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Cedros, excerto 8

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoOfícios, profissões e outras actividades
Informante(s) Joana

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[1]
Fazia-se a palha com as mesmas regras do do junco,
[2]
que a palha era muito mais macia de trabalhar.
[3]
INF Fazia-se os tap- os chapéus, alguns brancos, outros de cor, chapéus de criança, chapéus de homem, chapéus de mulher,
[4]
e dava-se a volta à ilha a vender os chapéus.
[5]
Trazia Às vezes trazia-se encomendas, outras vezes nem sem encomenda,
[6]
mas se ia vender.
[7]
Eu, então chapéus tapetes nunca fui vender , mas chapéus cheguei a vender.
[8]
E também havia casas na cidade que vendiam.
[9]
A gente vendia a eles para depois eles voltarem a vender a outras pessoas.
[10]
No tempo da base naval, da segunda guerra mundial, houve aqui uma base naval na Horta
[11]
que então isso houve muita avalanche de muitos trabalhos que se faziam.
[12]
Faziam-se trabalhos de canudos,
[13]
que no dito, na na dita Casa Etnográfica, amostras de tudo o que se fazia.
[14]
[vocalização] Faziam malas de trança,
[15]
faziam malas de junco,
[16]
faziam cabazinhos também em canudo, muitos trabalhos,
[17]
que asquelas pessoas, aqueles ingleses, talvez, para levarem como recordação desta terra
[18]
Muito negócio se fez naquela altura com esses com esses ingleses da base naval!
[19]
INF O que é que se chama o canudo?
[20]
O canudo é a parte do trigo que
[21]
Tem a espiga;
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a seguir à espiga, a gente chamava palha de ponta, que era a ponta do trigo;
[23]
o canudo é [vocalização] aquela parte da palha que fica mais junto à terra, mais grosso e mais macio de trabalhar.
[24]
[vocalização] Os chapéus, também se pintavam as pa- as tranças as palhas para se pintar os chapéus.
[25]
Também se faziam chapéus [vocalização] tapetes de palha de ponta.
[26]
Mas então esses não eram para vender.
[27]
Esses eram para as pessoas que trabalhavam.
[28]
Por exemplo, a gente fazíamos [vocalização] esteiras bonitas de palha de ponta para pôr naqueles quartinhos de entrada que nem salas eram, mas eram os quartinhos melhores que as pessoas tinham.
[29]
[vocalização] Quando havia um noivado, a pessoa entre o seu enxoval também punha os seus tapetes, de palha de ponta.
[30]
As tranças pintadas de amarelo para fazer os tapetes amarelos, enr- enramados.
[31]
Havi- Que havia ramos bonitos, que se bordavam nos nos tapetes, trabalhos bonitos!
[32]
[vocalização] Na Casa Etnográfica ainda aparecem muitos tapetes e muitas t- esteiras
[33]
INF Faz-se o tapete.
[34]
INF O tapete era urdido no meio chão,
[35]
[vocalização] pregavam-se pregos.
[36]
Ainda me lembro que uma passadeira levava dezasseis pregos;
[37]
um tapete, que era mais largo, levava a vinte e dois, conforme.
[38]
O tapete, se era para pôr ao da cama, era de cinco quartos.
[39]
Por exemplo, [vocalização] fazia-se o tapete,
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urdia-se
[41]
e depois tapava-se uma por baixo , uma espécie do tear.
[42]
INF Ele metia-se por baixo e por cima,
[43]
e tapava-se.
[44]
E depois quando o tapete está feito, a trança pintada era bordada com uma agulha de ferro e até de madeira,
[45]
havia pessoas que sabiam fazer agulhas de madeira ,
[46]
metia-se a trança entre [vocalização] entre aqueles aqueles altos e baixos do tapete.
[47]
Bordavam-se rosas,
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fazia-se datas,
[49]
escrevia-se nomes.
[50]
INF E [vocalização] era bonito!
[51]
Eram trabalhos bonitos,
[52]
eram trabalhos feitos que hoje a gente
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Naquele tempo não se sabiam apreciar como hoje se aprecia, porque era uma coisa vulgar,
[54]
toda a gente tinha.
[55]
Hoje é uma coisa rara.
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Eu lembro-me que quando me casei fiz um cão
[57]
bordei um cão no meu ta- num tapete para pôr ao da minha cama , um cão empoleirado.
[58]
Era, era uma lin- Era um lindo cão!
[59]
Ora, o tapete estragou-se
[60]
e não foi de ser usado.
[61]
Deixou-se de usar os tapetes,
[62]
que apareceram outros tapetes mais não mais bonitos mas diferentes,
[63]
e o meu acabou por se estragar porque eu o abandonei.
[64]
[vocalização] Tenho ainda um que então esse eu não
[65]
Era com um ramo de flo- um ramo de rosas muito bonito, que era posto do outro lado da cama.
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De maneira que era uma arte que nós tínhamos de embelezar a nossa casa com as nossas próprias mãos,
[67]
porque não havia dinheiro que se pudesse chegar mais.
[68]
[pausa] Portanto, esta era uma da parte de de artesanato que teve muita actividade na nossa freguesia, quer para as pessoas usarem no seu próprio uso, quer para fazerem dinheiro.

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