INF1 Outra vez, estava aqui em minha casa à tarde. Aqui. Já era esta casa, já era isto tudo. E não me chega aqui o Ascânio, do Benvindo, com aquele da Macieira arreganhado?!
INF2 Com Com o Ascênsio?
INF1 Sim.
INF2 Ah, sei, sei! Já me lembra.
INF1 E ele, com os olhos esgazeados, e chega-me ali ao portão, diz ele: "Eh Arquibaldo"! – O que vinha com ele às costas – "Eh Arquibaldo"! Disse: "Que é"? "Ó rapaz, acode a este homem"! [pausa] Digo eu assim: "Então tu vens trazer um homem"… Olhei para o homem, o homem com os olhos esgazeados, nem nem pestanejava nem nada. "Então tu vens trazer um homem morto para minha casa?! [pausa] Homem, tu és tolo. Leva-o"… "Ai Arquibaldo, que ele está arreganhadinho, ele morre, ele morre, ele morre"… E um genro atrás dele, que era aquele o de Arouca?
INF2 Sei.
INF1 Pois sabes, o que casou com a Berta.
INF2 Já agora é o que está lá!
INF1 É o que está lá!
INF2 Na Macieira! Sei.
INF1 E eu depois eu disse: "Ai, Jesus! Eu que me acontece cada uma"! Lá trouxe o homem para aqui mas eu sabia que ele gostava muito de aguardente. E eu fui-lhe buscar a aguardente [pausa] e bebeu o copo. E ele assim que bebeu um copo: "Amigo, eu queria outro". Disse-lhe: "Ah, não! Não, tu apanhas outro, ou ou quatro ou cinco"…
INF2 Ah, ah! Ele era Ele é bêbado! Ele era muito bêbado também!
INF1 Era, pois. Mas foram para ir pôr uma filha para o Berardo, que era para o pé da Bertília, isso aí perderam-se aí nos salgueiros, atrás do atrás do Sarroeiro. E perderam-se e o t-, e o ma–.
INF2 Pois, pois, pois, pois. Era tudo na serra.
INF1 Pois. E o Ascânio, do Benvindo, deu com eles no Cuco Mau, naqueles ca- nos calhaus grandes.
INF2 Pois foi.
INF1 Ali depois já estavam ambos os dois a gritar. Quer dizer, um já não falava, e o outro a gritar. O genro a gritar e ele já não falava.
INF2 Já não estava o Berardo.
INF1 Estava, ele estava o Berardo; ele quem não estava era o Bernardim! Lá o Ascânio, do Benvindo, pegou-lhe às costas e trouxe-o para aqui, para minha casa. Lá o aqueci, lá arranjei, esteve cá desde a tarde até ao outro dia de manhã. E o meu filho naquela n-, à [vocalização] noite foi levar o outro à Macieira – que é aqui abaixo; esta sabe bem –, [pausa] à Macieira. Eu disse para o para o meu filho: "Não o deixes ir sozinho que ele morre! E depois nós é que estivemos encarregados. Vai a mais ele". O meu filho foi a mais ele, foi lá levá-lo e ficou em casa do padrinho. [pausa] Que o ou- o padrinho dele também é da Macieira.
INF2 É. Pois. O Ascenso.
INF1 O Ascenso. E eu fiquei aqui com o homem, à [vocalização] lá o aqueci, dei-lhe de comer, depois ele ficou melhor, dei-lhe de comer e ele queria era aguardente. E eu disse: "Bebe que eu tenho-a aí".
INF2 Ai, pois, ele era muito bêbado, era!
INF1 "Bebe! Bebe"! Mas aquilo fez-lhe bem!
INQ1 Pois, pois.
INQ2 Pois, claro.
INQ1 Deu reacção.
INF1 Fez-lhe bem, fez reacção e fez-lhe bem. O homem ficou. Ao outro dia de manhã eu fui levá-lo à [vocalização] ali ao caminho da Lomba.
INF2 Sei.
INF1 Fui levá-lo ao caminho da Lomba. Ia eu para baixo, ia o meu filho para cima,
INQ2 Pois.
INF1 de levar o outro. Viemos ambos os dois para cima, disse: "Olha, sabes onde estás"? "Sei que estou no caminho da Lomba". "Olha que tu não te percas agora"!
INQ1 Pois.
INF1 Que era pertinho. Ele podia ser aí um [vocalização] [pausa] uns trezentos metros da minha.
INF2 Era já pertinho!
INF1 Disse: "Olha que tu não te percas"! "Não perco". Eu fui lá levá-lo. Ele tem-me acontecido aqui cada uma! Que ele eu gosto de socorrer quem [vocalização] as pessoas, homem!
INQ1 Pois. Claro.
INQ2 Pois claro.
INF1 Gosto de socorrer as pessoas que é pecado, homem! Eu não tenho peca-. Então e se morresse um homem ou morresse uma mulher ou morresse uma pessoa e [vocalização] eu…
INF2 E a gente em lhe podendo valer…
INQ1 Pois claro.
INQ2 Pois claro. Pois.
INF1 Podendo-lhe valer e não lhe acode?!
INQ2 Pois.
INF2 Claro. Claro.
INF1 Eu acho para mim que aquilo que é um benefício grande!
INQ2 Claro.