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Covo, excerto 2

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

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[1]
INF Olhe que eu [pausa] não podia viver em minha casa, [pausa] com a minha nora e com o meu filho.
[2]
[pausa] Queriam que eu o desse a uma sobrinha dela para trazer [vocalização] um homem para ca- para nossa casa.
[3]
E eu disse assim
[4]
Um dia estava para cear
[5]
e eu estava assentado e ela a dar-me a ceia,
[6]
começou ela a dizer:
[7]
"Ai, assim não está bem
[8]
porque você
[9]
[vocalização] Trazê- É melhor trazer-me para aqui um [vocalização] uma mulher, ou um, um [vocalização] a minha sobrinha" e não sei quê, não sei quê.
[10]
Eu disse:
[11]
"Olha, menina, enquanto eu andar com os pés ao de cima da terra, [pausa] não dou nada a ninguém".
[12]
INF Foi mesmo assim!
[13]
"Olha !
[14]
Assim, olha, eu vou dar à tua sobrinha, não é?
[15]
Ah, pois, então?!
[16]
Pois dou à tua sobrinha"?!
[17]
Quer dizer que o meu filho nem nunca teve nada do pai nem da mãe.
[18]
Faz de conta que nem tem pai nem mãe.
[19]
Com tanto que eu trabalhei!
[20]
Comecei a minha vida sem nada
[21]
e hoje sou um grande lavrador,
[22]
e agora dar pão e árvores que tenha
[23]
"Olha"
[24]
Eu disse-lhe assim:
[25]
"Olha, menina, um dia, um dia se eu o desse , um dia eu e a, e a e a tua sogra éramos uns cães ali na casa.
[26]
Tu e o teu homem eram os criados
[27]
e eles é que eram os patrões.
[28]
Ouviste?
[29]
E então assim, deixai-me morrer
[30]
e deixai morrer a [vocalização] velha
[31]
e depois vocês dai-o,
[32]
vendei-o,
[33]
dai-o a quem vocês quiserem
[34]
porque nada disso me incomoda".
[35]
INF "Mas agora não dou!
[36]
Não dou [vocalização]!
[37]
O que é meu é para o meu filho, pronto"!
[38]
INF E ela foi
[39]
e ele aborreceu-se toda
[40]
e eu [vocalização]
[41]
A comida que estava diante de mim, mandei com ela ao chão,
[42]
parti tudo
[43]
parti louça,
[44]
parti tudo
[45]
e fui para a cama.
[46]
Meti-me no meu quarto
[47]
esta- [vocalização] A cozinha é como aqui assim,
[48]
e aqui é uma sala,
[49]
e aqui é um um quarto onde eu durmo
[50]
e tem mais um, um dois quartos para [pausa] para, às vezes,
[51]
INF ele não faz mal nenhum para para, às vezes, vir ele gente de fora,
[52]
que eles, às vezes, ficam .
[53]
E depois, passando passando ali dois dois anos, dois anos e pouco vem ela com o miudito.
[54]
E este
[55]
Eu via-os andar
[56]
Todos os quinze dias iam para Vale de Cambra, com a médica
[57]
chamavam-lhe a Basilissa, que era a que
[58]
Bem, quando uma mulher fica grávida,
[59]
INF ela cuida daquilo para [pausa] coiso.
[60]
INF E ela
[61]
E eles iam .
[62]
Um dia, eu fui buscar uma carrada de estrume, aqui acima, [vocalização] com a com as vacas,
[63]
e [vocalização] fui diante a mais ele roçar com
[64]
Agora é [vocalização] com uma máquina,
[65]
mas naquele tempo era com uma enxada.
[66]
Cada qual levava a sua enxada
[67]
e cortava o estrume
[68]
e depois vinha em cima do carro.
[69]
E depois ela foi
[70]
e ele foi
[71]
Foi mais eu
[72]
Ao outro dia da feira, não me disse nada
[73]
e eu também nada lhe perguntei.
[74]
E ele vai,
[75]
chegou à [vocalização] mãe
[76]
A minha mulher chegou com as vacas e com o carro para trazer o estrume.
[77]
E ele foi,
[78]
começou a brincar com a mãe
[79]
e disse assim:
[80]
"Ó mãe, você breve vai ter um neto ou uma neta"!
[81]
Eu calei-me.
[82]
Não andava assim muito mato por
[83]
e eles, ele era assim com a conversa para a mãe.
[84]
E a mãe começou:
[85]
"Cala-te tolo!
[86]
Cala-te tolo!
[87]
És um maluco!
[88]
És aqui,
[89]
és acolá"!
[90]
E ela foi
[91]
e [vocalização] depois eu fui revezar.
[92]
Virou-se para mim
[93]
e disse:
[94]
"Ó pai, você não sabe"?
[95]
"Que é"?
[96]
"Olhe que a Beatriz vai ter um
[97]
A-, a-, anda Anda grávida,
[98]
tem um"
[99]
Digo eu assim:
[100]
"Então Arquimedes" ele ele é Arquimedes , "então Arquimedes, e agora se eu o desse?

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