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Camacha, excerto 16

LocalidadeCamacha (Porto Santo, Funchal)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Acidália Afonso

Text: -


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[1]
aquela coisa e sentia-se mesmo [vocalização] o peso de do pão
[2]
e quando estava cozido, tirava-se e abafava-se;
[3]
partia-se para o almoço, ou com peixe, ou com carne, [vocalização] o nosso santo pão.
[4]
Sim.
[5]
Eu faz [vocalização] no sábado quinze dias, eu amassei.
[6]
Faz agora sábado quinze dias, eu amassei.
[7]
INF1 Onde é que está, minha querida?
[8]
INF1 Não havia.
[9]
INF1 a batata-doce
[10]
mas está quase a quatrocentos escudos.
[11]
INF1 Antigamente quem tinha de casa [vocalização] misturava.
[12]
Amassava Cozia-se a batata,
[13]
pela- descascava-se
[14]
e depois ama- [pausa] amassava-se separado
[15]
e depois é que se deitava no pão.
[16]
Limpava-se bem limpinho para não levar
[17]
INF1 Ficava.
[18]
Du- Dura mais dias [vocalização] o pão mais fofo.
[19]
E havia-o a maior parte do tempo era sem batata, minha filha, porque não havia batata.
[20]
INF Ah, não põem?
[21]
INF1 Além no Funchal, aquela mai- aquela parte mais das freguesias, acho que estão assim mais acostumadas a coisa.
[22]
INF1 Mas eu tenho visto pão das freguesias, ou é ele não [vocalização] não lhe dão o fermento [pausa] que deve de ser, ou eu não sei
[23]
INF1 É o crescento para
[24]
INF1 É o crescentinho que fica sempre.
[25]
E [vocalização] quando a gente quer deitar um pedacinho de fermento inglês, [pausa] nunca se deita no crescento, o fermento inglês.
[26]
INF1 É à parte, junto com a farinha.
[27]
Porque o fermento inglês, indo para o crescento, apodrece mais o pão, mais depressa.
[28]
Aquele crescentozinho que a gente temos, tem que ser sempre, sempre, sempre do [vocalização] nosso de casa.
[29]
Não le- Não tem que levar fermento nenhum.
[30]
Agora a farinha , pode-se-lhe deitar fermento inglês, [pausa] porque [pausa] antes de, de, de [vocalização] de amassar o pão, tira-se outra vez o crescentozinho, do fermento que se fez à noite.
[31]
INF1 Para guardar
[32]
. E é assim.
[33]
INF1 Era, fa- [vocalização] Era de trigo,
[34]
é de trigo ou de cevada.
[35]
Minha mãe chegou a amassar pão de cevada [pausa] e bolo de cevada
[36]
INF1 E bolo de centeio , que havia pouco centeio,
[37]
mas havia gente que mesmo não fazia.
[38]
Dizem que [vocalização] o centeio [pausa] com o{fp} com a cevada que ficava o pão melhor.
[39]
Mas meu pai nunca fazia assim grandes porção de centeio que chegasse a debulhar para fazer centeio para mandar moer.
[40]
Havia gente que fazia.
[41]
Aqui não é
[42]
Porque isto este aqui à parte ou no campo de aviação, como eu, eles têm um sítio, que era o sítio das Areias, que era onde a minha mãe morava.
[43]
Mas eu casei-me, à conta de Deus,
[44]
vim para a minha casa
[45]
mas isto não estava assim,
[46]
quando eu me casei, era [vocalização] dois quartos e uma cozi- e a [vocalização] cozinha.
[47]
Depois é que o meu marido aumentou mais esta coisinha.
[48]
E eu daqui [vocalização], [pausa] eu não via a casa da minha mãe.
[49]
Porque aqui à nossa frente, tinha um alto,
[50]
[pausa] tinha um moinho de vento
[51]
e eu não via a casa da minha mãe!
[52]
Andava para o caminho,
[53]
saía daqui,
[54]
andava para o caminho,
[55]
depois cortava no caminho velho que se sabe que que era antes do do aeroporto
[56]
e, então, é que andava de roda e [vocalização] chegava à casa da minha mãe.
[57]
Era perto,
[58]
era os seus dez minutos.
[59]
Mas não se via a casa da minha mãe porque fazia um alto,
[60]
tinha um moinho de vento
[61]
e tinha terras de lavoura e tudo.
[62]
INF1 Então não da- não dava centeio?
[63]
Acolá, aquela parte de areia que dava centeio que eu tinha um tio que dava centeio, até f- serravam-lhe a [vocalização] a espiga
[64]
e do resto, faziam esteiras
[65]
e faziam barracas, na rua, [pausa] minha senhora.
[66]
Mas agora acabou tudo.
[67]
Mesmo acabou as pessoas que faziam isso
[68]
[pausa] e as nossas chuvas não têm ajudado.
[69]
INF1 As nossas chuvas não têm ajudado.
[70]
E agora tudo se importou
[71]
e tudo quer ser empregado,
[72]
tudo quer ser empregado
[73]
e ninguém quer trabalhar.
[74]
[pausa] Ninguém quer trabalhar.

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