Representação em frases
Castro Laboreiro, excerto 43
Texto: -
INF1 O tal Almerindo, quando foi da [vocalização] da república e da monarquia, tinha duas bandeiras.
Tinha a da [vocalização] monarquia
tinha a [vocalização] [pausa] e tinha a da república.
E então, depois então, claro, o tio era assim bom de levar,
E dizi- dizia, então, ele assim…
que foram vinham os médicos,
vinha aquela gente toda, [pausa] com quatro ou cinco…
INF2 Enterravam a toda a hora,
Não havia horas para enterrar.
Não havia horas para enterrar.
INF2 Morria em cada casa duas ou três pessoas.
E [vocalização] depois, então [vocalização], claro, pôs-se a contar-lhe àqueles homens.
E tanto contou, tanto contou, que o meu tio ouviu –
depois aquilo ficou gravado na história.
E depois, o meu tio tanto ouviu, tanto ouviu …
Diz ele Diz-lhe ele assim: "Já acabou, Senhor Professor"?
[vocalização] Disse: "Eu" Ele tinha um cavalo.
Claro, naquele tempo um cavalo era uma coisa…
INF2 Porque não havia carros [vocalização].
[pausa] "Já acabou, Senhor Professor"?
Aqui- e- Estava a contar mentiras.
Estava [vocalização] a vender o peixe dele, mas não [vocalização]…
INF2 Dizia que andava há não sei quantos dias sem se deitar, e sem ir dormir à cama.
INF1 Sem se deitar, e que levava muito trabalho, e que ele e o cavalo dele que havia um mês que que não [vocalização] parara, que tal …
E então, diz-lhe ele virou-se para ele,
o meu tio diz: "Ó Senhor Professor [pausa] , já acabou"?
INF2 Mas aquilo foi num enterro que estava a gente assim.
INF1 "Senhor [vocalização] Professor, agora vou falar eu.
Olhe, Senhor Professor, eu nem vou dizer ao contrário [pausa] ao que disse.
Mas só vou dizer uma coisa.
O senhor podia ter dormido as noites todas, sabe?
Podia ter manda- dormido as noites todas;
e e mandava o cavalo [vocalização];
e, e e ficava tudo arrumado, Senhor Professor".
"Que diz, senhor Alfredo, tal"?…
"[vocalização] Ó Senhor Professor, ó filho, isso não vai a lado nenhum, Senhor Professor.
Isso não vai a lado nenhum, Senhor Professor.
O senhor anda-se a armar em enfermeiro,
anda-se a armar [pausa] em doutor,
Os doutores são estes senhores
e é quem tem que frequentar aqui isto".
Que ele era regedor, naquele tempo,
"E mais nada, Senhor Professor".
E o professor [pausa] calou [pausa] diante deles.
Estava-lhe a vender o peixe,
mas, claro, estava ele ali, que ele, ele ele aparecia sempre.
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