Representação em frases
Castro Laboreiro, excerto 18
Texto: -
INF1 Ora bem, a raposa é um caso mui-, é um com-, caso interessante.
Olhe,, [pausa] isto [pausa] eu tinha…
Nos meus tempos, [pausa] claro…
[pausa] Eu, meus pais, em aquele tempo…
Eu só comecei a aprender a ler algo quando tinha dezoito anos – que fui eu que paguei.
E fiz depois a [vocalização] quarta classe.
Os filhos escrevem bem porque ensinei-os.
Gastei dinheiro com eles.
Mas eu depois [pausa] eu, depois, para tirar a car-
INF2 Por desgraça, por desgraça, nós, claro. Foi só de– A mim ensinou-me ele.
INF1 [pausa] para tirar a carta de condução, pois [vocalização], tive que fazer a quarta classe.
Naquele tempo, não davam a carta sem…
Mas, no meu tempo, não davam a carta sem a quarta classe.
Não sei se tem conhecimento disso.
INF1 Tem conhecimento disso?
De maneira que [pausa] eu [pausa] sabia ler pouco.
É claro, aprendi com dezoito anos.
E depois, havia aqui um livro,
[pausa] havia um livro. [pausa] que lhe chamavam: "A Censura do Minho [pausa] e Verdades".
Era assim um volume grande.
[vocalização] Era Quer-se dizer, era [pausa] como [pausa] estas listas telefónicas que temos.
Sim, aqui e em e em todo o país!
Assim [vocalização] amarelas.
Mas, quer-se dizer, tinha o dobro da…
INF2 Mas eram p- eram pequeninas as lis-.
Não eram assim grandes como como esses.
Era mais alto ca a que a que à lista telefónica.
INF2 Mas não era assim comprida.
INF1 Mas não era assim comprida,
INF1 Era um livro Era um livro porque tinha para aí esta altura.
Então, tinha muitas coisas.
Depois, aquel- Isto que está a fazer a senhora, esta interrogação e tudo, tinha lá.
E depois, então, por baixo da- dali, tinha assim…
ora, isto, [pausa] é muito interessante na vida, a história da raposa.
Que o meu filho, o doutor, foi o que o agarrou e não sei que caminho lhe deu ao raio do livro.
Aquilo tinha coisas muito boas.
Porque a senhora fez-me uma pergunta: "Onde é que se ela esconde"?
Que, é claro, ficou-me aquilo na cabeça:
que dá na vida por muitas coisas, porque a raposa é muito inteligente.
INF1 Porque, em qualquer parte do nosso país ou noutro lado, diz-se assim: " [vocalização] Aquele, aquele aquela é uma raposa"!
Claro, o que é que é [vocalização]?
E de maneira que, é claro, ela é muito inteligente, a raposa.
É que então dizia por baixo…
Ora bem, isto [pausa] isto serve [pausa] para [pausa] na vida, muitas coisas.
A raposa é muito inteligente.
Tem uma toca – [pausa] é onde se ela esconde – ou um buraco.
Ela se for a fugir, [vocalização] ou vai a esconde-se na toca dela ou num buraco.
Mas o que tem é uma coisa:
é que, com licença, falando [pausa] como é, tem um rabo muito comprido, a raposa.
E [pausa] tem uma coisa com ela [pausa] para o caçador.
Então, depois, [pausa] lá tinha o o avô [pausa] e o filho [pausa] e o neto.
E o neto, então, dizia-lhe assim: "Ó fi- Ó avô, mas como é que ela é inteligente e eu vou fazer para a caçar"?
E o pai disse-lhe para o para o filho,
diz: "Olha, fala com teu avô que ainda tem mais prática do ca que a tenho eu".
"Oh, isso é a coisa mais fácil que há, filho".
Disse-lhe para o neto: "Olha, filho" – ele era neto mas… – "isso é a coisa mais fácil que há,
mas tens que ter muito cuidado, que ela é muito inteligente.
mas deixa sempre um bocadinho do rabo de fora".
Não consegue porque a toca não dá para mais.
[pausa] Porque geralmente faz a toca [pausa] quando é na criação, aquando é pequena.
Depois, quando vai com a pressa, como já ela é grande e é crescida, não dá para se meter [pausa] dentro tudo.
INF2 Fica o rabo de fora.
mas fica o rabo de fora sempre.
Que é estas coisas que há com muita manha, às vezes, mas fica sempre uma ponta que eu.
Até um que faça uma morte, pois tem sempre uma maneira de…
INF1 procuram uma a maneira.
E então, d- dizia-lhe o [vocalização] avô para o neto,
dizia: é a coisa mais [vocalização] fácil que há.
Que ela, claro, com aquela pressa que vai e já é crescida, fica sempre um bocadinho de rabo de fora.
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