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São Lourenço da Montaria, excerto 6
Text: -
Ele trabalhava de carpinteiro – não é? –
INF Trabalhava em Lisboa.
Trabalhava em carpintaria.
Naquele tempo – lá ficou, coitado – não havia meios de o poder trazer.
Naquele tempo o ordenado dele também era pequenito.
Pronto, ficou lá no, [pausa] no hospital do [pausa] de São João – parece que foi.
INF No cemitério de São João.
[pausa] que ele lá vai e eu não tardarei a ir também.
Olhe que eu Olhe que eu estive aí [vocalização]…
Foi ali pelo Carnaval que me deu uma colite que eu [vocalização] tive o meu filho teve de ir comigo às onze horas da noite para o hospital para Viana.
E adiante, isto foi n- na terça-feira à noite – foi no dia de no dia tre- treze de Fevereiro – e na quinta-feira tornou-me a dar
e tiveram de ir outra vez comigo para Âncora para o doutor.
Uma colite que me deu que quase morria!
Elas bem compram, coitadas.
Eu digo: "Vocês têm de comprar aí"…
Trazem-me aí um bocado de carne
e eu meto-a no frigorífico – que eu não tenho, mas tem a minha nora –
e vou tra- trazendo aos bocadinhos,
INF Não posso comer nada [vocalização] estrugido.
Tudo ou grelhado ou cozido.
Mas, [vocalização] então!…
[pausa] Eu como ando pouco…
Até hoje, até quando ia buscar um bocado da carne lá – que eu logo parto-a aos bocadinhos e ponho cada qual bocadinho na sua saquinha para [pausa] para, trago um bocadinho daquela saquinha para não estar a abrir a saca e a partir –, hoje quando ia buscar lá, a minha nora já não estava na casa, já tinha saído.
E: "Pois e agora o que faz de comer"?
E eu digo: "Ai, eu faço muito bem para mim"!
botei-lhe uma manadinha de arroz,
botei-lhe uma cenourinha cortadinha,
botei-lhe um bocadinho de azeite
e [vocalização] e logo ainda botei uma couvinha desta penca, cortadinha, cortadinha.
Pronto, já tenho a minha comida feita!
INF Sim, para o dia todo.
A gente já chegamos a uma certa idade que já a gente come menos.
[pausa] Sustenta-se com pouco.
Eu de manhã bebo um gole de cevada
e estou inté ao meio-dia.
Mesmo quando me deram comprimidos para tomar agora quando estive assim, tinha de tomar dois [vocalização] ao almoço, ao meio do almoço.
E depois tomava um às dez horas [pausa] do dia.
E depois tomava outro antes de do comer ao meio-dia.
E depois ao meio do comer – a m- a meia hora antes do comer e logo ao meio do comer – dois.
E depois de tarde outro, [pausa] às sete da tarde.
E an- [vocalização] E antes do comer, meia hora, outro.
E depois ao meio do comer outra vez.
Mas eu de manhã não comia,
Sim, os de de manhã só só tomava o que tomava às dez horas,
o mais não tomava mais nenhuns que não comia.
[vocalização] A gente passa.
Chega-se a uma certa idade já a gente está feito,
a gente não precisa de muito comer.
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