Sentence view
Bandeiras, excerto 27
Text: -
showing 101 - 200 of 196 • previous
Ai, eu levei tanto tempo, eu tola, com sono
e não queria dormir, porque estava sempre lembrando que ela que podia não esquecer-se de tomar fôlego.
Mas à conta de Deus está aqui, coitadinha,
já é uma amiguinha duma pessoa.
INF2 Ai, eu punha-lhe sempre as minhas fraldinhas.
Mas, sempre precisei de trabalhar, que eu sou uma pessoa que saio muito,
paro pouco tempo em casa.
Tem que se ga- A pessoa é pobre,
tem que se ganhar a vida!
Olha, levava levava o bercinho para casa de minha mãe,
atravessava-lhe uma tabuinha por baixo do berço,
pedia a qualquer pessoa que passava pelo caminho para me ajudar.
Mas não deixava de não lhe dar o seu banhozinho de manhã – só [vocalização] adoçar o cuzinho –, pôr-lhe a sua fraldinha,
e usava as suas calcinhas plásticas.
Mas ia sempre com o seu biberonzinho, com as suas papinhas, ou o tachinho, outra vez, com outras preparadinhas para a minha mãe lhe dar, para as onze horas, e as suas fraldinhas sempre lavadinhas e passadinhas a ferro, tudo na os pés do bercinho, para eu poder levar tudo à cabecinha,
e lá ia eu com a minha malinha na mão para ir trabalhar para a fábrica.
Agora a minha pequena era muito boazinha!
INF2 Não era muito pequeno,
Agora eu é que era valente!
Por isso é que podia bem com o berço.
e então era de madeira boa, de madeira de castanho.
INF2 Ah, ainda há esse berço, parece-me que em casa da minha tia Carolina, não é?
INF2 Está em casa da tia Carolina.
INF2 Criou uma mancheia de famílias o tal berço.
Criou cinco ou seis filhos dela.
E criou os nossos seis filhos – a gente é que éramos irmãos, que era a minha mãe, que isto é uma irmã [vocalização] de minha mãe –,
e criou os seus seis filhos.
e ainda emprestaram a umas de fora, assim como a Hermínia,
e emprestaram para meu irmão Belisando também, que criou dois…
O que aquele berço tem criado de de famílias!
Mas a madeira era muito boa!
Mas penei muito [pausa] para a criar.
Eu vinha da fábrica [pausa] fazer a minha comida para tornar a ir no outro dia,
e lavava a minha roupinha,
mas também às onze da às onze horas da noite, eu acendia o meu ferro com as su- com as minhas brasas,
e em cima duma caixinha em cima duma caixinha, eu passava a roupa toda da minha filha.
E ela nunca vestiu peça de roupa que não fosse passada ao ferro!
Agora já Agora já vai, que umas sobrinhas às vezes dão, ou coisa assim mais passageira, ou uns nylons, ou coisa assim,
Mas em pequenina nunca vestiu peça de roupa que não fosse passada a ferro.
Nunca lhe pus uma fraldinha que fosse!
Mas ela então também era muito limpinha!
De sete meses, nunca mais usou fraldas!
Fiz-lhe as suas calcinhas de calção- de calçãozinho com os seus elasticozinhos…
Porque tinha-lhe feito muitos poderes,
ia mesmo ao bacio ou a uma selhinha,
aquilo com uma camadinha de sabão, lá se punham num malheirinho [pausa] a enxugar,
e nunca mais me deu trabalho a lavar fraldas nem a coar as fraldas.
Que as fraldas são muito engraçadas,
Sendo encardidas, velhas, não se podem ver.
Mas então tinha a minha presunção de a criar bem criadinha!
Agora já nem me esquece bem como era as cantigas,
mas às vezes dizia também qualquer tolice.
Nunca foi pequena de pegar no sono no colo.
Nunca pude ir a lugar nenhum, fosse a um baile, ou a um lugar qualquer, porque ela nunca se acertava para pegar no sono no colo.
e punha-se de bruços, com os joelhos em cima das pernas
e nunca havia maneira de pegar no sono.
Que a gente quando pega numa criança, a gente deita-a por cima do bracinho fora,
e ela fecha os olhinhos para pegar no sono.
Esta nunca pegava no sono.
INF2 Eu já nem sequer me recorda o que é cantar.
Edit as list • Text view • Sentence view