Representação em frases

Arcos de Valdevez, excerto 22

LocalidadeArcos de Valdevez (Arcos de Valdevez, Viana do Castelo)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Antipas

Texto: -


[1]
INF Matar o porco é o que chamavam, não é?
[2]
INF E depois preparavam o alguidar com [pausa] alho.
[3]
[pausa] Alho não é? e um bocadinho de loureiro
[4]
e ia-se matar se fosse para para o sangue para ele para coalhar.
[5]
E se fosse para fazer para o sangue ficar sem coalhar, botava um bocado de vinho está bem? vinho,
[6]
e depois era batido.
[7]
E depois matar o porco num banço não é?
[8]
e toca a chamuscá-lo.
[9]
Chamuscava com um torgo
[10]
e raspava-se-lhe aquilo a pele, aquilo tudo de fora.
[11]
Punha-o cor de, de ou cor de limão ou cor de castanha.
[12]
É uma coisa:
[13]
ele b- bem curtidinho não é? para ficar tenrinho.
[14]
E depois lavava-se, [pausa] bem lavado.
[15]
E depois é que ia para abrir [pausa] no, no co- no banco, que ia ser pendurado.
[16]
Abria-lhe,
[17]
tirava [vocalização]
[18]
Abria-o, claro!
[19]
Fazia-lhe a língua
[20]
e fazia-lhe a parte de trás,
[21]
metia-a para dentro,
[22]
e depois é que o abria a meio.
[23]
E depois enganchava-o por um f- rasgo nas nas unhas dos pés,
[24]
metia um chambaril
[25]
e pendurava-o com umas com as cordas, em cima no em cima.
[26]
E depois é que lhe tirava o fato fora.
[27]
Depois abria-o
[28]
e e li- limpava-o bem limpinho
[29]
e ficava ali impecável.
[30]
Era.
[31]
E depois, nisso, ficava arrumado.
[32]
E depois ia dividir.
[33]
Desfazer as tri- Desfiar as tripas, eu!
[34]
Eu desfiava.
[35]
Tirava-lhe a gordura
[36]
[pausa] e depois iam para lavar.
[37]
não era eu!
[38]
E depois a desmanchá-lo, eu ia desmanchá-lo.
[39]
INF No dia Ao outro dia ou dali a mais dois dias não é?
[40]
Ele Ele no dia seguinte, eu desmanchava-o.
[41]
Eu!
[42]
Bem desmanchado!
[43]
Tirava-lhe [pausa] primeiro era a cabeça,
[44]
e depois abria a meio
[45]
e tirava-lhe a espinha fora ou isso.
[46]
Metade para cada lado,
[47]
desmanchava:
[48]
tirava-lhe as costelas
[49]
e depois tirava-lhe as febras, o lombo
[50]
primeiro, tirava-lhe os lombelos
[51]
INF Os lombelos.
[52]
E depois é que lhe tirava as cos- as costelas.
[53]
Tirava-lhe os lombos, um de cada lado.
[54]
E depois tirava as febras [vocalização] do lado da barriga.
[55]
E depois é que fazia os presuntos e as pás e cortava em quadrado a as barrigas
[56]
[pausa] e as unhas.
[57]
Tudo!
[58]
Desmanchava-o bem desmanchado.
[59]
E salgava-o.
[60]
Fazia um uma salmoira boa
[61]
INF Salmoira.
[62]
Com vinho, sal, alho, pimenta, colorau, conforme, o que quem quisesse.
[63]
Uma coisa porreira, uma coisa bem feita.
[64]
Depois salgava.
[65]
[pausa] Era uma pessoa a salgar
[66]
e depois eu assentava na na salgadeira: uma fiada de sal, carne [vocalização] presuntos ou as pás ou tudo o que for fumeado , e depois mais sal, a não chegar u- [vocalização] a não chegar uma carne à outra!
[67]
INF Depois tornava a botar outra camada.
[68]
Sempre assim.
[69]
INF Para temperar a carne, era s- era sal, a- vinho e alho, pimenta e colorau, se lhe quisesse pôr aquele colorau.
[70]
INF Era isso.
[71]
Ai e ficava uma carne gostosa!
[72]
Havia aquele quem pusesse em moura, que era de salgadeiras de cimento ou pedra.
[73]
INF Em moura é que era:
[74]
ele gastava menos mais vinho um bocadinho e menos sal.
[75]
E quando ficasse em salgadeira de madeira, fi- gastava mais sal
[76]
mas ficava a carne enxutinha.
[77]
INF Era.
[78]
Mas não podia
[79]
INF Não senhor!
[80]
INF se fosse acimentada.
[81]
Não, não.
[82]
INF de pedra é que era moura.
[83]
INF Com mais vinho.
[84]
Mas a ca- a carne depois era mais gostosa na, na na salgadeira de madeira.
[85]
Enxutinha
[86]
mas não ganhava [vocalização] ranço!
[87]
Se ganhar ranço, não presta.
[88]
INF Era.

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