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Granjal, excerto 69
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O meu Emanuel pediu-me em casamento…
Disse aos meus pais que: "Olhe, o [vocalização] Emanuel gosta muito da Ercília e…
E [vocalização] se o senhor, se o senhor Se o tio"…
Ele chamava o meu pai tio.
"Se o tio lha quiser dar, olhe que ela vai bem, porque ele é muito bom rapaz".
E o meu pai disse-lhe: "Isso é com ela.
Ela é que sabe se gosta de dele ou não gosta.
Porque se gostar dele, é uma coisa;
se não gostar dele, não não vai agora casar à força com ele".
E depois o meu pai disse: "Olha, isso é contigo, rapariga".
Virou-se para mim: "Isso é contigo.
Tu é que sabes se gostas dele ou não".
E eu disse-lhe: "Olha que tu tens"…
Disse-me ele: "Olha que tu tens o Faustino da Vila da Ponte"…
Que namorei cinco anos com ele.
da Ponte e olha que tu, se ele me vem cá inquietar à porta, que me vem cá"…
"Ó pai, mas eu não gosto dele.
Conhecemos-nos em Junho e em Ago-, em Junho e em Agosto,
INF [vocalização] C- Consoante têm os teres.
Olhe, a mim não me deram a modo de dizer nada.
Deram-me duas mantinhas e e mais nada.
Eu é que comprei dois lençoizinhos, e duas almofadinhas –
fez-mos a Fernanda –, uma colchinha de vinte e cinco mil réis.
Foi o que levei para a minha casa.
INF2 Havia cá muita gente.
INF1 A minha mãe – éramos muitos e éramos pobrezinhos – deu-me uma mantita maior, melhor, e outra mais ruim.
Risos E graças a Deus nunca dormi na cama suja.
Ele adoeceu, passado pouco tempo,
teve uma doença muito grande,
e eu fiquei grávida da minha filha mais velha.
Estávamos os dois doentes.
Ia lá uma senhora – a senhora dona Felizarda, que era professora…
Coitadinha, tantos anos a acompanhem como de fome me matou!
INF2 Ainda tem muitas folhas.
Tem que fazer esse livro todo?
INF1 Matou-nos muita fome.
não podemos estar a falar.
INF1 E [vocalização] E depois [vocalização] ca- casámo-nos
e graças a Deus, olhe, lá fomos indo.
Como pobrezinhos sempre, mas sempre limpinhos.
INF1 Ele Eu tinha aqueles filhinhos, olhe, descalços.
Iam para a escola descalcinhos.
Ali a tia Felisberta dizia para a Fernanda: "É uma vergonha, rapariga"!
INF2 [vocalização] Havia muito pobre.
INF1 "Tu que te, a tua tia A tua cunhada faz-te tanta roupinha para os"…
"E faz-te tanta roupinha boa.
E esta Ercília que tem aqui sete de volta dela, trá-los sempre lavadinhos.
E tu que tens tanta roupa trá-los sempre uns porcos".
INF2 Eu ainda me lembra que a senhora dona Filipa, a senhora professora…
INF2 Levou uns sapatinhos muito bonitos, dela,
INF2 para dar à criança que lá estivesse, que lhe servissem.
INF1 Pois, mais pobrezinha.
Àquela que lhe servissem.
e eu disse assim: "Ai, se me servissem a mim!
INF1 Risos Também os queria!
também lá andava na aula.
INF2 E eu também ia descalça.
INF2 E [vocalização] Digo: "Ai, se me servissem a mim"!
À Etelvina do Faustiniano.
INF2 Que tinha o pé mais pequenino.
INF2 A senhora Filipa tinha um pé muito pequeninino.
Todos o calçaram, para experimentar,
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