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Ponta Garça, excerto 17

LocationPonta Garça (Vila Franca do Campo, Ponta Delgada)
SubjectO moinho, a farinha e a panificação
Informant(s) Anacreonte Amílcar
SurveyALEPG
Survey year1996
Interviewer(s)João Saramago Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 O trincho.
[2]
Tem o trincho
[3]
e depois tem uma como é que eu ia a dizer ao senhor
[4]
E tem uma moega.
[5]
Tem uma moega do moinho que é de a gente vazar o milho dentro.
[6]
E tem a telha que cai o dentro, de da de cima, da do vão da telha
[7]
INF1 Vão da moega,
[8]
caem em cima da telha
[9]
e depois vai para baixo para a para o moinho, [pausa] para a pedra.
[10]
INF1 Não senhor.
[11]
INF1 Ai!
[12]
um um cachorro!
[13]
É o que a gente tratava o cachorro do moinho.
[14]
Batia na pedra
[15]
e tem uma cantadeira, que ia à [vocalização] ele como é que se diz? , que ia à telha.
[16]
Aquilo [vocalização] botavam assim [pausa] um trincho, uma tabuinha assim
[17]
e aqui [pausa] está uma telha
[18]
e aqui está o cachorro com um buraco no trincho,
[19]
ele botavam aquilo,
[20]
[vocalização] o moinho anda- a pedra andava de roda
[21]
e aquilo batia:
[22]
tim-tim-tim e o milho caía.
[23]
Mexia com a telha
[24]
e caía na
[25]
INF1 Não senhor.
[26]
INF1 Era num Era num pauzinho mesmo.
[27]
A gente [vocalização] O [vocalização] Os mestres faziam uns buracos,
[28]
a gente punha um torno
[29]
e botava assim na cantadeira.
[30]
INF1 A cantadeira é uma cantadeira que , que a gente chama a cantadeira é de aguentá-lo ele que pregavam no trincho.
[31]
INF1 É sim senhor.
[32]
É uma tábua que a gente põe aqui assim.
[33]
INF1 E essa E a gente daqui [pausa] fazia assim um um recortezinho
[34]
INF1 e p- e botava aqui o
[35]
INF1 o cachorro do moinho.
[36]
É o cachorro.
[37]
E então é, esse [vocalização] ia aqui uma outra tabuinha, que era para ele para mexer com a telha, que é para cair o milho.
[38]
INF1 E aqui tem o torno!
[39]
Tem o torno na moega, que é de a gente
[40]
O moinho quando pede grão, a gente dava o grão.
[41]
O moinho estava carregado,
[42]
até ele não queria grão,
[43]
a gente tirava o grão.
[44]
Ali é que a gente lhe tempera a farinha: ou grossa ou fina.
[45]
INF1 É, sim senhora.
[46]
É para fazer descer-se a telha para baixo.
[47]
Se a gente se [vocalização] Se quiserem: [vocalização] o moinho está pedindo grão,
[48]
a gente uma coisinha de [vocalização] torno para .
[49]
Ele está carregado,
[50]
o moinho está está a moer bem,
[51]
a gente [pausa] dá-lhe para cima, para cair menos grão.
[52]
INF1 É is- É isso mesmo.
[53]
É, sim senhor.
[54]
em cima da pedra.
[55]
[pausa] É.
[56]
INF1 Ah, isso é a moega, que a gente trata a moega.
[57]
INF1 É, sim senhor.
[58]
É as guardas [pausa] adonde cai a farinha.
[59]
INF1 É.
[60]
Donde cai a farinha que o moinho bota fora.
[61]
É as guardas dele, que a gente tratava as guardas do milho.
[62]
INF1 Era, sim senhor.
[63]
INF1 Era, sim senhor.
[64]
A gente a punha e tirava.
[65]
Quando a gente queria picar a pedra [pausa] a gente tirava aquilo fora.
[66]
INF1 É o cabouco.
[67]
INF1 Isso é o
[68]
E a gente punha a pedra cima.
[69]
[vocalização] A gente, se se tratava [vocalização] para a pedra pousar, [vocalização] é uma grade
[70]
que a gente tratava a grade e [vocalização] e para levar a pedra para dentro, era um um carro.
[71]
Que a gente tinha um até um carro em madeira.
[72]
E tinha a palanca de balrear para trás e para a frente com a com a pedra.
[73]
INF1 Botavam fora.
[74]
[pausa] Botavam dentro
[75]
e depois o moinho botava fora.
[76]
INF1 E depois botavam uma saca d- dessas d- de milho que era para o porco, que é para alimpar o moinho, que é por causa de não botar uma saca de cozer para não vir pedra.
[77]
INF1 Botavam [vocalização] do porco.
[78]
INF1 Eu sei.
[79]
Eu sei o que é que a senhora está dizendo.
[80]
Que a gente, ele tem o buraco donde o milho cai não é?
[81]
INF1 Não senhor.
[82]
Não tinha.
[83]
INF1 O olho da pedra que a gente de que a gente tratava , o olho da pedra é quando a gente vão [vocalização] picar a pedra e dizer assim:
[84]
"Oh!, is-, isto isto é que é uma pedra boa"!
[85]
Isso é o olho da pedra.
[86]
É o olho da pedra.
[87]
INF1 Onde picavam,
[88]
sim senhor.
[89]
É onde picavam.
[90]
INF1 [vocalização] Isso é um chapéu [pausa] que a gente punha.
[91]
Era um chapéu d-, d- ou de palha, ou desses de Braga que havia nalgum tempo.
[92]
Que é porque batia na segurelha e pulava para fora para o milho não sair.
[93]
O milho, ele como é que se diz?
[94]
Ficava ma- O chapéu ficava mais alto
[95]
e o e o grão não saía todo.
[96]
INF1 É.
[97]
É chapéu de palha o que havia no tempo.
[98]
Havia muitos homens com chapéu de palha.
[99]
E era E era chapéus de Braga que usavam no tempo.
[100]
Cortavam o fundo o [vocalização] chapéu por cima, pois, no fundo,

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