Representação em frases

Fiscal, excerto 1

LocalidadeFiscal (Amares, Braga)
AssuntoNumerais e medidasOs cereais
Informante(s) Cornélia

Texto: -


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[1]
INF Estas azenhas [vocalização] era o meu falecido pai que [vocalização] explorava.
[2]
INF Eu não era nunca fui moleira.
[3]
unicamente fui ajudante do meu pai não é? , na altura própria,
[4]
e [vocalização] depois fui servir.
[5]
E casei.
[6]
E de casar é que depois viemos morar para aqui para uma [vocalização] casa.
[7]
E o meu pai [vocalização] entretanto faleceu num esbarramento
[8]
e [vocalização] e eu tomei conta.
[9]
Tomei conta aqui das azenhas
[10]
e assim me habituei.
[11]
E estou aqui quinze anos.
[12]
INF São
[13]
Ora bem, em princípio eram duas azenhas:
[14]
era esta e [vocalização] e aquela de cima.
[15]
Mas que aquela está avariada sete anos.
[16]
[vocalização] O patrão não quis arranjar,
[17]
fiquei com esta.
[18]
Como agora também
[19]
INF Não, não.
[20]
Eu Isto é arrendado.
[21]
É do patrão.
[22]
Isto depois foi um
[23]
INF Ai eu [vocalização] andei a servir,
[24]
fui para o Porto tinha dez anos ,
[25]
fui para o Porto
[26]
e depois do Porto vim para Braga.
[27]
E de Braga, casei.
[28]
INF Em Braga casei
[29]
e agora resido aqui.
[30]
Não.
[31]
Resido aqui vinte anos.
[32]
que ao fim de cinco anos que morava , o meu falecido pai morreu não é? ,
[33]
e eu então vim tomar conta aqui destas azenhas, que eu morava n- nas outras azenhas em cima na ali na ponte.
[34]
INF E a minha mãe morava não é? , com o meu pai
[35]
e depois ela disse-me:
[36]
"Olha, eu não [vocalização] estou interessada em ficar com a [vocalização] com as azenhas.
[37]
Se quiseres vir para baixo, era-te melhor, porque a casa é melhor do que a de de cima", e tal.
[38]
E sempre me animaram
[39]
e eu aqui fiquei, não é?
[40]
INF Tínhamos duas então a trabalhar,
[41]
mas [vocalização] no princípio havia muito, muito que moer.
[42]
Até tínhamos dois burritos não é? ,
[43]
chamávamos-lhe nós os begueiros
[44]
INF Begueiros.
[45]
INF Que é aqueles jumentos.
[46]
Jumentos.
[47]
Havia machos
[48]
e havia jumentos.
[49]
que no tempo que o meu pai aqui estava, utilizava-se os os jumentos.
[50]
Os machos, tinha [vocalização] não usava, não é?
[51]
E [vocalização] E eu saía sempre duas vezes por dia e sempre com eles carregados.
[52]
Sempre!
[53]
[vocalização] E eu levava as moídas,
[54]
trazia outras para baixo.
[55]
Agora, ultimamente o [vocalização] o povo não coze.
[56]
É.
[57]
Coze pouquinho.
[58]
E agora cozem nos fogões de lenha, umas broinhas muito pequeninas e tal,
[59]
e vão assim arremediando.
[60]
E não se trabalha como se trabalhava não era? , antigamente.
[61]
No meu tempo que eu comecei aqui, que eu morava então em cima, e vinha às seis horas da manhã, logo muito cedo pôr isto a moer;
[62]
quando fosse dez horas, saía com dois burros carregados.
[63]
[vocalização] Uma vida difícil não é? , no princípio.
[64]
Agora não.
[65]
Agora [vocalização] mói-se pouquinho e.
[66]
Ou como agora, está parado, não é?
[67]
INF Mas ainda môo,
[68]
sim.
[69]
Agora está parada porque, como o rio cresceu bastante, depois é um bocadinho difícil para a pejar e tal.
[70]
E eu disse ao meu marido que deixasse estar assim a a azenha parada.
[71]
INF É ali fora.
[72]
Ali fora, eu vou explicar.
[73]
É uma É:
[74]
a roda que faz tanger esta é a roda de fora d- da água, não é?
[75]
Tem um pejeiro
[76]
e a gente [vocalização] levanta para cima a água,
[77]
mo- faz moer esta e [vocalização] , para pejar, quer dizer, para aparar,
[78]
a gente é chamamos-lhe nós pejamos com aquele tal pejeiro.
[79]
E prontos.
[80]
E hoje então não está não está a trabalhar,
[81]
mas, se a quiser ver a trabalhar, também não é o caso de de ver.
[82]
INF Ah!
[83]
Levávamos a farinha moída não é? , para cima, para o para os fregueses
[84]
e trazíamos outras para baixo, outro grão para baixo não é? , para moer.
[85]
E era assim isto,
[86]
era todos os dias.
[87]
Era os burros sempre carregados.
[88]
INF Esta farinha, por exemplo, chamamos nós aqui uma fornada não é? , esta fornada moída.
[89]
A gente vai buscar o grão ao [vocalização] ao freguês,
[90]
chegamos a casa, aqui à azenha não é? ,
[91]
moemos
[92]
e torna-se outra vez a levar,
[93]
torna-se outra vez a trazer outras
[94]
INF Estes sacos, chamamos-lhe nós fornadas.
[95]
É fornadas.
[96]
Fornadas de grão e fornadas de farinha, não é?
[97]
INF E [vocalização] Ou taleiga.
[98]
Também pessoas que lhe chamam os a taleiga.
[99]
INF É tudo a mesma coisa, não é?
[100]
INF Sim, em geral eu.

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