INF1 O juiz da água pode ir buscar a água aonde quiser que ninguém o multa.
INF2 Ajunta a ribeira…
INF1 Pode ir ali a prémio…
INF2 Ajunta a ribeira para a regadia.
INF1 Po- Durante três meses da regadia, do dia 24 do São João até o dia 8 de Setembro.
INF2 De Setembro.
INF1 Dia 8 de Setembro acaba a regadia. [pausa] Quer chova, quer não chova. No dia 8 de Setembro acaba a regadia. E entra na na regadia no dia 24 do São João.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 E depois o juiz, quando vão fazer essa sessão… Os proprietários estão ali em volta, o senhor quer para lá ir, mas: "Este não o queremos lá. Este não é bom! [pausa] Por mim, antes lá quero aquele"! [pausa] Depois o povo concorda. Porque nem todos lá aceitam!
INQ2 Pois.
INF1 É preciso um homem que saiba o que anda a fazer, mas agora também cá não há.
INQ2 Já não há?
INF1 Agora não há cá…
INF3 Eles agora Há pouco porque já pouco semeiam.
INF1 Cá não há um homem que se lhe tire o chapéu como a mim.
INF3 E já pouco semeiam.
JáINF1 E já pouco semeiam. Depois, [pausa] claro, [pausa] é aquele… [vocalização] "Então a levada a sessão está aberta"! Por exemplo: "O ano passado foi ajusta por tanto". [pausa] E depois esse que está interessado abaixa um degrau. [pausa] Agora se não estiver interessado, estou calado e aquele que está interessado abaixa. [pausa] Depois: [pausa] "Vê lá! [pausa] Serve este"? [pausa] Digo eu junto ao autor: "Este serve [pausa] para a regadia"? É o regadio. Eles depois se concordarem dizem: "Pode ser". E então aceitam-no. E quando não pode ser, dizem que não o querem lá. E ele tem que retirar fora.
INQ2 Pois.
INF1 Porque senão era uma cegada.
INF3 E então quando é, por exemplo…
INF1 E quando vão, quando ele toma conta da levada, eles depois dizem: "Eu vou buscar a água; aquele tem que alimpar a açude; aquele tem que alimpar o rego". Como a mulher lava a loiça em casa. Tem que a preparar.
INQ2 Pois.
INF1 Que é para, depois, quando vem a água, estar aquilo liberto. E quando a roubam, ele tem que pregar os seus apupos.
INF3 Ele berra, pois claro.
INF1 Porque senão não lhe guardam respeito.
INQ2 Claro.
INF1 Ele vem de lá, às vezes, parece que vai botar tudo abaixo. Mas não.
INF3 É só de garganta.
INF1 Pois, parece que [vocalização]… O homem já sabe o ambiente e já conhece o calo: "Deixa-o vir. Logo amansa"! "Lá vem ele. Deixa-o vir"!
INQ1 Não?…
INF1 Mas às vezes, ele chega aqui: "Oi, lá está você a tirar água"! "Então, amanhã tenho que ir para o feno". Ou: "Tenho que ir malhar". "E agora tenho que ir carregar este alfobre, estas batatas e tal e quê". "Olha lá, desculpe lá, homem, para outra vez"… "Para outra vez"… Ele prega os seus apupos. Tem que ser mesmo. Porque se não [vocalização] pregar os seus apupos…
INQ2 Ninguém tem respeito.
INF1 Ele não têm, pronto! É assim que cá fazem.