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Fiscal, excerto 2

LocationFiscal (Amares, Braga)
SubjectO moinho, a farinha e a panificação
Informant(s) Cornélia
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF É uma pesqueira, vá, que é um uma coisa [vocalização] que veda, que está ao ao desnível.
[2]
A água de cima fica mais encorada de que a água de baixo, não é?
[3]
INF Pois,
[4]
é nessa pesqueira.
[5]
Por exemplo, agora o rio cresceu;
[6]
continua – não é? –,
[7]
esborda, a pesqueira.
[8]
Mas no Verão, [vocalização] não.
[9]
[vocalização] No Verão, fica encorada na pa- na parte de cima,
[10]
e na parte de baixo lá fica só a que tem.
[11]
INF É a pesqueira.
[12]
INF Ora bem, ela encora
[13]
e vem ter aqui ao pejeiro onde eu tenho para pôr a azenha a moer.
[14]
INF [vocalização] Ela própria.
[15]
[pausa] Quer dizer…
[16]
INF Não, não, não, não.
[17]
Ela encora ali.
[18]
INF Vai…
[19]
Eu tapo muito bem a tal pesqueira – não é? –,
[20]
INF muito muito bem tapadinho,
[21]
e [vocalização] e a água chega ali – não é? –,
[22]
já não já não vai para baixo, para o rio de baixo, tão com facilidade, não é?
[23]
Começa a encorar
[24]
, a encorar, a encorare ela depois vem,
[25]
INF corre para aqui.
[26]
INF Pois.
[27]
Ora bem, se for um Verão muito seco, é preciso encorar muito, [vocalização] muito tempo
[28]
e [vocalização] e depois dá assim um poucochinho de tempo para para moer;
[29]
se o Verão não for assim muito seco, – quê? –, duas horas já encora,
[30]
já eu posso moer aí uma hora, ou duas horas.
[31]
Já me dá para eu moer [pausa] um bocadinho.
[32]
No Verão é assim.
[33]
É É praticamente aos encoros.
[34]
INF Não, não, não, não.
[35]
Ela é que vem directamente.
[36]
INF E eu, ela é encorada aqui
[37]
e depois vem directamente para o pejeiro.
[38]
Sim.
[39]
INF Sim, sim.
[40]
Levanto ao nível [vocalização], o que precisar para moer a azenha.
[41]
INF É um [vocalização]…
[42]
Bem, é ma- é mais do que uma tábua.
[43]
INF São do-, do- São dois barrotes e depois umas tábuas atravessadas, [pausa] até até tapar a água em baixo;
[44]
INF e depois em cima leva outros três travessinhos para a gente meter a tranca para, um pau, vá, uma que chamamos nós uma tranca, para levantar para cima.
[45]
INF Pois.
[46]
Para poder levantar.
[47]
Sim.
[48]
INF Vai por baixo bater numa ro- na roda que está aí [pausa] lá fora.
[49]
INF Não.
[50]
Essa roda está [vocalização], ora bem, [vocalização] montada num num, chamamos nós um eixo,
[51]
INF que vem aqui de baixo, que chamamos nós o cabouco, que já tem…
[52]
INF Pois, por a parte de baixo do moinho.
[53]
Que tem [vocalização], vá lá, um ferro – não é? –,
[54]
está em cima dum pau,
[55]
aquele ferro está ali colocado
[56]
e [vocalização] e depois tem um carrinho para cima, que é que faz depois moer aqui a pedra.

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