Representação em frases
Montalvo, excerto 34
Texto: -
INF Hoje já não há quem queira trabalhar.
[pausa] Olhe que eu ainda hoje andei…
Ainda, com Com oitenta e sete anos, ainda hoje andei mais de uma hora a cavar uma [vocalização] dentro duma vinha, com uma enxada de bicos, com uma enxada de ganchas, com dois bicos, a cavar dentro duma vinha para matar a erva.
Era só porrada nos calhaus.
Deixa estar que não andava em segredo!
Havia lá ali em cima num aqui nuns compadres meus.
Vou [vocalização] Enfim, primeiro vou preparar a terra.
Limpar, cortar o mato, cortar coiso que tem, tirar tudo para fora e queimar.
INF Queimar e tudo e depois mandar lavrar,
ou se é coisa que eu possa cavar, cavar.
Mandar [vocalização] lavrar, acharruar, arranjar.
INF Bom: "Mandei acharruar.
Pode estar descansado que eu sei alguma coisa de ler,
mas letras de vocês não sou capaz de ler.
A minha filha A minha [vocalização] neta quando escrevia para mim tinha que ser: escrever à máquina para eu ler.
Que só sabem fazer é palhaços.
INF É riscos para um lado e riscos para o outro.
INF Mesmo ainda hoje é a mesma coisa.
Só o que sabem fazer é riscos para um lado e para o outro.
Mas, por exemplo, se [vocalização] se é para ficar, para queimar conforme acabei de falar para depois semear,
INF se a cultura a cultura é grande, deixa-se estar uma temporada
e depois passa-se com uma grade por cima,
INF Ao contrário, passou-se assim
e depois atalha-se [pausa] para o lado.
Se é para semear ou se é para arranjar, lavrou-se,
bateu-se depois [vocalização] com uma grade – chama a gente uma grade –;
ou se é coisas de nós à mão, vamos com um ancinho
ou dá-se uma picadela com a ferramenta,
e depois coloca-se da forma que a gente quer, para o que a gente quer.
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