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Covo, excerto 25

LocationCovo (Vale de Cambra, Aveiro)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Arquibaldo Bigail
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 Não te lembra aquele Choio do nosso mato?
[2]
Não te lembra?
[3]
Foi quando tiveste a Benilde, pois.
[4]
INF2 Então não me lembro!
[5]
Foi quando eu tive a minha Benilde!
[6]
[pausa] Foi.
[7]
[pausa] E ó Arquibaldo, quarenta e um ano.
[8]
INF1 Devia ser,
[9]
devia.
[10]
Devia ser.
[11]
Era uma camada de neve!
[12]
INF2 Eu tinha a minha pequena quinze dias, a minha mais velhita, que está em Albergaria.
[13]
INF1 Essa [vocalização] , olhe, a nora da daquele senhor que distribuiu as achigãs.
[14]
INF2 Que tem os olhos verdes!
[15]
INF1 É.
[16]
INF2 É minha filha.
[17]
Era a mais velha.
[18]
INF1 E depois o homem veio,
[19]
chegou aqui
[20]
eu andava com as vacas ,
[21]
chegou aqui
[22]
e disse para a minha mulher
[23]
INF2 Foi quando ele apareceu é que aconteceu isso.
[24]
INF1 A minha mulher andava a repartir o ga-, as vacas
[25]
chama a gente repartir:
[26]
é abrir ou fazer um roço, para um uma paveia para cada vaca.
[27]
INF2 Para elas comerem.
[28]
A ceia e o almoço.
[29]
INF1 E ela E ele chegou aqui,
[30]
e diz ele assim para ela: "Ó Blandina"!
[31]
Diz ela: "Que é"?
[32]
"O O Arquibaldo"?
[33]
Diz ela: " anda com as vacas".
[34]
Que era por mim.
[35]
"Para quê?
[36]
Você que é que lhe quer"?
[37]
"Olha, queria que ele fosse mais eu a Gestoso".
[38]
Diz: "Ó homem, espere um bocadinho"
[39]
Era uma camada de neve, que era!
[40]
INF2 Era, era.
[41]
Um mês!
[42]
Que aquela camada de neve esteve aqui um mês!
[43]
INF1 Diz ele assim
[44]
Diz ela assim: "Olhe [vocalização], você espere um bocadinho
[45]
que o meu homem vem
[46]
e bota as vacas ao curral
[47]
e vai mais você".
[48]
Ele foi
[49]
"Venha para dentro,
[50]
venha-se aquecer,
[51]
venha-se aque-".
[52]
Que ele era um o conhecido,
[53]
era aqui de de Paço de Mato.
[54]
"Venha-se aquecer".
[55]
Diz ela assim
[56]
Diz ele: "Não.
[57]
Olhe, me aquecer ainda é pior.
[58]
Olhe, eu até vou indo
[59]
e depois venho ficar".
[60]
Diz ela assim: "Olhe que você vai-se perder na neve!
[61]
Deixe-o vir,
[62]
que ele vai mais você,
[63]
que ele sabe conhece isto muito bem e você não"
[64]
"Não.
[65]
Não me perco,
[66]
eu não me perco".
[67]
Não perde?!
[68]
Chegou Ainda botou a Gestoso.
[69]
Chegou ,
[70]
foi falar com o falecido do outeiro [pausa] por causa de buscar dinheiro e
[71]
INF2 Foi buscar dinheiro.
[72]
O dinheirito até ainda estava no no bolso, depois debaixo da neve.
[73]
INF1 Depois o homem veio para ,
[74]
perdeu-se
[75]
INF2 Foi verdade.
[76]
INF1 Ficou debaixo da neve.
[77]
Esteve quinze dias debaixo da neve!
[78]
INF2 deixou uma chanca tão longe!
[79]
INF1 Sem Sem ninguém dar com ele.
[80]
INF1 Cobertinho de neve, ali esteve quinze dias!
[81]
INF2 Pois.
[82]
INF1 Ao outro dia, ao outro dia começou a vir por aqui gente,
[83]
era gente de
[84]
INF2 Procurá-lo.
[85]
INF1 A freguesia de Cepelos,
[86]
veio todos, e os filhos e a família toda à procura dele,
[87]
[pausa] à procura dele, à procura dele, onde é que foram dar com ele?
[88]
INF2 Os filhos.
[89]
Os filhos.
[90]
Eu também disse àquela minha que está na Albergaria.
[91]
Também foram chamar o meu ao meu filho, para ir com eles.
[92]
INF1 Aonde é que foram dar com ele?
[93]
Quase ao de Albergaria.
[94]
INF2 Eh, Arquibaldo!
[95]
Depois deram com ele quando a neve derreteu!
[96]
INF1 Derreteu,
[97]
pois foi!
[98]
Quando a neve derreteu é que deram com ele.
[99]
INF2 O homem estava coberto!
[100]
Ele estava coberto!

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