Representação em frases

Larinho, excerto 27

LocalidadeLarinho (Torre de Moncorvo, Bragança)
AssuntoOs cereais
Informante(s) César Clara

Texto: -


[1]
INF1 É .
[2]
INF2 O rasouro.
[3]
INF1 um rasouro para arrasar os tais as tais rasas, os tais alqueires.
[4]
INF2 Mas é quem queira vender.
[5]
Quem queira vender é que tem que arrasar.
[6]
Não querendo vender, não não é preciso estar a arrasar.
[7]
INF1 Pronto, põe-se o saco
[8]
e não se está ali a arrasá-lo.
[9]
INF1 Isto é tudo da gente, não é?
[10]
Agora, por exemplo, quando é:
[11]
ou para pagar rendas, por exemplo,
[12]
que antigamente havia essas terras que estavam à renda, que não eram dos próprios donos;
[13]
arrendavam [vocalização] ao dono por uns tantos alqueires.
[14]
INF1 O Esse dia então da malhada, depois de estar limpinha e preparada, a gente mandava recado ao dono,
[15]
o dono vinha,
[16]
o dono com a gente via os alqueires,
[17]
portanto os alqueires então é que se arrasavam.
[18]
Enchia-se o alqueire,
[19]
arrasava-se, a conta certa,
[20]
e dava-se ao homem no saco dele.
[21]
E o levava para casa.
[22]
INF1 As rabeiras.
[23]
INF1 Sim.
[24]
Sempre fica.
[25]
Pois,
[26]
sempre fica umas espigas inteiras.
[27]
Isso chama-lhe a gente as rabeiras.
[28]
INF2 Rabeira moinha.
[29]
INF1 Esses restinhos depois vão praticamente para galinhas, para bestas,
[30]
que ele não se junta com o outro,
[31]
que são sujidades pão partido e e espigas, e e, às vezes, cornilho,
[32]
que antigamente havia muito cornilho.
[33]
INF2 Cornilho.
[34]
Um que sai do centeio na espiga do do centeio.
[35]
Forma assim uma coisa preta e [vocalização] .
[36]
INF1 Na espiga do centeio.
[37]
Que isso dava muito dinheiro antigamente.
[38]
INF1 Um quilo disso antigamente era capaz de dar sete ou oito centos mil réis.
[39]
INF1 Isso era para medicamentos.
[40]
INF1 Era para medicamentos.
[41]
INF2 Levavam-no para baixo.
[42]
Ele andava muito procurado.
[43]
INF1 Isso era muito procurado.
[44]
A gente estava Quando estavam a limpar, é um, é um é um corninho como isto, assim preto, assim género de desta folha, o que é escuro.
[45]
INF2 Andavam sempre atrás dele.
[46]
Preto.
[47]
INF1 Preto.
[48]
E [vocalização] por exemplo, a gente estava ali ao de limpar,
[49]
havia pessoas própria que não deixavam perder um.
[50]
INF1 É como a gente a a encontrar dinheiro.
[51]
Tal é!
[52]
INF1 Que aquilo dava muito dinheiro antigamente!
[53]
INF1 E antigamente para a gente arranjar cem escudos era um problema, não é?
[54]
INF1 Pois,
[55]
aquilo é
[56]
E havia muito antigamente!
[57]
Havia muito
[58]
INF1 Então, quase não se .
[59]
se um grãozinho ao meio,
[60]
mas raro!
[61]
INF1 não.
[62]
Agora não procuram.
[63]
Agora ninguém faz caso dele.
[64]
Agora, no tempo da nossa criação, isso valia muito dinheiro!
[65]
Não se Não se limpava quanto quando era um um cereal
[66]
Cereal nenhum!
[67]
Mas isso no pão!
[68]
é no pão!
[69]
INF1 No [vocalização] No outro cereal, não.
[70]
INF1 É no pão.
[71]
INF1 Não havia!
[72]
Chamavam-lhe o cornilho.
[73]
Não se deixava perder um!
[74]
Havia pessoa própria, consoante se limpava, ali ao do montão,
[75]
consoante caía a [vocalização] consoante a botava, caía ali limpinho.
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Havia outra pessoa ali, uma pessoa ali ao , ou duas, a apartar, a guardar isso,
[77]
que isso valia bom dinheiro!

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