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Lavre, excerto 8

LocalidadeLavre (Montemor-o-Novo, Évora)
AssuntoA criação de gado
Informante(s) Aramis

Text: -

[1]
INF Andei, sim.
[2]
[vocalização] Guardei gado muitos anos.
[3]
INF Pastor.
[4]
INF Sim senhora.
[5]
INF Pastor, há aí uma di- uma diferença.
[6]
INF [vocalização] O pastor é de guardar ovelhas.
[7]
[pausa] Toda a gente chama-lhe pastores os moirais de gado e tal, tal, tal.
[8]
Mas quer dizer, o pastor que é pastor é moiral de [pausa] vacas – ou, de de ovelhas!
[9]
Há o vaqueiro, que é o moiral de vacas;
[10]
há o porqueiro, que é o moiral de porcos…
[11]
Portanto: eu fui porqueiro, [pausa] que eu guardei porcos;
[12]
eu fui vaqueiro, que guardei vacas;
[13]
e fui pastor, que guardei ovelhas.
[14]
E fui cabreiro, porque guardei cabras!
[15]
INF Todas essas coisas eu fiz.
[16]
Tudo!
[17]
Tudo, eu fiz isso tudo em casa desses lavradores.
[18]
INF Não senhora.
[19]
Tinha ajuda.
[20]
Éramos dois, sempre.
[21]
Quase sempre dois.
[22]
Quando era, por exemplo, no outro tempo, que ordenhava-se as ovelhas, ordenhavam-se as cabras, éramos sempre dois.
[23]
E as vacas eram muitas,
[24]
tínhamos de ser dois a guardá-las.
[25]
Quando não, era um sozinho
[26]
não dava a conta.
[27]
INF Porque à tarde, ficava um a guardá-las e vinha outro tratar do, dos p- das manjedouras, onde elas ficavam para comerem durante a noite.
[28]
INF Pois, elas vinham para para os montes.
[29]
INF N- Não.
[30]
Ficam um certo tempo.
[31]
[pausa] Um certo tempo, que há a pastagem, ou qualquer coisa, ficam lá…
[32]
Mas certos outros tempos, têm que vir para as cercas, [pausa] onde há as manjedouras, que é para [pausa]
[33]
INF comerem durante a noite.

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