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Moita do Martinho, excerto 32

LocalidadeMoita do Martinho (Batalha, Leiria)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Celestino

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[1]
INF Um joeirador.
[2]
INF Separa o trigo por um lado, o falhido para um lado
[3]
INF O falhido.
[4]
e separa [vocalização] as sementes para quatro partes.
[5]
INF É dentro.
[6]
Tem uma umas palhetas, chama a gente.
[7]
INF Se-, as mais As mais miúdas para um lado, as mais grossas para outro,
[8]
INF separa aquilo tudo.
[9]
INF Tira, [pausa] e depois, depois vamos, não Depois mistura-se o trigo todo
[10]
e vai todo para as mós.
[11]
INF É para limpar o trigo, [pausa] para não ir uma pedra, para não ir um arame, para não ir uma semente, para nós comermos [vocalização] as farinhas em condições.
[12]
INF Sim.
[13]
É O farinheiro é antigo ainda.
[14]
INF Fica em cima.
[15]
Mas eu quero-a pas-
[16]
Quero-a passar também para baixo.
[17]
INF Chamamos um avental.
[18]
INF Sim senhora.
[19]
INF Tudo!
[20]
Não nada que não tenha o seu nome.
[21]
INF É o relho, o relho, sim.
[22]
INF É esta travessazinha aqui.
[23]
É isto.
[24]
Isto chama-se os prumos,
[25]
estão aprumados.
[26]
INF Mas isto se chama o relho.
[27]
INF Aquilo chama-se aqui [vocalização]
[28]
A gente chama-lhe o copo,
[29]
outros chamam a rela.
[30]
Depende
[31]
INF A gente chamamos
[32]
Temos mais o hábito de chamar o copo.
[33]
INF Chama-se o veio.
[34]
Isto chama-se veio.
[35]
INF Vai para cima, para a .
[36]
INF Pois é.
[37]
INF Tudo tem o seu nome.
[38]
INF Chama-se Chama-se também prumos.
[39]
INF Tudo Tem tudo conjunto.
[40]
Isso se chama as vigas do moinho, as vigas.
[41]
INF Pois.
[42]
Tudo tem o seu nome.
[43]
INF Está.
[44]
A gente conserva,
[45]
INF a gente conserva.
[46]
INF Vou buscar um moçozinho.
[47]
Quero arrumar isto para trazer vários taleigos da minha casa para aqui,
[48]
porque isto está tudo cheio.
[49]
INF Pois tenho.
[50]
Até trago para aqui taleiguinhos pequenos.
[51]
INF É a vida antiga!
[52]
INF Sim,
[53]
enquanto a gente puder, vamos [vocalização] andando.
[54]
INF Eu não sei.
[55]
Eles não sabem o que querem.
[56]
Esta gente nova hoje não sabem o que querem.
[57]
INF Mas também não é rico.
[58]
INF Como?
[59]
INF Sim, alguns mostram.
[60]
Eles mostram.
[61]
Dizem para não acabar.
[62]
Um dia sempre quem pegue, não é?
[63]
sempre Dentro de quatro, mal é que não haja um que [pausa] não fique a tomar conta.
[64]
INF Sabem, sabem.
[65]
Eles sabem.
[66]
Se eles quiserem, sabem.
[67]
INF Sim, o vento sai barato.
[68]
Mas o fim do mês vem
[69]
e a conta vem maior.
[70]
INF E aqui não,
[71]
o vento é de graça.
[72]
INF Isto também não é rico.
[73]
Aproveitamos o vento,
[74]
não pagamos luz.
[75]
INF Sim, sim.
[76]
INF Volta e meia, tem aquelas tábuas em volta,
[77]
leva novas.
[78]
Mas dura muitos anos também.
[79]
INF A água cai,
[80]
escorre logo
[81]
e depois não apodrece a madeira.
[82]
INF Pois.
[83]
Aquilo é muito antigo também,
[84]
é um moinho muito antigo.
[85]
INF Também chamam os dentes dos carretos.
[86]
INF Sim senhor.
[87]
Isto dura sempre cinquenta anos a trabalhar.
[88]
INF É de azinho, azinheira.
[89]
INF Tudo.
[90]
Que é a melhor madeira.
[91]
Nem carvalho, nem sobro presta para isto.
[92]
INF É o azinho ou então oliveira brava.
[93]
É a melhor madeira.
[94]
E nós quando queremos colocar a madeira para isto, cortamo-la,
[95]
e depois convém secá-la à sombra sempre à sombra, dois anos, sempre à sombra, para ela secar assim .
[96]
INF Depois fica então muito rija
[97]
e dura então muitos anos.
[98]
INF Eu faço.
[99]
Eu desenrasco-me.
[100]
INF Desenrasco, sim.

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