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Alte, excerto 36

LocalidadeAlte (Loulé, Faro)
AssuntoO lenhador e o forno de carvão
Informante(s) Acilino Acidino

Text: -

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[1]
INF1 Ele acabou de arder,
[2]
deixou de fumar, meu grande amigo.
[3]
INF2 Pois Depois isso tem que o tapar .
[4]
INF1 Onde é que se dê – é o que a senhora está a falar – onde é que se dê a boca, depois deixou-lhe um ouvido.
[5]
Conforme a maneira de ele ser carvoeiro pequeno, também convém dois ou três ouvidos ao lado.
[6]
INF2 Pois.
[7]
INF1 Na cabeça da carv- da carvoeira, está a perceber?
[8]
Chama-se uma carvoeira.
[9]
Na cabeça da carvoeira.
[10]
Deixou-lhe aqui, quer dizer, com licença…
[11]
É Eu assim
[12]
[pausa] e aqui em cima, com licença, [pausa] aqui leva, quer dizer, uma feitio de laja.
[13]
Até pode ser duas, três, quatro, cinco pedras.
[14]
Está a perceber?
[15]
É um ouvido.
[16]
Chama-se um ouvido.
[17]
O resfolgadouro, vá, da carvoeira!
[18]
Aqui leva outro
[19]
[pausa] e aqui leva outro,
[20]
e aqui vê-se fogo.
[21]
Nós vamos buscar uma mão-cheia de palha uma mão-cheia de [vocalização] ou de rama,
[22]
INF2 Ou põe
[23]
INF1 qualquer coisa que não se põe dentro.
[24]
Depois, há umas bancas que se levanta com o alferce, do feitio deste [pausa] papel
[25]
e tapa-se, para não afogar a carvoeira.
[26]
Se o a- Se ela é afogada, pois ela é afogada,
[27]
não ardeu.
[28]
INF1 É que nem não pode arder, pois ela afogou-se com a terra.
[29]
Mesmo a terra fina vai,
[30]
[pausa] mata o fogo, está a perceber?
[31]
E não dá nada.
[32]
Morre logo, está a ver?
[33]
E então, nessa altura, como a gente faz?
[34]
[pausa] Trabalhou,
[35]
tapou-a,
[36]
aqui são os resfolgadouros, quer dizer, que é … [pausa]
[37]
INF2 Pois é os ouvidos.
[38]
INF1 Onde é que está o vento,
[39]
aquela coisa;
[40]
a gente marca onde é que está o vento,
[41]
aquela coisa
[42]
e, depois, aquilo vai andando.
[43]
Depois, a lenha vai arder apagada, apagada, apagada, sempre apagada…
[44]
E, depois, quer dizer, isto é um isqueiro,
[45]
for indo apagada
[46]
e fez um carvão.
[47]
Se o patrão que a enfornou ser bom, perceber bem do que está a fazer, pois ficou o madeiro tal e qual a um carvão.
[48]
INF1 E ali arranja muito carvão.
[49]
No caso que não seja assim, pois, aquilo fez-se um moitão de cinza.
[50]
Não tem problema.
[51]
Não tem problema nenhum.
[52]
INF2 Pois é.
[53]
Se não saber r- enfornar, aquilo arde a que ele arda tudo.
[54]
INF1 Deixa estar o resfolgadouro – chamam-lhe chama-lhe o resfolgadouro.
[55]
[pausa] É como nós, quando está a dormir ou como com falta de respiração,
[56]
é a mesma coisa.
[57]
Tem que ter uma respiração para [vocalização]
[58]
INF2 para ser queimado, bem entendido, para respirar.
[59]
Eu não sei ler, homem,
[60]
mas porque eu…
[61]
Falta-me o estudo.
[62]
Eu tenho lá uma filha e um filho que gostava que eles andassem para a frente, que soubessem mais que a minha raça toda.
[63]
Isso sempre eu desejo.

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