Representação em frases

Montes Velhos, excerto 29

LocalidadeMontes Velhos (Aljustrel, Beja)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Iria Herodiano

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[1]
INF1 O que eu comia que eu gostava era o tal pão, o de cão, pão de rolão, que amassavam para o para os cães.
[2]
INF2 Pois.
[3]
INF1 Então e eu não gostava daquilo?!
[4]
Comia aquilo!
[5]
INF2 nos montes.
[6]
INF1 Nos montes faziam .
[7]
INF2 nos montes.
[8]
Nos montes faziam essa coisa.
[9]
INF1 no monte do meu padrinho, tinham cães
[10]
e depois f- amassavam o comer.
[11]
INF2 Aquele pão de rolão.
[12]
INF1 Ali o rolão, amassavam para [pausa] para os cães.
[13]
INF2 Para os cães.
[14]
Não tiravam o rolão da farinha.
[15]
INF2 Não tiravam o rolão .
[16]
INF1 E E eu era [vocalização] miúda,
[17]
eu gostava de comer aquilo!
[18]
Eu e outros miúdos comíamos!
[19]
INF2 Ah, até eu!
[20]
Então e a gente achava diferença:
[21]
o pão dos montes era sempre mu-
[22]
Está claro,
[23]
era gente, gente gente que amassavam muito.
[24]
INF1 As nossas mães zangavam-se com a gente.
[25]
E a gente era comer o comer de cão.
[26]
Ah, mas a gente gostava!
[27]
INF2 Amassavam muito,
[28]
e depois davam as esmolas.
[29]
Nesse tempo, nos montes, davam esmolas, para os pobres, e tal.
[30]
Alguém que ia coiso, , um bocadinho de pão.
[31]
Metade dum pão, que havia uns panitos pequenos, cortavam o pão ao meio
[32]
e davam metade dum pão a cada um, e tal.
[33]
[pausa] E [vocalização] E então esse pão era sempre trabalhado mais mal trabalhado, que era, por exemplo, numa casa como a minha.
[34]
[pausa] E esse pão ficava sempre um bocadinho doce.
[35]
Doce.
[36]
Deixavam o pão doce.
[37]
E coisa e tal, tal, tal.
[38]
E a gente quando era moços
[39]
Eu uma vez ainda me lembra de ir uma vez fui além ao Carregueiro mais um.
[40]
Depois vínhamos com a fome.
[41]
Fomos ao Carregueiro, e de Aljustrel,
[42]
nesse tempo, havia a estação do Carregueiro.
[43]
E essa gente tinha uma loja
[44]
e fomos.
[45]
O moço desafiou-me para irmos numa carrinha
[46]
e fomos ao Carregueiro.
[47]
Quando viemos para , diz el- diz-me o moço assim: "Vamos pedir uma esmolinha aqui à Minhota"?
[48]
A Minhota está ali à beira da estrada.
[49]
"Vamos".
[50]
E eu fui.
[51]
Então eu usava uma boininha,
[52]
pus a boininha assim nos olhos
[53]
e fui.
[54]
Lembro-me de ir.
[55]
Tinha para ali uns sete ou oito anos.
[56]
pedi uma esmolinha à coisa, à lavradora da Minhota.
[57]
Ah, batemos à porta,
[58]
quem é e quem não é,
[59]
mas a mulher viu logo que era gente preparados, bem preparados,
[60]
começou logo a mirar.
[61]
Diz: "Hm! Vocês não têm tipo de"
[62]
E o coiso deixámos a carrinha na estrada, eu mais o moço do Hipólito, do Hipólito do Monte Espada, o mais velho.
[63]
INF1 Ah, o Honorino.
[64]
INF2 O Honorino.
[65]
É com certeza mais velho do que eu,
[66]
tinha mais uns dois anos de que eu.
[67]
Ele tinha uns doze anos ou coiso,
[68]
e eu tinha uns nove ou dez, uma coisa dessas.
[69]
E então fomos.
[70]
A gente tinha um bocadinho de grisa [pausa], de fome, e coisa e tal.
[71]
E depois a mulher vem de ,
[72]
mas a mulher achou logo a roupa assim muito coisa, muito
[73]
Calçadinhos e e bem preparados, a mulher ficou logo assim sem acreditar.
[74]
E então começou a fazer perguntas: "E então tu és de quem?
[75]
Então tu és de quem"?
[76]
A perguntar a ele.
[77]
"Eu sou filho do senhor Hipólito do Monte Espada", e tal,
[78]
disse o outro.
[79]
"Eh, então o teu pai tem uma loja,
[80]
então e agora viestes à esmola"?!
[81]
"Ah, olhe, a gente ia passando aqui" ele era assim muito desenrascado
[82]
"a gente ia passando aqui
[83]
e tínhamos fome,
[84]
viemos pedir um bocadinho de pão".
[85]
E ela cortou um panito desses do monte ao meio
[86]
e deu metade a cada um.
[87]
Depois pôs-se a olhar para mim
[88]
e eu pus a boina assim,
[89]
e eu não lhe queria dizer coisa
[90]
e ela de roda de mim.
[91]
"Então este é do Hipólito do Monte Espada,
[92]
então e [vocalização] e [vocalização] tu és de quem"?
[93]
E eu nada,
[94]
e eu nada.
[95]
Não lhe disse nada,
[96]
e eu agachado.
[97]
Agachava-me.
[98]
Nada.
[99]
O outro cabrão era muito coiso,
[100]
era muito assim, muito alarve,

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