Representação em frases
Santa Justa, excerto 51
Texto: -
[pausa] Morderam-me cinco.
INF Eu, por acaso, o último que me mordeu, [vocalização] eu mor-…
O primeiro que me mordeu não não lhe fiz nada.
Foi só chorar as vinte e quatro horas cheia de dor, com a perna no ar, que não lhe fiz nada.
fui calçar um sapato velho, que ele dantes não havia sapatos.
A gente em bem apanhando um sapato, enfiávamos lá os pés dentro.
[pausa] E eu fui calçar aquele sapato
e tinha lá um alacrau dentro.
Ora, aquilo foi morder ali até [pausa] – até lhe apetecer!
[pausa] Foi uns sa- uns sapatos até de dos meus irmãos, ou não sei de quem, uns sapatos grandes.
[pausa] Depois o alacrau mordeu-me.
Ele não havia outro remédio!
A gente não sabia certas coisas, agora já…
[pausa] Mas depois morderam-me mais quatro.
[pausa] Três eram pequeninos.
Aquele é que ele me doeu muito!
E este último que me mordeu, foi numa altura que eu fiz aqui estas casas aí, as as primeiras casas.
[pausa] Fui ali buscar um pouco de tijolo
a gente andava sempre descalços –,
e debaixo do tijolo estava um alacrau.
Mas depois ali uma mulherzinha assim mais de idade ensinou-me uma mezinha para lhe eu fazer.
não sei se vocês conhecem isso, se quê.
Era sulfato de cobre – [vocalização] uma pedrinha derregada ali numa pinguinha de água –
[vocalização] Ali onde o alacrau mordeu, banhar o pé ali naque- com aquela água.
Não sei se foi disso se se o que é que teve de ser.
Mas se calhar sempre foi, pois,
Mas as vinte e quatro horas doeu-me sempre à mesma.
Não era era dores desensofridas.
Mas o primeiro que me mordeu, aquilo foi dores do pior!
Toda a noite chorei e todo o dia!
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