Representação em frases

Moita do Martinho, excerto 14

LocalidadeMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
AssuntoO leite e o queijo
Informante(s) Cassiano

Texto: -

[1]
INF A gente chamava-lhe era o leite coalhado.
[2]
[pausa] O leite era era, por exemplo, era:
[3]
[vocalização] levava a mezinha,
[4]
chamavam-lhe a mezinha,
[5]
e então depois é que coalhava o leite,
[6]
e e era a coalhada,
[7]
era a coalhada do leite.
[8]
Talvez seja isso que me está…
[9]
INF É a nata.
[10]
Chamavam-lhe a nata do leite.
[11]
INF A manteiga, ou qualquer coisa assim.
[12]
INF Ele por por acaso aqui até nunca se nunca se fazia.
[13]
Nunca se fazia a manteiga,
[14]
mas a gente chama- sabia que é.
[15]
Também era, quer dizer, era tudo aproveitado depois juntamente co- com a coalhada do leite
[16]
e ia para o queijo, com essa com essa gordura assim juntamente.
[17]
INF Olhe, usava-se muito – agora, mais tarde, já assim não era – era do dos coalhos, que era o estômago do do, do animal enquanto não comia, enquanto só mamava.
[18]
INF Eram coalhos, exactamente.
[19]
Vendiam os cabritos em pequeninos, antes de antes de eles comerem, que depois de comerem já não prestava, já não, já não se já não podiam utilizar aquilo.
[20]
INF E antes antes de eles comerem, por exemplo, aí com três semanas, um mês, ainda não comiam,
[21]
e depois vendiam os cabritos
[22]
e esses próprios cabriteiros é que vendiam depois os coalhos às pessoas, não é?
[23]
Andavam assim com umas molhadas deles aí nas f- nos mercados, nas feiras,
[24]
e depois as pessoas dirigiam-se a eles
[25]
e compravam-nos, aos coalhos.
[26]
INF Eram secos, [pausa] sim.
[27]
Aquele leite secava-se-lhe dentro do, do, dos, daquele do coalho,
[28]
chamavam-lhe o coalho, que era o estômago do do animal.
[29]
INF Para coalhar o leite.
[30]
INF Desfaziam um bocadinho na em água,
[31]
e depois despejavam aquele pinguinho da, da daquela água assim com esse tal dito coalho desfeito, para dentro do leite
[32]
e é isso que coalhava o coiso.
[33]
INF A coalhada.
[34]
INF [vocalização] Era manual,
[35]
era à mão, pois então.
[36]
A minha mãe e os outros todos tiravam-se aquele boca- punhadozinho da de coalhada,
[37]
e depois estavam iam espremendo aquilo assim para cima duma duma tábua preparada, chamada queijeira,
[38]
[vocalização] e espremiam aquilo até chegar a um certo já mais, mais mais duro,
[39]
um bocadinho mais duro, e depois é que punham dentro de chamavam-lhe o trincho.
[40]
INF E depois ainda com a mão, punham uma mão por baixo e outra por cima,
[41]
e ainda iam apertando assim, para ir largando o que chamavam o almece.
[42]
INF É o almece.
[43]
INF O almece.
[44]
INF Não,
[45]
a gente aqui não.
[46]
INF Aqui depois ia para o para os animais, para os porcos.
[47]
INF Era coalhada.
[48]
INF Era uma coalhada, sim.
[49]
INF É, exactamente, assim com duas vedações de lado, assim por aí afora,
[50]
abaixo fechava assim num bico,
[51]
INF e depois escorria.
[52]
Depois vi- vinha para uma, qualquer coisa um alguidar, por baixo, a aparar, o [vocalização] almece.
[53]
INF Ia Ia para os porcos.

Edit as list • Representação em texto • Representação em frases