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Montalvo, excerto 11

LocationMontalvo (Constância, Santarém)
SubjectA agricultura
Informant(s) Guilherme Guliver
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ana Paula Banza Maria Lobo
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


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[1]
INF1 Vinha esta coisa, por exemplo, do, do do milho:
[2]
era semeado
[3]
o milho era semeado a lanço.
[4]
Andavam os bois [pausa] a lavrar, e tudo,
[5]
e depois, é claro, ia o abegão,
[6]
espalhava o milho a lanço, tudo para fora;
[7]
e depois ia [vocalização] a gente com as grades que chamam-lhe uma grade, que é uma parte com uns bicos, e tal
[8]
é gradar e enterrar o milho.
[9]
Quando era principal no nateiro, principal no nateiro, quando era ao fim de vinte dias, se podia sachar.
[10]
Mas aquilo depois era dividido em em chama-lhe a gente searas, em terras.
[11]
Ia, por exemplo, o guarda da casa
[12]
que estava na casa ia dividir aquilo com umas canas.
[13]
Marcava aqui e além,
[14]
media a passos pela seara
[15]
INF1 Eu amanhava uma,
[16]
a s- a menina amanhava outra,
[17]
aquela amanhava outra,
[18]
amanhava outra,
[19]
cada qual amanhava a sua
[20]
e arranjava a sua.
[21]
INF1 Está a perceber?
[22]
INF1 Antigamente era assim:
[23]
cada qual tratava da sua.
[24]
[vocalização] O milho, quando era de com a acabado de sachar a gente íamos chamava-lhe a gente sachar , era de
[25]
Boa tarde, menina.
[26]
INF2 Boa tarde.
[27]
INF1 Era sachar.
[28]
Claro, íamos dividir
[29]
Aquilo deve ter,
[30]
deve ficar com com um palmo ou ou quase dois palmos dividido um do outro.
[31]
Claro, o milho estava espalhado num monte.
[32]
A gente mesmo com a enxada propriamente cortava
[33]
e sabia aquilo que havia de deixar.
[34]
INF1 Sim, sabia aquilo que havia de deixar, cortar.
[35]
Deixava.
[36]
Que vinha depois outra altura quando ele começava a querer desembandeirar, quer dizer, deitar a bandeira e a deitar a [vocalização] espiga o, a aquela barbazita,
[37]
havia ordem,
[38]
a gente sabia,
[39]
íamos amotar chama a gente amotar , amotar mais alguma erva que estava por dentro.
[40]
INF1 Íamos por dentro do milho,
[41]
isso era apanhar era apanhar barrigadas de suor dentro e e de orvalhadelas de manhã dentro do milho.
[42]
Que o milho [pausa] alto e a gente dentro, era era de matar!
[43]
INF1 Quer dizer, com a enxada.
[44]
Mas era
[45]
E aldrabar.
[46]
E às vezes a passar por aqui e por além, a fazer poeira.
[47]
Era poeira por toda a volta,
[48]
ora veja .
[49]
INF2 Às vezes, até se perdiam uns dos outros, [pausa] dentro do milho.
[50]
INF1 Pois.
[51]
De maneira que o v- o milho era assim criado.
[52]
Depois é claro, vinha o tempo de,
[53]
estava criado,
[54]
estava com a espiga por baixo, e tudo,
[55]
o guarda vinha dar ordem aos donos das searas: "Vai despontar"!
[56]
Despontar era tirar a bandeira.
[57]
INF1 Está a perceber?
[58]
Tirar a bandeira logo rente ali à espiga.
[59]
Tiravam a bandeira,
[60]
deitavam para o chão.
[61]
E depois esse resto, tirar a bandeira, era com o lavrador.
[62]
Depois ia então o pessoal do do lavrador.
[63]
Por exemplos, os homens e as mulheres, íamos atar o pasto, quando ele estava seco, [pausa] atar o pasto.
[64]
INF1 Íamos atar, tirar para fora do, do do milho,
[65]
e depois vinha os carreiros carregar e tudo, levar para o para a quinta, e depois ser empalheirado.
[66]
Quer dizer, empalheirado, metido dentro da das casas, das cabanas, dentro daquelas coisas, porque é para depois se dar ao aos animais para comer, para dar.
[67]
Essa é uma.
[68]
Essa acabou.
[69]
Morreu.
[70]
Comeram-no todo.
[71]
E depois o milho, quando estava capaz de apanhar, havia ordem.
[72]
Vinha o guarda dar as ordens: "Fulano, fulano, fulano, tal dia vão apanhar a seara.
[73]
Apanhar a seara".
[74]
A gente depois tínhamos [vocalização] juntava-se.
[75]
Por exemplo, eu juntava-me com família de casa daqui dessa, ou daquela e daquela.
[76]
Quer dizer, eu ia a minha mulher ia ajudar a elas
[77]
e elas vinham-nos ajudar a nós.
[78]
apareciam quando era preciso.
[79]
Também tinham seara
[80]
e juntavam-se assim.
[81]
E depois ia-se apanhar o milho.
[82]
Íamos de madrugada, de noite, apanhar o milho.
[83]
Ia o homem, ou um rapaz, para acartar aquilo às costas com um cesto para um monte;
[84]
depois vinha vinham os carreiros com os carros, com as caixas,
[85]
carregava-se,
[86]
ia para a eira.
[87]
Chegava-se à eira,
[88]
punha-se no nosso monte.
[89]
Ele chegava ,
[90]
perguntava ao abegão que estava na eira: "Qual é a minha seara"?
[91]
"É aquela".
[92]
A apanhar, toca de desencamisar.
[93]
INF1 Desencamisar.
[94]
[pausa] Desencamisar,
[95]
da- deitavam-se para o coiso.
[96]
Fazia-se, é claro, ali um eirado de milho ali assim.
[97]
Desencamisava-se e tudo.
[98]
Ficava por nossa conta.
[99]
Quando ele estava seco, dizia o bandeiro assim: "Ó fulano, tal dia podes vir malhar a seara".
[100]
A gente íamos para , é claro,

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