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Couço, excerto 64

LocationCouço (Coruche, Santarém)
SubjectOfícios, profissões e outras actividades
Informant(s) Danilo
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Text: -


[1]
INF Bem sei.
[2]
Era a manteeira.
[3]
Chamava-se a manteeira.
[4]
Fazia o Assentava o comer.
[5]
Era a manteeira.
[6]
Era a manteeira.
[7]
Chama-se
[8]
INF Era uma senhora que fazia o comer.
[9]
Era uma mulher contratada pelo lavrador que fazia e que era a manteeira.
[10]
INF Era o capataz.
[11]
[vocalização] Era o abegão.
[12]
Chama-se o [vocalização]
[13]
INF O abegão é o que mandava a lavoura toda.
[14]
Ia à lavoura,
[15]
falava ao pessoal,
[16]
ia ao capataz ver os capatazes, os manageiros.
[17]
Chamava-se
[18]
INF Os manageiros regulavam
[19]
Os manageiros orientavam davam as horas ao pessoal
[20]
e orientavam o serviço.
[21]
Quando ia um que que não sabia, o manageiro, o capataz punha a parelha
[22]
e ia ensiná-lo como é que se trabalhava, [pausa] por exemplo, a ceifar, a cavar, a armar a horta, essas coisas.
[23]
[vocalização] O abegão ia ensinar os trabalhadores.
[24]
O abegão era um homem que sabia de todos os serviços:
[25]
sabia semear
[26]
[pausa] Sabia semear
[27]
Semeava-se com um com um saco, chamava-se o sementeiro.
[28]
INF Chamava-se o sementeiro.
[29]
Ia o abegão
[30]
e era o semeador,
[31]
ia orientar,
[32]
ia mandar embelgar.
[33]
Era belgas com cinco passos para se semear.
[34]
E então o abegão ia orientar,
[35]
e o boieiro é que ia a abrir os regos, umas belgas com cinco passos, que era para semear, que era para alcançar
[36]
E depois ia o semeador.
[37]
O abegão orientava isso tudo.
[38]
Via se o semeador semeava bem, se semeava mal;
[39]
se ele via que ele que semeava, ensinava,
[40]
dizia: "Ó fulano, afrouxa mais
[41]
ou vai mais porque este bocado de terra come mais semente, aquele come menos",
[42]
e era isso tudo.
[43]
O abegão é que é que era o homem,
[44]
tinha de ser o homem que sabia de tudo da lavoura.
[45]
Sabia como a terra havia de ser lavrada.
[46]
Havia de Por exemplo, uma uma terra, andava-se a lavrar,
[47]
uma terra dava para um lado
[48]
e tinha [vocalização] a metade da outra terra
[49]
dava para outro lado.
[50]
A belga dava, por exemplo, para dois lados.
[51]
O abegão en- ensinava [vocalização] o homem dos bois;
[52]
o boeiro ia,
[53]
abria o rego para outro.
[54]
E depois semeavam.
[55]
Quando andavam a semear, a terra estava embelgada
[56]
e cada um semeava pela sua belga.
[57]
Quando semeavam todos juntos, chamava-se semear à picola à picola.
[58]
Semear
[59]
Mas semeava, geralmente, pouco.
[60]
Nessas Nessas grandes lavouras, ninguém eles não semeavam à picola.
[61]
Havia lavouras ali em Montargil que [vocalização] semeavam à picola.
[62]
Mas aqui não.
[63]
Aqui no Sorraia era:
[64]
cada junta de bois por três, quatro belgas.
[65]
E iam E iam para outro lugar, outras belgas.
[66]
O abegão andava sempre para orientar;
[67]
e o boieiro pa- [vocalização] ensinava os outros que que eram mais fracos.
[68]
E o abegão andava sempre toda a.
[69]
Acompanhava toda a sementeira.
[70]
Era um homem que sabia,
[71]
tinha de saber tudo,
[72]
era um homem
[73]
Tanto que nessas lavouras, era um homem que estava habilitado e que percebia de tudo.
[74]
Era um homem que percebia de tudo.

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