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Cedros, excerto 8
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Fazia-se a palha com as mesmas regras do do junco,
só que a palha era muito mais macia de trabalhar.
INF Fazia-se os tap- os chapéus, alguns brancos, outros de cor, chapéus de criança, chapéus de homem, chapéus de mulher,
e dava-se a volta à ilha a vender os chapéus.
Trazia Às vezes trazia-se encomendas, outras vezes nem sem encomenda,
Eu, então chapéus – tapetes nunca fui vender –, mas chapéus cheguei a vender.
E também havia casas na cidade que vendiam.
A gente vendia a eles para depois eles voltarem a vender a outras pessoas.
No tempo da base naval, da segunda guerra mundial, houve aqui uma base naval na Horta
que então isso houve muita avalanche de muitos trabalhos que se faziam.
Faziam-se trabalhos de canudos,
que lá no dito, na na dita Casa Etnográfica, há lá amostras de tudo o que se fazia.
[vocalização] Faziam malas de trança,
faziam cabazinhos também em canudo, muitos trabalhos,
que asquelas pessoas, aqueles ingleses, talvez, para levarem como recordação desta terra…
Muito negócio se fez naquela altura com esses com esses ingleses da base naval!
INF O que é que se chama o canudo?
O canudo é a parte do trigo que…
a seguir à espiga, a gente chamava palha de ponta, que era a ponta do trigo;
o canudo é [vocalização] aquela parte da palha que fica mais junto à terra, mais grosso e mais macio de trabalhar.
[vocalização] Os chapéus, também se pintavam as pa- as tranças – as palhas – para se pintar os chapéus.
Também se faziam chapéus [vocalização] tapetes de palha de ponta.
Mas então esses não eram para vender.
Esses eram para as pessoas que trabalhavam.
Por exemplo, a gente fazíamos [vocalização] esteiras bonitas de palha de ponta para pôr naqueles quartinhos de entrada – que nem salas eram, mas eram os quartinhos melhores que as pessoas tinham.
[vocalização] Quando havia um noivado, a pessoa entre o seu enxoval também punha os seus tapetes, de palha de ponta.
As tranças pintadas de amarelo para fazer os tapetes amarelos, enr- enramados.
Havi- Que havia ramos bonitos, que se bordavam nos nos tapetes, trabalhos bonitos!
[vocalização] Na Casa Etnográfica ainda aparecem lá muitos tapetes e muitas t- esteiras…
INF O tapete era urdido no meio chão,
[vocalização] pregavam-se pregos.
Ainda me lembro que uma passadeira levava dezasseis pregos;
um tapete, que era mais largo, levava a vinte e dois, conforme.
O tapete, se era para pôr ao pé da cama, era de cinco quartos.
Por exemplo, [vocalização] fazia-se o tapete,
e depois tapava-se – uma por baixo –, uma espécie do tear.
INF Ele metia-se por baixo e por cima,
E depois quando o tapete está feito, a trança pintada era bordada com uma agulha de ferro – e até de madeira,
havia pessoas que sabiam fazer agulhas de madeira –,
metia-se a trança entre [vocalização] entre aqueles aqueles altos e baixos do tapete.
INF E [vocalização] era bonito!
eram trabalhos feitos que hoje a gente…
Naquele tempo não se sabiam apreciar como hoje se aprecia, porque era uma coisa vulgar,
Eu lembro-me que quando me casei fiz um cão –
bordei um cão no meu ta- num tapete para pôr ao pé da minha cama –, um cão empoleirado.
Era, era uma lin- Era um lindo cão!
Ora, o tapete estragou-se
Deixou-se de usar os tapetes,
que apareceram outros tapetes mais não mais bonitos mas diferentes,
e o meu acabou por se estragar porque eu o abandonei.
[vocalização] Tenho ainda um que então esse eu não…
Era com um ramo de flo- um ramo de rosas muito bonito, que era posto do outro lado da cama.
De maneira que era uma arte que nós tínhamos de embelezar a nossa casa com as nossas próprias mãos,
porque não havia dinheiro que se pudesse chegar mais.
[pausa] Portanto, esta era uma da parte de de artesanato que teve muita actividade na nossa freguesia, quer para as pessoas usarem no seu próprio uso, quer para fazerem dinheiro.
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