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Perafita, excerto 35

LocationPerafita (Alijó, Vila Real)
SubjectA rega
Informant(s) Abelardo
SurveyALEPG
Survey year1992
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

Text: -

[1]
INF Porque é preciso ver, vamos lá, a rega; que se a gente tem que andar ao pé dela a regar.
[2]
Porque há terrenos [pausa] que [vocalização] não é dado a gente ir botar a água…
[3]
Que há aí águas que a gente não pode ir vir cá botar e deixá-la lá ficar, que pertencem a outros,
[4]
mas [pausa] pertence de rega.
[5]
A gente tem que vai,
[6]
rega,
[7]
[pausa] anda ali ao pé dela.
[8]
Regou,
[9]
vai tornar [pausa] outra vez.
[10]
Vai botar fora,
[11]
vai botar para onde ela andava, ao caminho que ela trazia.
[12]
E essas águas [pausa] são de particulares, mas que [pausa] têm parte, [pausa] que a gente também tem.
[13]
[vocalização] Mas… Como, têm [vocalização] Temos uma coisa que é de [pausa] do São João [pausa] a 18 de Setembro.
[14]
Aí, as águas, é tudo partilha,
[15]
cada um tem as suas.
[16]
Mas despassa se passa o 18 de Setembro, as águas pertencem só ali.
[17]
A gente só pode vir ir cá botá-las,
[18]
mas é [pausa] para ir regar.
[19]
Se ela lá estiver, a gente: "Olha, eu vou regar aquilo"
[20]
mas depois tem que ir botar para a do vizinho, como na- nas açudas, não é?
[21]
Nós aqui [pausa] não,
[22]
mas temos [vocalização] para trás das, vá aqui te-, para cima, temos muita largueza.
[23]
[vocalização] Já se vê até verde lá cima
[24]
e, olhe, até se vê daqui uma casa, lá.
[25]
Está a ver?
[26]
Para ali temos umas larguezas,
[27]
chamamos chamamos-lhe nós as madorras.
[28]
Aquilo é uma Aqui numa planície grande.
[29]
Já lá têm tem pousado até [pausa] aviões de emergência.
[30]
Já lá pousaram dois.
[31]
Mas aquilo é, é é muito grande,
[32]
é uma largueza muito grande.
[33]
Ora bom, daí tem os nascentes…
[34]
INF Olhe, isto, [pausa] antigamente até diziam,
[35]
nós chamamos madorras,
[36]
mas [pausa] nos livros e coisa – que até espanhóis, eu já fui lá mostrar aos espanhóis – chamam-lhe madorras porque têm tem lá [pausa] montes, que era dos mouros.
[37]
Ali, há alguns há uns tempos, tra- travaram guerras.
[38]
INF Os madorros há.
[39]
INF São montões assim de terra, para cima…
[40]
Tinha [pausa] pedras, à moda de [vocalização] de coiso.
[41]
Bem, uns dizem que – mas aquilo diz que foi tudo aberto – diziam que antigamente [pausa] que, nas guerras, os [vocalização] dos mouros, não é, [pausa] que enterravam lá as, os os grandes.
[42]
E depois faziam aqueles…
[43]
INF Têm Tem pedras, assim grandes.
[44]
[vocalização] Bem, alguns já os desfizeram,
[45]
mas ainda lá há muitos assim, com aqueles rasgos, e ainda com pedras [vocalização]…
[46]
Mas havia muitos.
[47]
INF Não, ainda há muitos que não.
[48]
INF Lá é.
[49]
[vocalização] É plano, é.
[50]
É mais praino do que isto aqui.
[51]
[pausa] Ah, vai lá o carro!
[52]
INF Olhe, vocês querem ir ver?
[53]
INF [vocalização] Vocês, se quiserem ir ver, não se enganam nada.
[54]
Vocês chegam ao Pópulo,
[55]
[pausa] há lá um há lá um restaurante
[56]
[pausa] e há a garagem do C- do Agripa.
[57]
Ora bom, [pausa] quem vai daqui, antes de chegar ao Agripa, há uma estrada florestal para cima.
[58]
Metem-se por essa estrada fora…
[59]
INF Para a esquerda, para a esquerda.
[60]
INF Vocês metem-se por essa estrada acima,
[61]
[pausa] vocês vão ter…
[62]
Lá vêem vê as pla- as plainas
[63]
e lá vêem vê os tais ma- [pausa] madorros, os montões.

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