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Ribeiras, excerto 9
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mas quase sempre morre com a cabeça direito ao pôr-do-sol – quase sempre, quase sempre!
Bom, há-de haver ele talvez alguma que não,
mas ele são raras as que falham.
Quase sempre morrem com a cabeça direito ao [pausa] pôr-do-sol.
Já revirei algumas vezes, duas ou três vezes,
e por lá também já quebrei.
Mas batem às vezes no bote
e a gente Ruído de palmas da mão a baterem uma na outra são enviados.
Mas, graças a Deus, até aqui nunca me pisei.
Agora o, o, o filho daquele o irmão daquele, já se pisou.
Levou uma boa pisadela boa
e até agora ele anda no doutor por causa disso.
Mas eu, felizmente, ainda nunca me pisei na baleia.
Uma vida um bocadinho arriscada, mas cá a gente começa de pequenos, nesta vida, rapazinhos novos.
INF1 À proa tinha dezanove anos.
Comecei a ser trancador de baleia.
Arreando de trancador de meu pai.
Era praticamente um rapaz.
E depois aquilo ficou-me a modos no sangue.
Gostei sempre desta vida.
À vezes até Às vezes, vê o homem da baleia [pausa] um super-homem.
Somos criados mesmo naquilo.
E é de forma que a gente habitua-se àquilo
acha que aquilo é mesmo um desporto
Quer dizer, embora até aqui tenha sido um bocadinho mal remunerado,
Agora sempre há mais um uma coisinha.
Temos [vocalização] o azeite que agora está mais bem pago,
sempre agora a coisa sempre vai a estar melhor.
Mas é claro, há também pouca gente,
a dificuldade é de gente!
Isto já houve aqui nove botes a arrear.
[pausa] E hoje [vocalização], hoje há só um.
E, às vezes, há dificuldades ainda para um só.
Da forma que isto já foi!
Quer dizer, já foi mesmo o pão desta freguesia, o ar-, ba- a baleia.
Já foi o pão da freguesia.
Claro, veio as outras vidas, como a albacória…
E sem ser a albacória, houve esses emigrantes .
A freguesia foi evoluindo
e, é claro, deixaram o mar da vida da baleia,
mas [pausa] mas [vocalização] a vida da baleia, já quando eu era rapa- eu quando era rapaz era o pão da freguesia.
INF1 Pois, isso, sabe, os novos, [pausa] vai aprendendo alguns
mas é desses que não vão para albacória, porque a albacória está a dar mais.
INF1 Creio que agora talvez não, porque agora a coisa o preço do azeite veio para cima um bocado muito grande.
INF1 Pois não sei, senhora.
Isto a [vocalização] está um bocadinho baixo.
Ora, a gente [vocalização] aqui, eu mais o irmão daquele, pois [vocalização] pegámos nisto
e temos vontade que isto se aguente.
E vamos tentar isto ague- aguentar isto.
E não posso precisar se daqui a um ano, ou dois ou três, isto não esteja melhor do que o que está agora.
Até o- Até o azeite como é que vai, pode calhar isto daqui a dois ou três anos estar melhor que o que está agora.
[pausa] É só [vocalização] Resta pouco.
Ossos e [vocalização] coiso, isso é tudo derretido,
tudo dá [pausa] farinhas e azeites e [vocalização]…
INF2 E o mais apreciado é é o marfim dela.
Hoje em dia está-se pagando já bem:
a dois contos e tal, cada quilo;
a dois contos e tal e até já dizem que a três.
Até já houve uma [pausa] proposta nas Flores, creio eu, a [vocalização] a cinco.
Mas a gente estamos-se a referir ao quilo.
INF1 E da grada, nas Flores, a grada, disse-me o senhor Barnabé, que [vocalização] a baleia grada que um quilo de dente, que estava a ci- a cinco contos; e o da miúda a três.
INF1 Tem sido Tem sido uma coisa em grande.
INF2 Isto [pausa] se a albacória descesse um pouco…
Que a gente [pausa] temos anos de crises também de pesca de atum.
Se ela diminuísse um pouco, pois esta ia progredir mais um bocado.
INF1 Bom, nunca era uma maravilha porque [vocalização]…
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