casa, qualquer uma casa serve para a gente morar, não precisa de tolices! O que querem dizer é isto!
INQ1 Sim, sim.
INF1 Os antigos é que diziam. E a terra, eram muito esgalgados, queriam era comprar terras, queriam era muita terra para ter que comer, para ter muita terra, para ter muitos alqueires de terra.
INQ1 Claro!
INF1 Depois a casa, eles não se… Era uma casa!
INQ2 Pois.
INF1 Era uma casa para morar! Logo que tivesse uma porta e janelas para eles se fecharem lá dentro, [pausa] era o que eles queriam.
INQ1 Era o que interessava.
INF1 E agora terras, queriam era comprar terras que era para para ser muito ricos. E as casas, não queriam fazer benefícios nenhuns.
INQ1 Sim senhora.
INF1 Estava modos de ele morar, pronto! Um senhor Cândido, que é do senhor Cantídio, da cidade – talvez o senhor conheça…
INQ2 Não.
INF2 Não!
INF1 Não? A sua filha casou com o tal senhor Cândido, que mora aqui em baixo, casou com esse senhor, [vocalização] filho do senhor Cantídio… Isso era um homem rico que era medonho! [pausa] Mas tinha uma casa que hoje não vale nada ao pé dessas por aqui – [pausa] destas casas que se fazem agora!
INF2 O filho era…
INQ1 Pois.