Representação em frases
Enxara do Bispo, excerto 3
Texto: -
É o que a senhora quer fazer, não é?
INF Feijões, muito mais que agora.
Que [vocalização] agora nem se pode semear feijões nem coiso,
puseram isto tudo aí em [vocalização] [pausa] em reservas de caça.
INF Porque isto até havia de ser proibido, porque [vocalização] os terrenos são retalhados, muito retalhados.
É um que tem aí um bocadinho,
é outro que tem outro bocadinho,
Agora nem se consegue semear!
O ano passado se- gastei quarenta contos numa seara,
[vocalização] semeei-a de feijão,
ficou semeei vinte e dois quilos de feijão e [vocalização] e [vocalização], ou nove quilos de grão,
eu pu- eu punha espantalhos,
Dois, três dias, afastava-os.
Depois começavam outra vez,
começaram que ele só deixaram o restolho, pronto!
Não, não Não deixaram nada.
Antigamente não era assim.
O caçador era livre – não é? –
e, e apanha- e a caça era:
era três meses de caça todos os dias.
INF Quem quisesse caçar caçava.
O dono da fazenda ia para a fazenda,
e [vocalização] e de manhãzinha apanhava um coelho ou dois, ou uma perdiz,
INF à no- à tardinha vinha para casa,
apanhava mais um coelho ou dois, e coisa,
e os coelhos, havia mais desbaste aos coelhos.
mas é só ao domingo e feriados [pausa] e quintas-feiras.
INF Quer dizer, apanha dezassete dias de caça, ou dezoito, um um ano.
E o coelho, a criação é muita.
E depois, agora, eles puseram isto em como sócios só de caça-;
São muito poucachinhos porque os de fora não podem cá vir.
INF Passei a não ser sócio,
INF E eu tenho o prejuízo:
tenho uma licença de caça,
tenho um porte de arma – como outro qualquer – e uma espingarda,
e não posso lá ir caçar dentro daquilo que é meu.
INF É uma injustiça mesmo.
A gente tem o [vocalização] prejuízo
e e, no fim, com a licença de caça e tudo, não se podemos caçar desde que a gente não pague ali [vocalização] à sociedade.
INF Temos que pagar dez contos de entrada;
temos que pagar [vocalização] de seis em seis meses cinco contos…
Isto é uma, é um [vocalização] é uma roubadeira!
O caçador não tem lucro nenhum.
Pois se as fazendas são nossas, a gente é que tem os prejuízos, a gente é que está a criar a caça!
Tiramos uma licença de quatro contos ao Estado,
paga-se um porte de armas de [vocalização] de cinco contos e tal,
paga-se mais três contos e tal de de seguro de de espingarda,
e [vocalização] passa paga-se um conto de réis de uma uma vacina dum cão,
paga-se mais um conto de réis de duma licença dum cão…
Então, a gente tem gasta uns poucos de contos na, na nas licenças, e tudo,
e não tem ordem de caçar naquilo que é nosso?!
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