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Santa Justa, excerto 35

LocationSanta Justa (Coruche, Santarém)
SubjectO oleiro
Informant(s) Dagoberto
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Então nós íamos tirar o barro.
[2]
Arrancávamos o barro do chão.
[3]
[vocalização] Aquilo o barro, [vocalização] n- não está logo ao nível do terreno, não é?
[4]
Aquilo tem outra, tem outra, outro outro tipo de terreno por cima, não é?
[5]
Pode ter areia,
[6]
pode ter pedra,
[7]
pode ter
[8]
E então tem que ser todo limpinho, a pontos de não não trazer [vocalização] impureza nenhuma.
[9]
Nós até usávamos depois assim uma vassoura áspera,
[10]
e depois mesmo de estar limpinho, ainda o varríamos todo com essa vassourinha áspera para ver se ele vem quanto mais limpo melhor.
[11]
Porque a gente [vocalização], para fabricar o barro, se tiver [vocalização] pedacinhos de de pedra ou qualquer coisa [vocalização], a peça pode ficar até rota, não é?
[12]
Tinha que ser [vocalização] o máximo cuidado logo na limpeza.
[13]
Depois chegávamos ,
[14]
o barro vinha em blocos grandes não é?,
[15]
chamávamos a gente em torrões grandes, em blocos grandes
[16]
esses blocos era tudo depois, com com um martelo,
[17]
era tudo tudo desfeito para ficar em em pedaços pequeninos não é? , para ficar em coisas pequeninas para ele derregar.
[18]
E [vocalização] no momento em que fazíamos isso tinha que ser todo escolhido.
[19]
Que o barro era tirado em zonas que muito sobreiro
[20]
a nossa zona aqui está muito povoada de sobreiros.
[21]
Era tirado em zonas de muitos sobreiros,
[22]
depois vinha muito bocadinho de raiz dos sobreiros agarrado.
[23]
Tinha que ser todo esboroado e todo escolhido, todas aquelas raizinhas.
[24]
Porque não sei se estão a ver:
[25]
se, por exemplo, numa peça daquelas, ficar ali um bocadinho de raiz, ali, depois vai ao fogo,
[26]
arde,
[27]
fica um buraquinho.
[28]
Tem que se ter o máximo cuidado!
[29]
Depois ainda era passado, através dum duns tan-
[30]
O ba- O barro depois ia para o barreiro,
[31]
era desfeito
[32]
e depois ainda era passado através duns duns tanques passado por um coador para todas as impurezas que não que não se encontraram ao ao escolher ainda ficarem ali naquele ralo.
[33]
Depois é que era é que se ia
[34]
Depois tinha que estar ali uns dias, uns determinados dias, para ganhar assim uma certa temperatura, mais rijo, não é?
[35]
Porque depois quando saía de estava muito mole.
[36]
E E depois é que se ia tirando dali para se ir fabricando.

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