INF1 E também, eu jogava ao croque.
INQ1 O croque também não sei o que é.
INF1 [vocalização] É um [vocalização] um quadradinho assim com- como isto. E tinha um arquinho ali naquela ponta, e outro aqui, e outro ali naquele canto e outro aqui. E aqui tinha [vocalização] uma coisa que fazia quatro… [pausa] Tinha, por exemplo, assim, uma cruz com uma campainhazinha.
INQ1 Uma cruz.
INF1 E havia umas rolinhas [pausa] – não sei quem é que nos fez aquelas rolinhas.
INF2 Mas isso não interessa!
INQ2 Mas rolinhas de quê?
INF1 Umas rolinhas de madeira.
INQ2 De madeira.
INF1 De madeira. Madeira ou ou doutra coisa, mas não havia, naquele tempo, não havia [vocalização]… Hoje em dia há bolas plásticas mas não prestavam que eram muito leves.
INF2 Bem, com licença que eu vou…
INQ2 Até logo então.
INF2 Eu vou-me sentar. Até amanhã, se Deus quiser.
INQ2 Até logo, então. Ou amanhã talvez. A gente depois vem cá. Até amanhã, obrigado.
INQ1 Até amanhã e obrigada.
INQ2 Não, a gente é que pede desculpa.
INQ2 Amanhã, a gente conversa um bocadinho, está bem? Sobre a vinha também.
INF1 E [vocalização]
INF2 O que eu souber, mas eu, como eu lhe já lhe disse…
INF1 É tolo como o tonto!
INQ1 Não.
INF1 E depois tem vergonha.
INQ1 Não está nada tonto.
INF1 E depois tem vergonha mas eu então não tenho.
INF2 Não, eu não tenho nada…
INQ1 Pois claro.
INF1 Eu tenho vergonha mas não é de de falar. E agora a gente fazia aquela coisinha e [vocalização] tínhamos uns macinhos assim que lá um, um um velhotezinho que morreu é que nos fez no torno aqueles macinhos. E a gen–
INQ1 Macinhos, portanto, que era um pau redondo? Esses macinhos eram um pau redondo?
INF1 Eram um pau redondo e tinham um cabinho assim.
INQ1 Ah!
INF1 Que era de a gente dar nas… A gente ia, por exemplo, para aqui e tocavam. Mas a gente, se tocassem na campainha, ganhava um tanto.
INQ1 Ah! Adeus, obrigada. Até amanhã.
INQ2 A gente é que pede desculpa.
INF1 [vocalização] A gente se acertasse na campainha, ganhava… Eu não me lembra já… Já sabe, isto já há muitos anos.
INQ1 Claro.
INF1 Isto já há-de haver talvez uns quarenta anos ou mais.
INQ2 Ah pois.
INQ1 Tão engraçado!
INF1 Eu casei-me com vinte e um, eu já tenho sessenta e dois, já sabe, já há [vocalização] muitos anos. Mas e-, mas
INQ1 Mas era o croque?
INF1 Era. Mas aquele jogo era engraçado. O meu pai, tínhamos lá um um bocado grande à frente do palheiro e ele deixou-nos fazer lá. A gente limpou aquilo muito bem limpinho [pausa] e [vocalização] e aquilo era terreno duro.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 E ele deu-nos quatro tábuas, a gente botou para as bolas não sairem para fora. E [vocalização] E então lá uns vizinhos – tinham uma mancheia de rapazes – é que nos ajudavam a fazer aqueles arquinhos. Os arquinhos eram feitos de vime, de vimeeiro.
INQ1 Mas os arquinhos eram para quê?
INF1 Para quê? Para passar a bola por aqueles arquinhos.
INQ1 Ah!
INF1 A gente tinha que passar a bola por uns tantos arquinhos e depois ela tinha que ir ao meio.
INQ2 Mas, e com que é que mandava a bola?
INQ1 Era com um maço.
INF1 Era com um macinho como a.
INQ1 Com um macinho.
INQ2 Ah!
INF1 Mas eu eu já vi na televisão, assim um macinho como como os juízes têm de t- de, às vezes, bater sobre a mesa: "Silêncio, silêncio"!
INQ1 Ah!
INF1 Era uma coisa… Só que está em ponto maior, mas é uma coisa parecida com aquilo.
INQ2 Era assim que se …?
INF1 E [vocalização] E aquilo, agora eu não não me lembra é [vocalização]… A gente Já não me lembra [pausa] quanto é que ganhava.
INQ2 Já não lembra os pontos e essas coisas? Chamava-se o croque?
INF1 Ele chamava-se o croque. E a gente tínhamos lá aquele.
INQ1 Que engraçado!
INF1 Assim que restava um poucachinho, aquilo é que era uma carreira para ir para lá!
INQ1 Para ir a correr!
INF1 Chamávamos os…
INQ1 E quantas pessoas jogavam?
INF1 Podiam jogar duas de cada vez só.
INQ1 Duas de cada vez.
INF1 Porque aquilo era poucachinho, se fosse muitos não dava.
INQ2 Rhum.
INQ1 Pois, pois. Portanto, eram duas de cada vez?
INF1 Duas de cada vez.
INQ1 Depois ganhava uma delas.
INF1 Assim que uma ganhava, ia vinha outra para a lugar dele.