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Pedras de São Pedro, excerto 23

LocationPedras de São Pedro (Vila do Porto, Ponta Delgada)
SubjectA ceifa, a debulha e a desfolhada
Informant(s) Idalécio
SurveyALEPG
Survey year1996
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF [vocalização] Eu praticamente não tenho grandes ideias,
[2]
porque eu era miúdo nesse tempo.
[3]
[vocalização] Por exemplo, [vocalização] pr- principiava pela seguinte maneira:
[4]
havia um bocado de terra muito direitinha, de pasto e [vocalização] muito direitinho,
[5]
e se chovia, a gente amarrava as reses todas pelo pescoço
[6]
chama-se uma cobra.
[7]
INF Cobra do gado.
[8]
E amarrava-se.
[9]
E a gente aguava bast-.
[10]
Se chovia, não precisava;
[11]
se não chovia, aguava-se aquele terreno com a água numa pipa, e aquele gado a andar para trás e para a frente, para trás e para a frente, até ficar um ladrilho bem Ruído de palma da mão a bater numa superfície plana [pausa] bem firme.
[12]
É.
[13]
INF E depois quando se acabava aquilo tudo, varria-se com um ramo
[14]
e então é que se estendia o trigo.
[15]
INF Escangalhava-se o molho
[16]
e estendia-se [vocalização].
[17]
E havia uns trilhos que se chamava trilhos que era umas tábuas três tábuas , e agora aqui da frente levantava assim um bocadinho.
[18]
[pausa] Talvez o senhor tenha ?!
[19]
INF Exactamente.
[20]
porque isto aqui era em redondo.
[21]
INF As pontas, eram em redondo.
[22]
Era isso mesmo.
[23]
E tinha mais uma travessa aqui;
[24]
em vez de ser aqui, era aqui.
[25]
INF Três Três travessas.
[26]
INF E puxado [pausa] com o pelas vacas ou bois, ou [vocalização] uma égua, aquilo que havia,
[27]
INF sempre de roda, sempre de roda sem-.
[28]
Isso por baixo tinha pedras.
[29]
INF Que era para ir cortando, cortando, cortando.
[30]
Depois de bocado a bocado, dava-se uma volta
[31]
chamava-se volta de forquilha ,
[32]
mexia-se o coiso,
[33]
sacudia sacudir e coiso.
[34]
E dava-se duas, três voltas,
[35]
e depois era de .
[36]
estava aquilo tudo miudinho, tudo miudinho,
[37]
era da-, dav- dar a volta de .
[38]
Tornava-se a dar
[39]
e depois empilhava-se
[40]
empilhar era ajuntá-lo todo para um monte.
[41]
INF Era [vocalização], quando o co-, o cal- Chamava-se calcadoiro, quando era muito.
[42]
Ele quando era muito, era mesmo com um rodo e os bois a puxar tudo para um monte.
[43]
Uns a aguentar por baixo e os bois a puxarem, a fazer o monte.
[44]
E depois acabava-se de ajuntar
[45]
e depois com as forquilhas é que se ia limpando, com o vento.
[46]
INF [vocalização] Limpando.
[47]
INF Aquilo que o vento levava chamava-se a palha.
[48]
É.
[49]
INF O calcadoiro era um bocado
[50]
Ele [vocalização] a gente, por exemplo, hoje o calcadoiro é grande.
[51]
Tinha mais [vocalização]
[52]
Tinha uns dois carros de trigo, quando havia ele se era três, quatro trilhos [vocalização].
[53]
INF Se era um calcadoiro pequenino, de dois trilhos, a gente dizia: "Ah, o calcadoiro hoje é menos".
[54]
INF [vocalização] Era.
[55]
INF Era.
[56]
Ele a gente A gente punha aquilo que cabia.
[57]
INF Porque ele [vocalização] quem tinha vá- várias terras, tinha que fazer ali chama-se fis fiscais os montes.
[58]
INF Chama-se fiscais.
[59]
E tinha que se fazer vários fiscais por causa que não se podia debulhar tudo num dia
[60]
e também o fiscal não poderia ficar aberto
[61]
porque podia chover
[62]
e entrava-lhe água.

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