Representação em frases

Perafita, excerto 8

LocalidadePerafita (Alijó, Vila Real)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Ácia

Texto: -

[1]
INF O pão vai para o moinho, não é?
[2]
INF Vocês já viram o moinho.
[3]
INF E [vocalização] depois vem moí-.
[4]
Eu até tenho ali ainda f- [vocalização] farinha num saquinho.
[5]
Que de cada passo faço sopinha de farinha.
[6]
Sego as couvinhas miudinhas,
[7]
boto-lhe sal,
[8]
boto-lhe azeite,
[9]
[pausa] a couvinha está cozida,
[10]
[pausa] boto a farinha num tacho,
[11]
[pausa] desfaço-a bem desfeitinha,
[12]
boto-a assim à sopa
[13]
e fica [vocalização]…
[14]
Porque há quem faça assim: bote logo a farinha na panela.
[15]
Depois fica aos beloiros, àqueles beloirinhos.
[16]
Mas eu não.
[17]
Desfaço tudo em água.
[18]
Depois é que boto para a panela.
[19]
Agora o p- [vocalização] para cozer o pão, a gente tem uma masseira – que a masseira já a lá não tenho, já já desfiz, mas tenho a peneira –
[20]
a gente vai,
[21]
peneira para a masseira primeiro arranja o [vocalização] .
[22]
INF Para peneirar o pão, para sair o far- a casca.
[23]
Porque [vocalização] a casca não vai junta com o com o pão.
[24]
Tem que se tirar a casca.
[25]
E depois, a gente vai,
[26]
põe assim na masseira,
[27]
está a água [pausa] bem quentinha – a ferver não, tem que ser numa média, mais ou menos –,
[28]
a gente bota a água,
[29]
faz assim uma pioca na farinha,
[30]
tira logo a que tem que ser para tender, para tender o pão, porque senão pode depois apa- agarra-se às mãos.
[31]
E depois bota-se aquela água quente sobre naquela pioca com o fermento,
[32]
desfaz-se o fermento bem desfeitinho, bem desfeitinho,
[33]
toca a [vocalização] gente a [vocalização] botar água,
[34]
tudo bem amassadinho,
[35]
depois, ó amigo, tem que…
[36]
Até que estoira as mãos.
[37]
Estoira-se a [vocalização] As mãos estoiram no pão.
[38]
INF Amassar o pão, para ele ir para o forno.
[39]
E [vocalização] depois só se deixa de se amassar, desde que ficaram [pausa] as mãos limpas.
[40]
Tem que ficar as mãos as mãos limpas.
[41]
Não pode ficar a m- a massa agarrada às mãos.
[42]
Depois então é que se apanha,
[43]
apanha-se
[44]
e vai-se fazendo assim, aprainando, aprainando,
[45]
pa- bota-se para cima, aprainando,
[46]
depois vira-se daqui para ali, daqui para acolá,
[47]
e depois cobre-se bem cobertinha com um lençol já próprio para cobrir o pão, um cobertor ou uma manta, por cima,
[48]
depois quando ele começa de abrir assim uns g- uns gricheirinhos, assim, e se e que está a abrir, a gente trata de tender.
[49]
Depois, pesa-se [vocalização] – tem a gente ali a balança –
[50]
pesa-se
[51]
e põe-se assim, por ci- por exemplo, por cima desta arca, é uma coisa maior,
[52]
mas põe-se assim aqui por cima, para pesar, só,
[53]
e depois é que trata de se tender.
[54]
Depois dá-se-lhe aquelas voltinhas,
[55]
a gente vai daqui,
[56]
vai dali, tumba, tumba,
[57]
e depois [pausa] vira-se com o de baixo para cima,
[58]
e depois vai a gente assim por a masseira adiante,
[59]
fica assim aquele bolinho muito azado.
[60]
Depois, a gente b- mete-o ao forno,
[61]
tem que ter farinha na pá, porque senão, agarra na pá,
[62]
e mete-se lá para o forno.

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