INF Num tempo, você, as senhoras, [vocalização] a gente quando criou, de dez pessoas arranjava vinte.
INQ1 Rhum-rhum.
INF Hoje quer cinco, não arranja duas.
INQ2 Pois.
INF Ah! Porque eu aí ainda tenho tido uma sorte muito grande, porque eu faço o seguinte: [vocalização] olhe, aqui na Castanheira, em Gestoso, na Agualva, na Lomba, vêm cá com as vacas ao touro, e eu àqueles que me ajudam ajudem não levo nada.
INQ2 Pois.
INF Àqueles que me ajudam ajudem não levo nada!
INQ1 … quê?
INF Que me ajudam! Que me ajudam a trabalhar, eu não lhe levo nada!
INQ1 Ai, pois, pois, pois, pois, pois.
INF Vêm outros que querem: "Olha, eu precisava de um alqueire de centeio". Eu dou-lho dado. "Eu precisava de lhe pedir um alqueire de milho". Eu dou-lho dado. "Eu precisava de vinho". Eu dou-lho dado. Ora bem, aquela gente recompensa e diz assim: "Bom [vocalização], fulano precisa, temos que lá ir ajudá-lo". E vêm-me dar. Quer dizer, eu pago sem sentir.
INQ1 Pois.
INF Em dinheiro corrente, quase nunca pago. Nunca pago!
INQ1 Pois, pois, pois.
INF Nunca pago. Porque depois vêm-me ajudar mas é gente mais pobre… Ele uns precisam de milho, outros precisam de centeio, outros precisam de vinho [pausa] e eu, tenho de sobra, [pausa]
INQ2 Dá.
INQ1 E dá.
INF dou.
INQ1 E depois na altura em que é preciso, eles vêm.
INF Eles vêm.