Representação em frases

Larinho, excerto 21

LocalidadeLarinho (Torre de Moncorvo, Bragança)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Clarinda Clarisse Cid

Texto: -


[1]
INF1 [vocalização] Nós tínhamos umas padeiras [vocalização] na altura de
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Coziam muito, as padeiras,
[3]
e vendiam muito pão.
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INF1 Tinham todos os dias as padeiras de cozerem duas e três vezes, não é?
[5]
E depois elas coziam em casa;
[6]
e depois havia um- havia umas forneiras,
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iam buscar o [vocalização] pão [vocalização] às padeiras e, e, e às e às caseiras
[8]
e depois levavam-no para o forno e o forno
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cozia-o.
[10]
Havia assim próprias
[11]
INF2 Não, a gente
[12]
INF1 Não.
[13]
Qualquer Quase toda a gente cozia, mas as padeiras também:
[14]
quem não cozia também vendia pão para vender.
[15]
INF1 Mesmo neste tempo!
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INF2 Era!
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Havia padeiras também.
[18]
INF1 Por exemplo, para o- para os ricos, não é?
[19]
Porque em Felgueiras havia muito rico, não é?
[20]
INF1 [vocalização] Por exemplo, para o- para os ricos, era o era o moletinho, era o pã- o triguinho e era a sêmea.
[21]
Tirava a sêmea
[22]
e ti- era o trigo
[23]
e [vocalização] era o moletinho de quatro cantos.
[24]
INF1 O molete.
[25]
Chamavam-lhe aquele
[26]
INF2 Moletinho.
[27]
INF1 Os moletes.
[28]
Chamamos-lhe os moletes, não é?
[29]
INF1 Quatro cantos.
[30]
, era um molete.
[31]
E, às vezes, ia a da a "Olha, quero dois moletes [pausa] de quatro cantos".
[32]
E [vocalização] depois cozia para asquelas pessoas que não coziam, não é?
[33]
INF1 Coziam muito.
[34]
INF3 Isso é que era é que sabia bem nesse tempo.
[35]
Que isto era um consolo, comer esse trigo!
[36]
INF1 E depois também coz-.
[37]
E depois também o resto do povo
[38]
INF3 Não é como agora.
[39]
Agora vai tudo
[40]
INF2 É.
[41]
INF1 O resto do povo cozia tudo, não é?
[42]
INF Pois.
[43]
Então explique-me como é que se faz o pão?
[44]
INF2 Amassar?
[45]
INF1 Olhe o pão, o pão, por exemplo, a gente tem uma masseira, não é?
[46]
Uma masseira de
[47]
INF1 de madeira.
[48]
Eu até tenho ali uma.
[49]
E depois tem umas peneiras, não é?
[50]
INF1 E depois a gente peneira as as
[51]
INF2 E depois tem uma uma, uma
[52]
INF3 Oh, deixa deixe-a falar!
[53]
Deixa deixe-a falar!
[54]
INF1 E depois tem assim um
[55]
E depois tem assim uma umas
[56]
Como é que lhe chamam asquelas coisas de pôr em cima da masseira?
[57]
INF2 não me lembro como lhe chamava.
[58]
INF1 As varas!
[59]
INF3 As varas!
[60]
INF2 As varas!
[61]
INF1 Depois tem uma varinha em cima das masseiras;
[62]
depois anda a gente com duas peneiras, a a bater assim uma na outra
[63]
e a farinha cai para baixo, não é?
[64]
INF2 Eram assim
[65]
Olhe, é o , olha.
[66]
Olhe aqui!
[67]
INF1 Até tirar o f- o [vocalização] farelo.
[68]
INF1 Tirar o farelo.
[69]
E depois a gente amassa.
[70]
Por exemplo, amassa o pão com f- com fermento não é? , com um bocadinho de fermento ali do
[71]
INF2 De antigo!
[72]
INF1 Agora De antigo!
[73]
Agora é tudo à base de
[74]
INF1 Depois esse fermento
[75]
Por exemplo, toda a gente tinha quando a gente não tinha ,
[76]
mas toda a gente quase tinha fermento, não é?
[77]
De oito em oito dias não se estragava.
[78]
A gente tinha aquela malguinha de fermento,
[79]
a gente botava o fermentinho no canto da masseira
[80]
e fazia ali um pãozinho de fermento, ao canto da masseira.
[81]
Quando aquele ma- fermento está lêvedo, está assim arreganhadinho, a gente amassava o pão.
[82]
Amassava o pão,
[83]
ficava o pãozinho todo amassado.
[84]
INF1 Pois, era a fa- era a massa, a massa da farinha.
[85]
E depois a gente, [vocalização] a massa estava ali uma horinha ou duas a levedar não é? ,
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a gente tornava depois a fingir.
[87]
A fingir o pão.
[88]
E a fazer uns pã- uns pães.

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