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Covo, excerto 13

LocalidadeCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Arquibaldo

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[1]
Tu também não eras uma criada de servir?
[2]
E não te querias casar
[3]
e não te casaste?
[4]
Então deixa-o .
[5]
Não quero que lhe digas nada.
[6]
É à vontade dele,
[7]
e se é à vontade E ele quer [vocalização] aquela, muito bem.
[8]
Se quisesse outra, era a mesma coisa, pronto!
[9]
É à vontade deles.
[10]
Ele quem se casa são eles"!
[11]
INF "Não somos nós, pronto"!
[12]
Vai,
[13]
[pausa] e ele foi
[14]
combinou a mais [vocalização] o sogro que hoje é sogro dele
[15]
combinou, naquele tempo, dar-lhe cinquenta contos, [pausa] à filha, e ele casar com ela.
[16]
A cachopita começou a ficar por nossa casa a trabalhar.
[17]
Dormir, dormia mais a minha irmã, a mãe do professor;
[18]
mas trabalhar, trabalhava na nossa casa.
[19]
A gente também servia a comida;
[20]
e ela ia levar o leite
[21]
e vinha
[22]
e, claro, agarrava-se a trabalhar:
[23]
ou ia à erva ou a cavar ou, pronto, a trabalhar.
[24]
INF Passou-se.
[25]
[vocalização] Quando foi nessa altura, [vocalização] combinaram dali por dois dias
[26]
Ela foi levar o leite
[27]
e chegou a casa toda lava- com as lágrimas por a cara abaixo.
[28]
Disse: "O que é o que tu tens"?
[29]
"Não tenho nada".
[30]
"Que tu não tens nada?
[31]
Isto, tu vieste a chorar!
[32]
Que é o que tu tiveste te fizeram?
[33]
Estás doente"?
[34]
"Não".
[35]
"Então o que foi"?
[36]
"Olhe, o meu pai arrependeu-se
[37]
[pausa] e agora não sei como há-de ser".
[38]
Disse eu: "O teu pai não presta"!
[39]
Eu fui logo assim: "O teu pai não presta.
[40]
Um homem tem uma palavra,
[41]
tem uma palavra!
[42]
Está dada,
[43]
está dada!
[44]
Uma pessoa antes de dizer, dizer assim pensa-se.
[45]
Agora tu
[46]
Mas tu fazes é o que tu quiseres".
[47]
A cachopita a chorar
[48]
e ele disse: "Ai, sim?!
[49]
Ai o teu pai está arrependido?!
[50]
Também eu estou arrependido!
[51]
[vocalização] Vai para longe.
[52]
Se quiseres ir, vai;
[53]
vai para donde anda o teu pai
[54]
e eu"
[55]
Olhe, ela se estivesse numa casa e ele chegasse, ela [vocalização]
[56]
Ela e ele, suponhamos, ela estava dentro duma casa
[57]
porque temos mais que uma, duas, três casas ,
[58]
e às vezes tinha que ir fazer qualquer coisa numa casa
[59]
e ele sabia que ela que estava
[60]
e ele não entrava .
[61]
algum tempo agora não , mas algum tempo agora tenho água em casa , mas naquele tempo, ele havia uns canecos [pausa] que era para vir à fonte, uns canecos de madeira,
[62]
e ele depois dizia dizer: "Eu quero beber".
[63]
E ela ia-lhe buscar a água para beber
[64]
e ele não pegava da mão dela.
[65]
Não pegava da mão dela,
[66]
não falava para ela,
[67]
não não lhe erguia um mo-
[68]
?
[69]
INF Sim senhor!
[70]
[pausa] E depois [vocalização]
[71]
INF Pois
[72]
ela não tinha culpa,
[73]
mas ele, ele aborreceu-se de ele combinar e depois negar-se
[74]
INF Vai,
[75]
ela andava por a chorar, volta e meia,
[76]
ela a trabalhar
[77]
Para não a ver chorar, um dia, calhou a água nossa
[78]
e ela foi por essa quinta regar
[79]
e eu fui para riba para para outras presas.
[80]
E ouvia aquela voz a gritar,
[81]
a gritar, disse: "Ai!
[82]
Raios te partam!
[83]
Queres ver que ela achou-se doente.
[84]
E agora como é que vai ser"?
[85]
Vim tapar a água,
[86]
tinha as presas como estas,
[87]
tapei-as
[88]
e botei a ter com ela.
[89]
"Olha , que é o que tu tens?
[90]
Andas a gritar,
[91]
que é o que tens"?
[92]
"Olhe, sabe o que eu tenho?
[93]
O Arquimedes é cartas e cartas" [vocalização] para uma vizinha que havia aqui nossa
[94]
"e, e, e [vocalização] E que todos os dias, todos os dias, vem cartas para ela;
[95]
e ele não fala para mim
[96]
Ele
[97]
Olhe, vou,
[98]
eu vou
[99]
Não sei o que há-de ser, que há-de-me
[100]
Vou-me botar a matar"!

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