Representação em frases
Montes Velhos, excerto 29
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INF1 O que eu comia que eu gostava era o tal pão, o de cão, pão de rolão, que amassavam para o para os cães.
INF1 Então e eu não gostava daquilo?!
Nos montes faziam essa coisa.
INF1 Lá no monte do meu padrinho, tinham lá cães
e depois f- amassavam o comer.
INF2 Aquele pão de rolão.
INF1 Ali o rolão, amassavam para [pausa] para os cães.
Não tiravam o rolão da farinha.
INF2 Não tiravam o rolão .
INF1 E E eu era [vocalização] miúda,
eu gostava de comer aquilo!
Eu e outros miúdos comíamos!
Então e a gente achava diferença:
o pão aí dos montes era sempre mu- …
era gente, gente gente que amassavam muito.
INF1 As nossas mães zangavam-se com a gente.
E a gente era comer o comer de cão.
e depois davam as esmolas.
Nesse tempo, nos montes, davam esmolas, para os pobres, e tal.
Alguém que ia coiso, vá, um bocadinho de pão.
Metade dum pão, que havia uns panitos pequenos, cortavam o pão ao meio
e davam metade dum pão a cada um, e tal.
[pausa] E [vocalização] E então esse pão era sempre trabalhado mais mal trabalhado, que era, por exemplo, numa casa como a minha.
[pausa] E esse pão ficava sempre um bocadinho doce.
E a gente quando era moços…
Eu cá uma vez – ainda me lembra de ir uma vez – fui além ao Carregueiro mais um.
Depois vínhamos com a fome.
Fomos ao Carregueiro, e de Aljustrel,
nesse tempo, só havia a estação do Carregueiro.
E essa gente tinha uma loja
O moço desafiou-me para irmos numa carrinha
e fomos lá ao Carregueiro.
Quando viemos para cá, diz el- diz-me o moço assim: "Vamos pedir uma esmolinha aqui à Minhota"?
A Minhota está ali à beira da estrada.
Então eu usava uma boininha,
pus a boininha assim nos olhos
Tinha para ali uns sete ou oito anos.
Lá pedi uma esmolinha lá à coisa, à lavradora da Minhota.
mas a mulher viu logo que era gente preparados, bem preparados,
Diz: "Hm! Vocês não têm tipo de"…
E o coiso deixámos a carrinha cá na estrada, eu mais o moço do Hipólito, do Hipólito do Monte Espada, o mais velho.
É com certeza mais velho do que eu,
tinha mais uns dois anos de que eu.
Ele tinha aí uns doze anos ou coiso,
e eu tinha uns nove ou dez, uma coisa dessas.
A gente já tinha um bocadinho de grisa [pausa], de fome, e coisa e tal.
E depois a mulher vem de lá,
mas a mulher achou logo a roupa assim muito coisa, muito…
Calçadinhos e e bem preparados, a mulher ficou logo assim sem acreditar.
E então começou a fazer perguntas: "E então tu és de quem?
"Eu sou filho do senhor Hipólito do Monte Espada", e tal,
"Eh, então o teu pai tem lá uma loja,
então e agora viestes à esmola"?!
"Ah, olhe, a gente ia passando aqui" – ele era assim muito desenrascado –
"a gente ia passando aqui
viemos pedir um bocadinho de pão".
E ela cortou um panito desses lá do monte ao meio
Depois pôs-se a olhar para mim
e eu não lhe queria dizer coisa
"Então este é do Hipólito do Monte Espada,
então e [vocalização] e [vocalização] tu és de quem"?
O outro cabrão era muito coiso,
era muito assim, muito alarve,
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